Eu conheci um garoto, nos leste de LA.

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 Aquele garoto, de roupas seguindo a moda da época chamou-me a atenção. Os seus passos leves sobre a grama do leste de Los Angeles, a sua voz doce entoando uma canção qualquer em oitavas de duas cordas. Seus olhos amendoados encontrando os meus e seus lábios se abrindo em um sorriso de derreter corações. Nos aproximamos para trocar poucas palavras e olhares nada castos. Os olhos dele chamavam minha atenção e deixavam-me intrigado sobre o tal. Perguntei-lhe sobre as músicas cantadas pelo mesmo momentos antes, recebendo como resposta um “Minhas canções são da revolução”. Vi-o me dar as costas e seguir teu caminho, fazendo-me seguir teus passos com rigor.

 Semanas depois, ele estava no mesmo campo vazio. O sorriso delicado fazendo seu rosto iluminar-se. Estava pousada em sua mão canhota uma cesta de material díspar preenchida por belas rosas vermelhas. Sorri, lembrando-me de quando meu pai presenteou a minha mãe com um buquê das mesmas flores. Aproximei-me em passos comedidos, tocando-lhe o ombro em um ato ligeiro, vendo-o erguer a cabeça vagarosamente, e então cumprimentando-me educadamente, mesmo atônito pela minha presença fortuita.

 Sorri-lhe docemente, perguntando-lhe sobre as tais rosas tão airosas. Meus ouvidos puderam apreciar a bela voz, que tristemente não estava sendo posta em uma canção revolucionária. Entendi parcos vocábulos pronunciadas pelo garoto não-nomeado, afinal, não era um gnóstico no idioma do país em questão. Sabia o substancial somente, o bastante para viver neste país. E então notei algo de errado comigo mesmo. Estava sendo pacóvio ao não indagar o nome do estupendo rapaz, mas o que deveria fazer? Presumo que isso seria invasivo, já que era a segunda vez que topávamos. Se houver um terceiro encontro irei questioná-lo sobre como era nomeado. Despedi-me dele de forma breve e afastei-me, olhando para trás uma provável postrema vez.

 Tive coragem o suficiente para perguntá-lo sobre teu nome. Joshua. Um belo nome, devo ressaltar. Apresentei-me como Jeonghan, era um nome anormal para ele, não tinha a essência americana, era algo mais simples, difícil de pronunciar com o sotaque local. Perguntou-me se era um forasteiro, e respondi-lhe que sim, que havia nascido em um país distante, de língua plenamente discordante, intitulado Coréia. Era desconhecido para o donairoso rapaz, assim como para todos os outros nascidos em terras ocidentais. Pediu-me para dizer-lhe uma sentença em minha língua nativa, então chamei-lhe de belo em minha língua natal, vendo-o tornar-se envergonhado ao explicar-lhe o significado da oração.

 Quando o crepúsculo se fez presente, despedi-me e abracei-lhe, vendo-o ficar em um tom vermelhusco. Sorri e fui embora de vez, ainda divagando sobre o rapaz tão admirável. O sorriso dele estava fixado em minha mente antes tão vazia e maçante, teu olhar inocente que me deixava atordoado fazia parte de minhas noites de sono, ele me parecia ser totalmente perfeito, sem nenhum erro, ele era simplesmente meigo e gentil, não extrapolando em sua animação, sendo sempre discreto e contido. Uma perfeição em meio a tantos defeitos.

 Não pude retornar ao campo no dia seguinte, tive que aguardar os comandos daqueles homens de olhos bonitos e roupas mais pomposas do que as minhas, que defendiam minha permanência naquelas terras ainda não conhecidas por completo. Minha mente passeava por tudo que já havia vivido enquanto permanecia sentado de pé e impedido de me encostar na parede gélida. Joshua era um desses pensamentos, já que a vontade de vê-lo sorrindo mais uma vez me fazia aguentar cada segundo naquele lugar um tanto quanto claustrofóbico.

 Não me era comum pensar assim sobre homens, mas nem mesmo uma mulher havia me cativado como aquele rapaz da antiga colônia inglesa. Joshua era cheio de mistérios, mas eu não me sentia no direito de perguntar-lhe algo, apenas ao ouvir sua voz melodiosa me sentia o homem mais sortudo em um raio de zilhões de quilômetros.

 Abandonei o local tarde, após escutar as pessoas falando naquela língua estranha e de entendimento precário vindo de minha parte. O jovem do campo de flores ainda era o dono de meus totais pensamentos, mas se passava do horário em que ele retornava até a pequena cabana em que aparentemente morava sem companhia. Não queria incomodá-lo, então apenas voltei para minha casa temporária, ainda tendo que tolerar a presença de outras pessoas falando rápido demais para que eu pudesse entender.

 Meu travesseiro era minha única preocupação no momento, já que no dia seguinte teria que acordar antes do sol nascer no horizonte, apenas para ser capaz de rever Joshua. Precisava ver seus olhos castanhos e apreciar seus lábios vermelhos como rosas, encontrava-me necessitado de seu perfume forte e agradável para meu olfato nem tão apurado. Criei imagens de meus braços ao redor de sua cintura, um simples abraço, mas que parecia estar extremamente aconchegante. E com esta imagem tão bela ao meu ver, deite-me e tive os mais belos sonhos, todos preenchidos pelo americano.

 No dia seguinte fui acordado pelo único raio solar que ultrapassava o fino tecido pendurado sobre a janela. Minhas roupas estavam distantes, então apenas me vesti e segui caminho para fora da residência. O saguão que costumava ficar lotado de homens e mulheres pomposos estava vazio, o que me fez pensar se Joshua já estaria acordado. Talvez ele gostasse de colher flores apenas no pico do sol.

 Seguindo o pequeno rastro de luz, arrastei-me pelas estradas de terra e chão extremamente desgastadas, até que chegasse ao campo florido. Joshua estava ali, sentado sobre suas próprias pernas em uma posição que se assemelhava a uma borboleta, observava o além como se aguardasse por algo extremamente especial. Não conseguia ver o seu olhar, mas tinha certeza de que estava brilhante como o sol que já se erguia calmamente.

 – Ei – disse simplista, enquanto me agachava ao seu lado –, como vai?

 – Você realmente veio. – vi um sorriso aparecer em seus lábios, tornando-o ainda mais bonito – Vou bem, o que tem feito ultimamente?

 – Bem, tenho participado de reuniões entediantes e pensado em você. Sabia que não é nada legal invadir a mente dos outros?

 – Digo o mesmo para você, Jeonghan. Não acha que há certo atrevimento em se apoderar dos pensamentos alheios? Até mesmo uma rosa estava fazendo com que eu pensasse em você e em seu sorriso. – levantou-se, ainda sorrindo, e me estendeu a mão que aceitei prontamente.

 Tirei o sujo de minhas calças e olhei para os lados, não havia ninguém, como sempre. Então, com um sorriso que parecia rasgar meu rosto, aproximei-me do americano e o abracei, sentindo sua cabeça contra meu peito e apreciando seu perfume.

 – Sabe, seus braços são confortáveis, Jeonghan – olhou para cima, os olhos estavam brilhando e um sorriso mais fraco continuava lindo em sua face –, me sinto bem aqui. – e foi assim que permaneci em seus braços por outros breves minutos.

 Ali, em meio a todas as flores pelas quais o acastanhado era apaixonado, eu desejei permanecer próximo dele por quanto tempo o destino permitisse.

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Nem acredito que estou de volta pro Wattpad, sério. Essa fanfic já está postada no Spirit, mas decidi postar aqui também, amém Jihan. Me desculpem pelos erros e é isso aí, até!

Americano [HJS + YJH] Onde histórias criam vida. Descubra agora