Conto o show

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CONTO: O SHOW

Conhecer pessoas... Sempre quando o coração está inquieto, vacilante, desconfiado, é difícil. O medo transborda, e a insegurança de deixar alguém se aproximar é arriscado demais para um coração partido.

Mas então, você, inevitavelmente, conhece alguns sorrisos, jeitos. Cores novas...

Já tem uma semana ou mais, eu sinceramente não sei quanto tempo, até porquê, cada dia é como se fosse o primeiro. Pois para cada dia, uma Lanny... diferente. Uma mulher diferente. Uma sensação diferente.

Como alguém que chega em poucos dias pode causar esse misto de sensações? Sabe ser sexy, ao mesmo tempo sabe ser moleca.

Sabe ser grande, e ao mesmo tempo se diminui encolhida para poder caber dentro de um abraço apertado.

Não consigo parar de pensar no seu dia. Se está com aquele sorriso que eu simplesmente adoro, ou se tem aquela nuvem de preocupações que já não lhe cabem mais em volta de sua cabeça... Como você invade assim meus pensamentos, me tirando de uma zona que eu achava ser "segura"? Não importa.

Hoje é dia do show de sua cantora favorita na atualidade, Ana Gabriela. E nós vamos juntas. Posso ou não me considerar alguém de sorte?

Começamos com um papo meio confuso sobre librianos, e eu não entendo quase nada sobre signos. Ela gosta do meu leão e isso já me deixou atenta a ela.

Eu quis que essa noite fosse perfeita, estou na ânsia de conhecer pessoalmente a dona da personalidade mais incrível que já conheci, e ao mesmo tempo, mais confusa, o que dá um "quê" a mais em todo seu encanto. No caso, meu encanto por ela. Mas, não quero que ela saiba, porque certamente ela irá me zoar.

Combinei de ir buscá-la na rodoviária, Canoa não é tão "bem ali" como eu imaginava. Essa demora me parecem milênios. Só quero te ver logo.

Cada ônibus que chegava fazia meu coração disparar, e apesar de ser bem improvável, eu realmente estava ansiosa. O que ela vai achar de mim? Além da boba que ela já conhece virtualmente? Esse frio na barriga é normal? Será que posso deixar de agir como uma adolescente?

Esperando por alguém? - Ela me surpreende no meio de meus devaneios.

Droga! Era pra eu te surpreender!- Disse chateada.

Me surpreenda com um abraço então. - A abracei demoradamente. - Agora ja pode ir comprar meu açaí. - As risadas foram inevitáveis. Ela sabia quebrar o silêncio.

Como foi a viagem? - Perguntei sem graça. Sou um tanto tímida de primeiro contato.

Fala como se eu tivesse vindo de outro estado. - Eu sorri sem graça, me senti uma boba. - Foi ótima. - Ela sorri. E eu já não me importava mais com a sensação de ser uma boba em sua frente.

Ela me conta como foi a viagem, algumas insatisfações por eu não tê-la recebido com uma tigela de açaí. E me passar na cara que eu neguei o seu açaí com gotas de chocolate. Mas percebi também que ela também estava nervosa por estar ali em primeiro contato comigo.

Finalmente... Nós aqui, lado a lado. - Dei um sorriso de canto de boca. - Hoje quero que a gente aproveite bastante.

E vamos.

As vezes ela parecia despesa. As vezes eu achava que tinha falado algo de errado, quando ela se calava e se trancava em seu mundo particular. Mas de repente, ela falava algo que quebrava essa sensação estranha, me mostrando que é só o seu jeito e que eu tinha que me acostumar com isso.

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