Carta nº9

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Lorena, 27 de setembro de 2016

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Lorena, 27 de setembro de 2016.

Eu sai correndo. Não sei o que você pensou. Não sei nem mesmo o que eu pensei. Eu só agi por impulso e corri para longe de você.

Dessa vez foi físico e visível, mas eu venho correndo de você há algum tempo. Te tirei do snapchat, parei de te seguir no facebook e no instagram, apaguei seu número da minha agenda e fiz questão de esquecer a placa do seu carro. Andar pelas ruas reparando nos carros como o seu, reparando nas placas parecidas com a sua, foi um habito difícil de largar. Eu consegui.

Eu costumava dizer para algumas amigas que era fácil superar um cara, pra mim sempre fora. Minha tática era me concentrar em um defeito da pessoa, fosse o que fosse. Sempre que eu me lembrasse da pessoa, a primeira coisa que viria na minha cabeça era esse tal defeito.

Por muito tempo eu me senti segura com isso. Construí um muro, tinha minhas defesas e meu foco no futuro, até que você apareceu. Foi sorrateiro e ao mesmo tempo intenso demais. "I fell in love the way you fall asleep: slowly, and then all at once", como diria John Green.

A partir daí eu já sabia que aquela tática não funcionaria, pois o problema desse tipo de paixão é não querer enxergar os defeitos. É se fazer de cega e deixar pra lá coisas que não se deixam pra lá (você sabe muito bem das coisas que estou falando). E é ai também que se encontra a grande diferença entre amor e paixão (por isso que eu sei que não te amei): no amor você vê os defeitos e você trabalha com eles, os dois lados tentam em conjunto minimizar e/ou aceitar as falhas - as grandes e as pequenas.

Foi difícil de esquecer por isso. Eu não conseguia pensar em um defeito que fosse tão grande a ponto de não te querer de volta. Quando eu pensava em você, lembrava do seu perfume e de como ele ficava marcado no meu travesseiro; pensava até mesmo no seu modo de andar, meio inclinado com jeitinho de malandro, que para mim era uma graça; pensava no sorriso com os dentes brancos e os lábios grossos, lábios que adoravam deixar beijos arrastados pelo meu pescoço, ombro, costas... Mas defeito nenhum me vinha a cabeça.

A maneira como eu me tornei dependente de você para poder sorrir, e como você jogava comigo sabendo da minha fidelidade e honestidade, era assustadora. Muito. Onde foi parar a garota que acreditava que poderia ser feliz sozinha?

Quando nos conhecemos eu te disse que sentia muita energia negativa acumulada à sua volta e eu pensava que poderia te tirar dessa. Foi o contrario, você quem me arrastou pra esse turbilhão de emoções emboladas, pouca fé e muita confusão.

Era um ninho de fios que se emaranhavam à minha volta, como se eu estivesse no olho de um furacão de coisas mal resolvidas. Foi horrível, não só por tudo isso, mas principalmente por você menosprezar tudo.

Por isso o ponto final. Não na nossa historia, pois essa já teve seu ponto final há um bom tempo. E sim no meu apego a tudo isso e nas perguntas que rodaram minha cabeça por muito tempo: e se eu tivesse feito diferente? E se eu tivesse dito sim? E se eu tivesse falado menos? E se eu tivesse exigido mais? E se eu tivesse sido mais forte para te tirar do turbilhão ao invés de ser arrastada para dentro dele?

Acabou! Com ponto de exclamação e tudo mais.

Não quero nunca mais precisar escrever uma carta implorando para você não deixar não as coisas ruins nos afetarem (1). Para te dizer que não quero ouvir o papo de momento certo (2). Para expressar tudo o que eu queria te dizer já que não me sentia confortável em dizer na sua cara (3). Para listar como seria mais fácil se eu não tivesse me apaixonado (4). Para desabafar o que sentia quando se tratava de você (5). Para constatar como eu merecia muito mais que suas migalhas (6). Para finalmente aceitar que eu fui sua joaninha (7). Para listar todas as razões de como você me perdeu (8), que também são as coisas que eu não mais vou aceitar que se repitam comigo.

Acabou!

Eu ainda posso não compreender, mas acredito que isso acontecerá num futuro não muito distante. O que importa é que, hoje, eu sei e aceito que sou intensa. Não sirvo para o meio termo. Me apego a detalhes. E pontos finais para mim são definitivos.

Por isso corri de você. Pra mim acabou e pronto. Ponto final.

PS: Apesar de tudo parecer um experiência ruim, não tivemos somente más experiências e eu não me arrependo

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PS: Apesar de tudo parecer um experiência ruim, não tivemos somente más experiências e eu não me arrependo. Você não a faz a mínima ideia de como tudo isso me fortaleceu, de como agora eu consigo me posicionar melhor em relação ao que eu quero e a quem eu sou. Eu me descobri de maneiras que não imaginava e eu aprendi a aceitar coisas em mim que antes me assustavam. O ponto final na nossa história foi seguido de um novo capitulo na minha jornada.

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Cartas Sinceras ao Primeiro Cara que Partiu meu Coração [finalizada]Onde histórias criam vida. Descubra agora