Eternal

Incertezas do Destino

Acordei cedo hoje, mesmo sendo manhã de sábado aquele sonho fazia questão de me perturbar. Eu tinha um mal pressentimento sobre tudo aquilo, e agora as dores abdominais tinham se intensificado, me sentia mais pesado do que realmente era, parecia até que a força da gravidade tinha mais que dobrado sobre mim, me impedindo de levantar da cama.

Passo a mão pelo abdômen, verificando, mas não encontro vestígio de nenhum de perfuração, sangue ou aquela adaga de lamina curva com um sol esculpido em prata em seu punho. Nunca havia reparado em detalhes dessa adaga antes.

Indo até a cozinha senti um cheiro peculiar que me lembrava muito minha infância. Um tempo em que meus pais tinham sempre tempo para ficar comigo, existiam sempre sorrisos ecoando pela casa, mas tudo isso acabou um dia. Meus pais trabalhavam tanto que mal tinham tempo para dormir.

-Esse cheiro é de waffles? -perguntei enquanto aproveitava o cheiro doce de infância que vinha da cobertura.

-Bom dia para você também Luke.

-Bom dia mãe, onde está o pai?

-Ficou no escritório até tarde arrumando a papelada de um novo processo em que está trabalhando. -Disse despejando a cobertura por cima do waffles.

-Vai a algum lugar hoje Luke?

-Por que pergunta?

-Eu sei que não faço waffles há bastante tempo e sei que eles são maravilhosamente deliciosos, mas você está comendo como se não houvesse amanhã. -Disse dando uma risada de leve

-É que estou com pressa e vou sair com a Su hoje.

-Em um encontro? -Disse com animação e surpresa.

-Não mãe! Não é um encontro! -Respondi enfaticamente.

-Que pena, faço muito gosto de ver vocês dois juntos.

Me levantei, peguei um pedaço de waffles e fui em direção a porta.

-Tchau mãe.

Nunca havia contado a ninguém a respeito do sonho, exceto por Susan. Não precisava de ninguém por aí me dizendo o que já havia concluído. Estava enlouquecendo, mas, ao contrário do que pensava Susan achava tudo isso muito interessante e acreditava que poderia ser algum tipo de sinal. Estava convicta de que encontraria respostas. Entrei no carro e li a mensagem dela denovo.

"Lu, acho que que encontrei um jeito de descobrir o significado de seus sonhos. Encha o tanque do carro e venha me buscar, temos uma aventura pela frente."

Acho que ela estava vendo filme demais.

O caminho para a casa da Su era sempre bem tranquilo, era como se estivésse indo para alguma cidadezinha no interior. Era possível ver pelo trajeto quase nenhum carro, crianças brincando no quintal de casa e muitos idosos. Era como se o propio tempo estivesse parado naquele lugar, bairro, uma incrível sensação de calma tomava, até ser interrompido por um abrupto barulho de portas batendo.

-Você está chapado ou está tirando um cochilo?

-Estava quase dormindo de tanto esperar os caprichos da donzela. Por acaso acha que está em algum tipo de carruagem? -Disse entre bocejos.

-Não deveria? Princesas não precisam de horários.

-Para onde vamos Su?

-Para Nashville.

Nashville é uma cidade pequena que ficava a umas 5 horas de carro. Susan e eu passamos nossas férias lá quando éramos crianças, na casa da Tia Annie
quando era viva.

-É o que vamos fazer naquele fim de mundo?! -Disse surpreso.

-Existe alguém lá, que vai nos mostrar a verdade por trás de seus sonhos.

Não acreditava que alguém pudesse me dar as respostas para o meu sonho, já tinha me convencido de que tudo não passava de coisas da minha cabeça. Mas, algo dentro de mim dizia que devia ver o que essa pessoa tinha a menor dizer. E se ela tivesse as respostas para esses sonhos, e se tudo isso acabasse depois de ver essa pessoa?

Eu não sabia o que ia acontecer nessa viagem, mas uma coisa era certa. Se essa pessoa tivesse respostas para meu sonho, era certeza que lá é o lugar onde deveria estar.