garoa

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Uma garoa cai suavemente
Estou olhando pra fora
A mesma paisagem imutável
Parece que parei no tempo
Tudo um pouco mais triste
Eu estou caindo
Esperando que a brisa mude
Meus pés estão enterrados
Tão profundamente no chão
Não sei se poderia
O céu encoberto sem esperança
Me esmaga mais e mais
Como deve ser estar lá?
Poder cruzar os céus
Pelo menos uma vez
Uma chama que já se apaga
Mas não iluminou nada
Um pássaro que não voa
Quase nada parece bom
Uma alma estéril
Não pode ser agradável
Improdutiva e seca
Olhando as coisas ao redor
Como se pudesse toca -las
Delas fazer parte, iludida
Distante e triste e solitária
Engana se um pouco mais
Estampando um sorriso
Repetindo que dias melhores
Virão de um jeito ou outro
Sua existência tão fugaz
Ela sabe tanto e tão profundo
Quanto um corte na carne
No silêncio de uma manhã
Quando todos ainda dormem
Alguns dias são pesados demais
Estou procurando o sentido
Das torturas cotidianas
O vento sopra gentil pra mim
Trazendo gotas frias de garoa
Um pequeno alento
Um respiro tão doce
Talvez suficiente pra esta noite
Pra passar por mais uma noite
Enquanto olho minhas mãos
Fico me perguntando por que
Não sou capaz de segurar
Nada ao meu redor
As coisas escorregam como areia
Um pouco preocupante
Mais quem se importa?

poemasOnde histórias criam vida. Descubra agora