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Estela.

Nós haviamos acabado de chegar em casa. Minhas mãos suavam e eu estava nervosa, eu não queria ver a reação da minha mãe ao eu falar para ela o que aconteceu, eu não quero lembrar do que aconteceu. Cada vez que eu conto para alguém o que aconteceu é como se eu estivesse revivendo a cena, é tão díficil de entender o fato que eu quero esquecer essa merda?

—Pronta?—Hayes pergunta e eu nego.
—Vamos.—Ele fala me ajudando a descer.

Entramos na casa e todos vem me abraçar aliviados, e eu fico assustada. Ultimamente qualquer movimento brusco anda me assustando.

— Ainda bem que minha filha está bem!—Fisicamente sim, mentalmente não.

— Claro, tô ótima.

— O que aconteceu?—Ela pergunta assim que me sento. Pego meus fones de ouvido e ligo numa música qualquer, eu não quero escutar isso novamente. Vejo as feições da minha mãe e dos meninos, e Sophie levanta com raiva, e eu olho para o chão. Vejo Hayes tentar chamar minha atenção, e ele me pede para tirar os fones, e eu faço.

— A gente tem que denunciar esse cara!—Cameron explode.

— Ele não pode ficar impune!—Soph concorda, e eu olho para o chão.

— Eu não quero ver ele...—Falo e toda atenção se volta pra mim.— Por favor, não me obriguem a ver ele novamente...

Mafe vem até mim e me abraça, e eu começo a tremer.

— Você não vai precisar ver ele, princesa.—Hayes fala, acariciando meu cabelo.—Mas ele não pode ficar solto, imagina se ele fizer isso com outras meninas?

Assim que ele fala isso, meu coração erra uma batida. Nenhuma menina merece passar do que eu passei, e eu não posso deixar isso acontecer.

— Vamos na delegacia. Agora.—Falo assustando todos.—Vamos, o que estão esperando? Quem vai comigo?

—Eu vou.—Sophie diz indo até o carro comigo. Por ela ter 17 anos, ela já tem carteira de motorista já que nos EUA eles podem dirigir com 16.

Ela começa a dirigir, com os vidros abertos e eu começo a batucar os dedos na porta.

— Estela.—Ela fala chamando minha atenção.—Eu sei que você não está bem.

— Eu não sei.—Falo bufando.—Eu to me sentindo fraca, e com medo. Todo movimento rápido demais me lembra o acontecimento, e quando alguém me chama de amor eu fico irritada. Eu tô me sentindo suja, e no meu último banho eu fiquei duas horas esfregando minha pele pra ver se essa sensação passava. Não passou. Eu sinto dores quando tocam nos lugares em que ele tocou, mesmo não tendo nenhum machucado. Tudo me assusta, principalmente a possibilidade de ter que encarar ele de novo.

— Ei. Tá tudo bem, isso é normal. Você desenvolveu uma síndrome de pânico pós-traumática. É comum acontecer isso com vitimas de abuso sexual. Um abuso deixa sequelas muito feias na sua mente, e você precisa ir num psicólogo. Ele vai te ajudar a saber lidar com tudo isso. E você não é fraca, baby. Você é humana.

Quando ela fala isso, é como se um peso fosse tirado das minhas costas. Finalmente alguém me entendia. Eu ia procurar um psicólogo o mais rápido possível, eu não quero continuar assim.

— Obrigada.—Falo sorrindo.

— Sempre, baby.

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Gente, agora uma nova Estela está sendo desenvolvida. A personalidade da nossa neném vai mudar bastante, por isso eu disse que entramos na nova fase de BRG. Nós vamos tratar de um assunto muito sério:o abuso e suas sequelas.
Eu to tendo que pesquisar muito pra construir a personalidade dela, e não, isso que está acontecendo com ela não é drama. Pra vocês terem ideia, uma vitíma de abuso que ficou com síndrome do panico pós-traumatica, se matou só pra não ter que encarar o estuprador no tribunal. A vida das pessoas que sofrem abuso muda totalmente.
Mas enfim, o cap de hoje vai ser dedicado especialmente pra minha nenis, hollandanchorr que tá fazendo aniversário, love u babygirl♡
XOXO
maju

brazilian girl ✦ hayes grierOnde histórias criam vida. Descubra agora