Província de Armel - Em Uma Cidade Chamada Fousky

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De longe já dava para escutar meus gritinhos fofos enquanto eu corria alegremente pelas ruas do subúrbio de Fousky atrás de uma borboleta azul, era raro eu ver uma e quando via a felicidade era vigente em todo o meu dia, mas todos os meus esforços naquele dia não adiantou nada já que não consegui nem chegar perto dela. Fousky era uma cidade que não passava de cinquenta mil habitantes e até que ela era muito bonita, só que no centro onde a "realeza" habitava com as ruas cheias de flores, casarões luxuosos e limpo, já no subúrbio da cidade era tudo de qualquer jeito ninguém se importava com a gente e nós vivíamos do jeito que dava para viver. A rua onde eu morava era um lugar onde criança nenhuma desejava viver, havia esgoto a seu aberto e, se existia alguma planta, já estavam todas mortas. As pessoas que ali moravam tinham sempre um péssimo humor, mas claro que eu não os culpo, pois quando se vive numa situação como era a nossa é impossível você sorrir com frequência.
As crianças da minha vizinhança costumavam brincar muito no meio da rua e do barro, mas eu não brincava com eles, toda vez que eu tentava me aproximar eles se afastavam como se estivessem com medo e só depois de alguns anos é que eu fui entender o porque.
Tudo graças ao meu pai Rhakiro Red que era um assassino profissional, muito requisitado na época, só que eu não sabia e na minha cabeça ele era um mercador que viajava muito para comprar e revender suas mercadorias.
Mas a verdade era que eu apenas imaginava isso já que ele nunca comentou sobre sua profissão, mas os pais das outras crianças meio que suspeitavam disso e eles pediram para seus filhos se manterem longe de nossa família e com essa situação eu costumava brincar sozinha.
Nossa casa era típica da rua, com uma parte construída de pedra e a outra de madeira, composta por três mini quartos, uma pequena sala e uma simplória cozinha.

Quando eu estava com cinco anos e meu irmão mais velho Shaunay estava com sete, a minha mãe ficou grávida novamente do meu irmão mais novo Utsah, mas infelizmente não aguentou ao parto e ela faleceu minutos depois de olhar seu filho que acabara de nascer e chorar. Minha mãe não era assassina, na verdade ela era uma pessoa boa e apesar da família dela, que fazia parte da nobreza, discordar totalmente da união dela com o meu pai e desconectar todas as relações com os dois como se eles nunca existissem, ela não se importou, não quando o amor falava mais alto em seu coração.
Já meu pai só conheceu sua mãe, que era uma meretriz, mas que já faleceu antes mesmo de eu nascer. O mais engraçado era que minha mãe sabia o que meu pai fazia e claro que ela não apoiava, mas ela sempre dizia que ele iria mudar e quando esse dia chegasse ela sorriria para todo o esforço que ela havia passado  e iria sentir o gosto de dizer que valeu a pena e, apesar de meu pai ser frio na maioria das vezes, quando ele estava com ela parecia que toda sua armadura de ferro se derretia dando espaço ao amor, era lindo ver os dois e como o amor deles se renovavam a cada dia.
Mas quando minha mãe morreu tudo ficou escuro por tempo integral na vida do meu pai, é claro que ele não abandonou a gente, pois eu sentia que ele nos amava, por causa da minha mãe, principalmente quando ele dizia que nós fazíamos ele se lembrar dela. Só que, a medida que o tempo foi passando o dinheiro foi ficando a cada dia mais escasso e por mais que ele odiasse fazer aquilo – por causa da minha mãe – ele não achou outra solução e me colocou juntamente com Shaunay para trabalhar com ele, a gente iria se tornar assassinos também.
E foi ai, quando eu estava apenas com seis anos que descobri o que meu pai realmente fazia. E, com doze anos eu já havia matado mais pessoas do que eu própria conhecia.
Com isso a família Red começou a ficar conhecida pelos trabalhos "silenciosos" e a cada dia nossa demanda crescia, viajávamos por praticamente todo o território do Império de Ganshir e fomos várias vezes a capital Shushan a serviço, o lugar mais lindo de se viver. Depois de três anos, quando eu estava com quinze anos de idade, e Utsah com dez ele entrou também só que fazendo serviços pequenos e ele sempre estava acompanhado. Como nossa família só crescia nessa área enquanto outros só caiam isso não os deixou feliz, estavam perdendo clientes e nós só ganhando.
Então, no mesmo ano veio a primeira morte, meu irmão mais novo, considerado o membro mais fraco da nossa família foi morto em Meriton no Condado de Rage e isso deixou meu pai louco, era apenas um pequeno serviço, de uma pessoa nada importante, só que Utsah insistiu que ele já tinha tamanho o suficiente para trabalhar sozinho e como não era nada de mais meu pai concordou, mas é claro que foi uma emboscada armada pelos Arkin's Sá – uma companhia de assassinos especializada em grandes mortes, eles tinham ao menos um membro em quase todo o território do Império, mas a maior aglomeração deles é para o norte na Província de Qhetar em especial na cidade de Kajhumir – aquele pessoal que eu falei antes que não gostaram de nosso sucesso e meu pai sabia onde eles ficavam, pois um dia ele tinha participado daquela organização. Só que ele largou a companhia por causa da minha mãe, mas não parou de trabalhar.
Com o rosto cheio de ódio e desejo de vingança, deixamos a racionalidade de lado e, nós três, os únicos Red ainda vivos, decidimos ir para o norte invadir uma casa cheia de assassinos profissionais que matavam com a mais perfeita crueldade. Sim, sabíamos que era loucura, mas a dor de perda pelo pequeno Utsah falava mais alto em nossos corações.

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⏰ Last updated: Sep 20, 2021 ⏰

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Evil Queen -  A Dança das EspadasWhere stories live. Discover now