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Sob o gramado

Era dia de final de campeonato, meu time era de casa e o estádio estava cheio, e como de praxe eu estava roendo as unhas, logo no vestiário eu estava aflita, andando de um lado para o outro, eu era a atacante do time, as meninas estavam ansiosas, mas eu me sinto muito responsável por esse time, é minha vida, é minha paixão, a profissão que eu escolhi desde que comecei a andar e chutei uma bola do meu irmão. Acabei sofrendo muito preconceito, afinal eu não gostava de bonecas, andava descalça, subia em árvores, corria com os moleques da vila, estava sempre ralada, e cresci sendo a "moleca" da turma, só tinha eu de menina em uma turma de mais ou menos uns 6 garotos, alguns mais velhos e outros mais novos. Mas eu tava sempre la, a mais miudinha, magrela, cabelo longo e de franjinha.
Me deu uma nostalgia, aqueles últimos minutos de concentração me levaram a refletir e muito sobre tudo que vem acontecendo, todos os jogos que vencemos, os que perdemos e minha contusão, graças a Deus hoje me sinto 100%, e dando o melhor de mim. E chegava a hora de entrar ao campo, a torcida agitada, todos gritando, vibrando, cantando o grito de guerra, e eu ouvia meu nome sendo ovacionado.
Fizemos nossa oração e seguimos até a escadaria, enfileiradas e ao lado as gurias do outro time.
Ajeitando o cabelo, a caneleira e meu cadarço, as mãos frias e suadas, la em cima vejo alguns seguranças, um tumulto, e fico ainda mais ansiosa.
E la vamos nós entrarmos ao campo, a cada degrau me lembrava de um jogo diferente, meu Deus que loucura, olha onde eu estou!
No final das escadas, senti um cheiro intenso, maravilhoso por sinal, que cheiro era aquele? Era um perfume feminino, marcante e que despertou minha atenção, olhei para os lados e não tinha noção de onde vinha, até que ao olhar pra trás eu avistei uma moça fardada, segurando uma puta arma grande, cabelo loiro e de coque, percebi que o cheiro era o dela quando passei por ela, caralho, que olhar era aquele? Ela percebeu que eu estava a encarando, e ela acenou com a cabeça e sorriu de canto. Eu simplesmente me tremi inteirinha, não conseguia voltar ao normal, até que tropecei na goleira a minha frente e ela me segurou, começou a rir.

- Esta tudo bem? - Disse rindo
- Sim esta, você viu aquela Policia ali? - Disse olhando ela novamente

Ela estava seria, mas ainda sim ficou me encarando, mas me virei e continuei entrando ao campo, mas vira e mexe eu a observava de longe, que droga, eu nem sequer vi o nome dela na farda, preciso descobrir o nome dessa mulher e logo.
E começa o jogo, estava uma loucura, o time adversário estava forte e marcando forte em cima de mim, tive algumas chances de gol, porem era sempre derrubada, depois de 28 minutos do primeiro tempo, tive a chance de chegar mais perto, fui presenteada com uma bola que coloquei no fundo do gol, um passe lindo da Raquel, bati de primeira e fui comemorar. A olhei de longe, corri até mais perto e as meninas chegaram me abraçando, a torcida estava alvoroçada, e não consegui chegar mais perto, eu só a olhei e sorri.
Caramba que sorriso lindo, ela tentava se manter séria, profissional, mas era nítido o sorriso de canto disfarçado de mulher durona. E isso estava me instigando demais, eu ja estava curiosa demais pra saber seu nome e se me daria o prazer de conhece-la. Jogo? Ai caralho, o jogo!

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