Notas perfeitas, livre dos pais, enorme riqueza, uma Lamborghini, rosto e corpo perfeitos, popularidade. Esse parece ser o sonho da maioria dos adolescentes normais.
E era a vida de Taehyung, antes dele descobrir que era ômega.
Taehyung sempre fora muito protegido pelos pais adotivos, já que fora abandonado pelos biológicos. E isso o fez saber do sistema ABO sozinho, na escola, durante uma aula de sexologia.
E nesse dia, Taehyung chegou desesperado em casa, perguntando para os pais o que era dentro do sistema, pois sua vida era tão perfeita que simplesmente não aceitaria nem mesmo ser um beta, imagine um ômega.
Mas foi exatamente isso que seu exame sanguíneo lhe mostrou. Taehyung, o cara mais gostoso e desejado da escola, um ômega.
O pequeno sentia sua vida sendo toda jogada fora assim que a notícia fatídica chegou a seus ouvidos. Fazia sucesso tanto entre homens quanto mulheres, e sempre ria ao ver aquele monte de olhares desesperados em sua direção, loucos para, na melhor das hipóteses, apenas ter a atenção dele. E na pior delas, acabar ofegante numa cama. Porém Taehyung nunca dera atenção a ninguém. E saber que era um mísero ômega o deixou simplesmente transtornado.
Os pais ainda tentaram animá-lo, dizendo que era um lúpus, um ômega puro, considerado raro,mas nem isso o deixou melhor. Taehyung simplesmente não aceitava aquilo.
Porém, não podia deixar ninguém saber que era um ômega. Se alguém soubesse, sua vida terminaria de vez. Principalmente agora, que havia conseguido uma vaga integral na melhor Universidade da Coreia.
Se levantou com a maior indisposição, porém focado em não deixar ninguém notar que era um ômega. Tratou de treinar várias vezes para ninguém perceber o leve rebolado enquanto andava, pôs uma camisa larga para ninguém ver sua cintura, já fina demais para um homem, e um casaco longo para nenhum intrometido ousar olhar para seu bumbum farto e redondinho.
Suspirou desanimado ao se despedir da família, que morava em Daegu, para viajar em direção a Seul. Tentou a todo custo ir com a sua maravilhosa lamborghini preta, porém os pais repreenderam-o. Ia de avião senão corria o risco de chegar atrasado.
Ficou dormindo a viagem toda pois possuía um medo incondicional de altura. Então sempre que viajava de avião, tomava um remédio que gostava de chamar de "desmaiante profissional". Porque era exatamente isso o que ele fazia com você: te desmaiava.
O agora perturbado e recém-descoberto ômega só acordou quando sentiu a leve pressão do avião pousando, e ficou extremamente grato ao sair daquela jaula voadora sufocante. Fez tudo o que precisava no aeroporto e pegou um táxi (ai que horrível) para a tão sonhada Universidade.
Porém, não teria aula no dia. A Universidade estava organizando tudo ainda, e hoje era apenas a entrega dos horários e a introdução dos alunos nas suas respectivas casas.
Sim, casas. A Universidade era tão gigante que possuía, acopladas a si, cinco gigantescas mansões, para acomodar os alunos. Taehyung ficou abalado com a notícia, mas pelo menos já tinha onde ficar.
O garoto pegou uma pasta de arquivos com vários papéis, entre eles o comprovante de inscrição, um certificado de aprovação da Universidade, sua lista de horários e a apostila gigantesca de astronomia, matéria pelo qual estava na faculdade. Sonhava ser professor de astronomia desde sempre. Adorava o espaço e tudo o que havia lá "fora". Porém, era um aluno tão elite que conseguiu duas outras disciplinas: letras e artes plásticas. Bem simples, porém era seu sonho.
Saiu em direção às mansões carregando uma caixa gigante, repleta de livros escolares. Só que teve outra surpresa ao entrar no local. Um enorme pátio hexagonal se estendia entre os 6 prédios, com estilo de praça vitoriana. Vários bancos de madeira devidamente entalhados com detalhes minuciosos, postes de luz antigos e uma magnífica fonte com vários padrões bem no centro. Algo bem ambicioso.
Foi em direção ao prédio azul bebê com um portão prateado. Estava escrito "M0A3" na porta. Taehyung deduziu que era para os alunos dessa categoria na escola. Adentrou a mansão e soltou um som surpreso ao ver várias pessoas andando de um lado para o outro, parando e sorrindo para si às vezes. Imediatamente se sentiu bem-vindo. Sorriu e finalmente foi em direção aos quartos, que fora informado serem no andar de cima. Porém não viu o primeiro degrau e tropeçou, caindo de quatro na escada, deixando todos os livros caírem. Sentiu o rosto queimar de vergonha, porém imediatamente duas pessoas foram ajudá-lo.
- Tudo bem? Se machucou? - perguntou um garoto de nariz longo e cabelos ruivos, enquanto o mesmo e uma garota loira ajudavam Taehyung a pegar os livros.
- Estou sim... foi só um susto. Não vi o primeiro degrau. - Taehyung disse, vermelho. Isso fez ambos os dois outros rirem.
- Mais um. - Disse a garota, de cabelos curtos rosas. - Não precisa ficar com vergonha, todos nessa casa já caíram alguma vez por causa desse degrau. Eu mesma já caí umas 5.
- Porque você é burra, Sunmi. - Disse o ruivo. Isso fez a garota simplesmente desferir um tapa contra ele.
- Se eu fosse tão burra assim não teria te superado em todas as matérias, Hope. - Ela sorriu de canto e o ruivo ergueu as mãos, num sinal de "você venceu". Isso fez Taehyung rir.
- E você, novato? Como se chama? - perguntou o ruivo. Taehyung tentou ao máximo parecer simpático.
- K-Kim Taehyung. Prazer em conhecê-los.
- Eu sou Hoseok, só Hope pros chegados. Essa é a Sunmi, minha adorada priminha. - disse o ruivo. A garota, Sunmi, o encarou.
- Por acaso senti ironia nesse "adorada", Jung?
- Pense o que quiser. - Hoseok sorriu e fez um aceno para Taehyung. - Qualquer coisa é só chamar. Aqui todo mundo é amigo. Bem-vindo à família, Taehyungie.
E saiu com Sunmi para algum lugar que desaparecia no fim de um corredor.
Taehyung imediatamente sorriu. Pelo menos já tinha amigos naquele lugar.
Pegou sua caixa de livros agora novamente organizada e subiu até o quarto 195, que era o último do corredor. Adentrou o local e soltou um "oh", surpreso.
O quarto era todo azul, porém, cheio de tons diferentes de azul. Desde o ciano até o azul-marinho. Alguns detalhes em branco e preto aqui e ali.
Se sentou na cama e olhou para cima. Um gigantesco lustre pendia do teto. Sabia que era cristal porque vidro não produzia reflexão de prisma tão perfeita que nem aquela.
Arrumou seus livros numa estante lindamente decorada com plantas e estatuetas. Percebeu que havia até que bastante vida naquele quarto, pois as plantas estavam bem verdes. E sim, muitos vasos e potes com plantas decorativas porém reais faziam do quarto um ambiente totalmente aconchegante. Na parede, dois vasos de lírios azuis embutidos emolduravam uma TV de 40 polegadas. A cama, de casal, era móvel. Ou seja, era uma poltrona ao mesmo tempo que era uma cama. Ficou abismado com aquilo; de onde a Universidade tirava tanto dinheiro? Dos alunos?
Terminou de guardar suas coisas e viu, dentro de um estojo de higiene pessoal...
Supressores de cio.
Ficou encarando as caixinhas como se fossem um monstro só esperando para atacar. Quando voltou a si, estava desdobrando a bula.
Tratou de esconder muito bem aquilo, pois não teria chances de seu primeiro cio acontecer em meio à Universidade... teria?
A resposta era: sim. Teria.
Suspirou pesado e tomou um banho para aliviar o cansaço da viagem. Trocou de roupa, pondo algo mais confortável porém não a níveis "casa=mendigo" e desceu.
Estava preparado para uma nova vida a partir de agora.
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The House
FanfictionO que acontece numa casa, fica naquela casa. Mas e se os problemas forem além dela?