Dança comigo?

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Pov Camila

É sexta-feira a noite e pra variar a minha animação é 0 pra sair ou fazer qualquer outra coisa que garotas normais da minha idade fazem. Eu não tinha mais essa ansiedade de sair com amigos nos finais de semana como antes, as coisas mudaram muito nos últimos anos, principalmente após a morte do meu pai. Eu tinha 17 anos quando ele ao tentar reagir a um assalto foi baleado e infelizmente faleceu na hora. É revoltante como esse tipo de acontecimento se torna algo normal no dia-dia, você sai pro colégio, trabalho, mas nunca consegue ter a certeza se voltará. Chega a ser difícil acreditar que um dia o mundo melhore, na verdade, que as pessoas se tornem melhores.

Talvez eu nunca supere a morte dele, a cada dia que passa a falta que o meu pai deixou faz toda questão de estar presente, e isso mesmo depois de tanto ainda dói, dói muito. Você consegue imaginar o quão triste é perder alguém que você tanto ama? que te ajudava a superar os seus medos, que você sempre tratou como um grande herói, se a resposta for não, eu realmente desejo que você nunca tenha que passar por isso, ou que pelo menos a vida te prepare pra uma perda tão grande. Hoje, três anos depois do ocorrido eu posso dizer que a minha vida virou de cabeça pra baixo, me isolei de pessoas, evito ao máximo sair e me divertir, é como se ele tivesse ido e levado a minha alma também. As minhas maiores preocupações são a faculdade e a minha mãe, curso geografia e graças a deus já estou a dois anos de terminar. A minha mãe é uma mulher incrível que eu admiro muito por ter conseguido superar e segurar as coisas quando o momento mais triste das nossas vidas aconteceu, eu amo e se hoje estou aqui batalhando duro pra consegui realizar os meus sonhos, o maior motivo é ela, me sinto na obrigação de a deixar feliz e orgulhosa com a minhas conquistas.

Fui tirada dos meus pensamentos com o barulho do celular, nem precisei olhar quem era na ligação, já sabia muito bem quem me incomodaria uma hora dessas.

:- Fala - eu disse enquanto descia as escadas em direção a cozinha.

:- Já até imagino que você deve estar deitada de pijama em plena sexta-feira, mas só avisando que estou passando aí daqui a.. - parou um pouco de falar pra pensar - exatamente 30 minutos, então se arrume logo e não me faça esperar.

:- Você é muito folgada, sabia? nem vem Lucy, não tô com vontade nenhuma de sair hoje.

:- E quando você está? anda logo Camila, se eu for esperar a sua vontade tenho certeza que vamos ter que passar o final de semana inteiro de pijama, assistindo filme e comendo pizza.

:- Essa é minha vontade. - Falei enquanto voltava pro meu quanto, a minha preguiça tá imensa hoje.

:- Que não será atendida desta vez. Vamos pra uma boate nova que abriu por aqui esses dias, chamei outras amigas também. Se arrume que a alguns minutos estarei com a Dinah na sua porta.

E desligou.

Lucy é uma folgada mesmo, já chega falando o que tenho ou não que fazer, santo Deus!

Eu realmente não tinha coragem alguma pra sair hoje, mas conheço a Lucy muito bem pra saber que se ela chegar aqui e eu não estiver arrumada, ela com certeza me arrasta do jeito que me encontro agora.

E não seria uma boa ideia, não mesmo.

Exatos vinte minutos depois eu já havia me arrumado, estava vestindo um vestido preto até que meio curto com detalhes brilhantes nas latarias e um salto baixinho, nada exagerado. Passei uma maquiagem leve, um batom vermelho escuro e sentei no sofá a espera daquela folgada que me chamo de amiga.

Alguns minutos depois ela chegou ao lado da Dinah, nem preciso contar que passaram longos minutos ressaltando o quão bela eu estava, que adoraram o meu vestido curtinho e que eu com certeza iria causar nessa boate hoje. Como se eu estivesse afim disso.

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