Joy! Joy! Joy!

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12.

Ostarting-gate liberou a pista: partiram. Os mais experientes e os que já conheciam o circuito saltaram na frente. Felipe confundiu-se um pouco, aturdido com o ronco das motos e com receio de que algum esbarrão o derrubasse. Decidiu não forçar a máquina nas duas primeiras voltas para familiarizar-se com o terreno e avaliar os obstáculos. Foi cauteloso demais, tanto que completou a primeira volta em uma das últimas colocações.

Antes do planejado, começou a acelerar, mas viu logo que aquela não apresentava as facilidades da pista onde treinara.

Mais e maiores obstáculos. E dezenove outros competidores,todos fervendo.

— Aquele não é o seu escoteirinho?

Joyce, que não tivera calma para sentar-se nas arquibancadas, preferindo ficar de pé, mais próxima à pista,voltou o rosto e viu o Rato, ao seu lado, vestindo o blusão marchetado de couro preto.

— Sim, é o Felipe — disse. — Está estreando.

— Acho que ele errou de esporte. Talvez se de melhor com bicicleta. Ou patinete.

Saltar um king-kong com a pista livre é uma coisa, saltar com motos atrás, aos lados e na frente é outra. O primeiro salto de Felipe não foi perfeito, mas, em compensação, alguns se saíram ainda pior. Dois caíram e ficaram na rabeira. Em seguida, numa curva, fazia a primeira ultrapassagem. Foi bom,gostoso, e deu-lhe mais confiança. Talvez era do que precisava:

acreditar. Começou a soltar-se, afinal não era nenhum grande campeonato. "Encare como uma brincadeira que resolveu levar a sério", aconselhara o tio, que sabia mexer também com os

fatores psicológicos. Somente na sexta volta saltou um obstáculo como queria, onde justamente ultrapassou mais um.

— Já está em décimo — observou Joyce, numa torcida discreta, sem queimar emoções. A seu lado, o Rato mordia um sanduíche, nada interessado na prova, como se aquele fosse um simples campeonato para garotos.

— Quer que vá buscar um misto-quente? Está ótimo.

Joyce não respondeu, vendo um competidor cair e Felipe ultrapassar outro. Oitavo... Já emparelhava com o número 15,sétimo colocado. Alguém colocou qualquer coisa na sua mão:

um misto-quente, que Rato trouxera.

— Não quero.

— Ora, pegue... Mas como vai o escoteirinho?

Felipe já estava em sétimo e começava a apertar o sexto colocado. Uma exclamação geral das arquibancadas anunciava que alguém caíra. Passou por ele, fora o número 3, um dos líderes, que voltou a correr logo atrás de Felipe. "Certamente vai tentar reconquistar as posições perdidas", pensou. "Não posso permitir que me ultrapasse. Um king-kong!" Seu melhor salto. O número 3 já não o perseguia de perto. Uma tabuleta informou: duas voltas. Estava em quinto, precisava melhorar para marcar mais pontos. Mas quando os competidores entraram na última volta, continuava na mesma colocação.

Então, pôs todas as cautelas no bolso e disparou. Ultrapassou um na primeira curva e outro já nos últimos cem metros.

Terminou a primeira bateria em terceiro lugar, fazendo quinze pontos. O primeiro fizera vinte e o segundo, dezessete.

O que diria a turma?

No box, Clóvis e Tuta o aguardavam ansiosos.

— Como me saí, homem gordo?

— Foi uma das melhores estréias que já vi — disse o tio,

abraçando-o. — Mas, desça. Eu e Tuta temos de fazer alguns ajustes.

garra de campeaoOnde histórias criam vida. Descubra agora