Ela está tão cheia. Está quase explodindo! Ela não consegue mais suportar a si mesma.
Sua cabeça é cheia, ela pensa muito, viaja muito, e se esquece de viver, é quase sufocante. Ela faz planos, ela sonha, ela gosta de imaginar coisas, e quando percebe, o tempo passou, e ela ficou.
Ela quer gritar, ela quer chorar, quer quebrar as coisas, mas não o faz, não quer preocupar os outros, não mais. Ela se culpa demais, por tudo, por não ser a filha que sua mãe queria, por não ser a irmã que sua irmãzinha precisa, por não ser a menina preciosa que sei seu pai tanto idealiza. Ela está por um fio.
Ela sente vontade de conversar, de falar o que está dentro de si, mas sempre que tenta ela trava, e não consegue fazer nada além de chorar, o que a deixa ainda mais esgotada, porque ao contrário do que pensa, chorar nem sempre alivia, e então novamente ela se culpa por não poder nem mesmo falar, e consequentemente ela não consegue nem sair do próprio quarto após isso, ela não sente a necessidade de sair, ela não quer ver as coisas que não pode fazer, não quer ouvir que é uma decepção, que ela poderia ser melhor.
Ela quer ser melhor, ela tenta, ela realmente tenta, mas sempre se perde no meio do caminho.
Ela sabe que não é alguém normal, sabe que não é boa o bastante, sabe que é uma decepção, e sempre que olha para os outros não consegue evitar perceber o quão falha é, que nunca será tão boa quanto, que nunca conseguirá suprir as expectativas de seus pais, e por isso odeia os jantares em família, onde vê suas primas todas esbanjando em sorrisos discretos e olhares superiores o quão embaixo ela está, ela já não suporta isso.
Ela se odeia por nunca conseguir terminar nada, por não conseguir fazer nada, por não ser perfeita, por não ser magra o suficiente, por não ser o suficiente, por não ser bonita o suficiente.
Ela sabe que não é o suficiente em nada.
Ela só quer gritar. Ela se sente tão frustrada, tão incompleta, tão sem graça, e justamente por não ser o suficiente, por saber que não é boa o bastante que ela se permitiu se entregar ao mundo dos sonhos, criando histórias mirabolantes, onde ela era a heroína principal, onde o mocinho dos sonhos se apaixonava por ela.
Mas ela percebeu tarde demais seu erro. Ela se apaixonou pelo príncipe dos sonhos, mesmo sabendo que ele não existia, mesmo sabendo que ele era algo muito distante de sua realidade, mesmo que ele existisse na vida real, e se chamasse Yoo KiHyun, era um erro, e ela precisava acabar com ele.