CAPÍTULO UM
Isabela
O dia amanhecia, as estrelas desapareciam vagarosamente sendo substituídas pelos raios solares que transpassava as frestas da janela impelindo meus olhos. Isso não me incomodava, tão pouco me despertou, na verdade esta foi apenas mais uma das muitas noites de sono perdido. A insônia se tornou minha melhor amiga desde que cheguei aqui.
Toco em meus cabelos negros e embaraçados a fim de me distrair com algo, mas nem foi preciso, minha tia fez isso por mim. Era apenas seis horas da manhã quando tia Lucinda ousou bater insistentemente na porta do meu quarto, ocasionando um barulho ensurdecedor para aquele horário. Emburrada, ela empurrou a porta com força e entrou sem ao menos me desejar bom dia antes de iniciar mais uma de suas longas ladainhas.
— Isabela! Você não tem vergonha na cara? – esbravejou – vai fazer um mês que você está na minha casa à toa! Se quisesse alguma coisa com a vida já teria levantado e saído pra arrumar um serviço!
— Mas estou procurando, a senhora sabe muito bem disso! Eles que não me ligam, eu não tenho culpa, tia!
Impossível não decorar tais insultos quando sua tia insiste em jogá-los na sua cara diariamente. Por mais que eu tivesse acostumada a ser tratada com a maneira rude e desagradável, tudo que ela dizia me atingia como uma adaga. Cada palavra doía e me feria demais.
— Tá procurando com o rabo na cama? – ela apontou o indicador na minha cara – na minha época não tinha essa moleza menina, eu vou avisar pela última vez: se você não me ajudar com as despesas já pode ir juntando suas malas e voltando para a roça de onde veio!
— Não tia! Isso não, por favor, hoje vai ser meu primeiro dia na faculdade... eu ralei tanto pra conseguir essa bolsa... eu juro. Desse mês não passa, eu vou consegui um emprego! – respondi determinada.
Ela não pronunciou mais uma única palavra; Encarou-me com desprezo, saiu marchando e novamente bateu forte a porta contra a parede, como se tivesse intencionada a arrancá-la.
A angústia cortava meu peito quando eu pensava na possibilidade de voltar para o interior. O que eu iria fazer da minha vida lá, se todos os meus sonhos só podiam ser realizados aqui? Compreendo minha tia, ela mora de aluguel e mantém as despesas da casa sozinha, porque o marido assim como eu também está desempregado há um bom tempo, há anos eu acho. Basta ter bom senso para se dar conta de que eu além de incomodar, estou causando um tremendo prejuízo.
Pedir ajuda para meus pais agora, seria o mesmo que dar um tiro no pé. Daí mesmo que eles iriam insistir, falar que aqui não era para mim e implorar para que eu voltasse logo para casa.
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AMORES FURTADOS
Romance*Esta obra ficou disponível no wattpad por 2 anos. Agora ela se encontra completa com exclusividade na plataforma digital da Amazon/Kindle Unlimited* Ao conquistar a bolsa dos sonhos, Isabela deixa a família no interior de Minas Gerais para morar c...