Capítulo III

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Depois de ter "fingido" que nem estava a fim dela, se passaram 2 semanas, eu simplesmente fiquei quieto na minha. No que seria o décimo quinto dia consecutivo sem Marie falar comigo, o sinal tocou e eu me sentei num lugar diferente, era entre uma outra pilastra do pátio e a parede, não queria conversar com ninguém porque eu estava pensando que talvez ela não quisesse mais falar comigo por eu ter meio que ignorado ela e tals. Me senti culpado. Mas olhando alvoroço de uma das meninas que sentava perto de Marie, pude ver que uma notícia chata daquelas que rodam nas "rádios-fofocas" da escola estava prestes a ser divulgada:

- Sério Camille? Você não está sabendo? Aquela novata. Ela passou o sábado com um amigo lá naquela praça que a gente vai. Bonitão ele! Tem que ver! - eu escuto a Beatriz da minha sala "cochichando" com a Camille e ela responde:
- E daí?
A Beatriz retruca:
-Affs! Pensa garota! Até parece que devem ser "amigos" mesmo.- ela diz gesticulando com os dedos pra imitar o sinal de aspas e rindo - Talvez, se a gente ficasse amiga dela poderíamos conhecer os amigos dela.

Pronto.
Esse é o tipo de "informação" que fica rondando por dias na mente de um garoto.
Um misto de raiva e ciúmes tomou conta de mim. Raiva por não ter falado com ela. E ciúmes por gostar dela.
Não demorou muito e ela apareceu bem naquela hora crítica.

-Guilherme! Até que enfim eu te achei! Tive que procurar pelo pátio todo. Você também hein?! Foi trocar de lugar logo hoje por quê? - Marie disse rindo e vermelha. Ela estava brincando, em pé do meu lado e linda, mas eu estava com ciúmes...
-É. O melhor pra mim é ficar sozinho mesmo, não sou cheio de amigos como você.- falei num tom bem grosso.

Marie ficou muda e parada.
Eu fiquei calado também.
Ela se abaixou e deixou um papelzinho rosa comigo. Eu olhei nos olhos dela, era um misto de quem estava chateada mas queria ser legal mesmo assim.

- Só queria deixar isso com você, eu esqueci a senha do meu e-mail e fiz outro, mas aí perdi o seu. Como comprei um celular, bem, eu achei que...bom...depois você vê no papel. - ela disse e se afastou.

Aquele papel estava ali. No meu colo. Eu queria abri-lo logo mas não fiz isso. Também não joguei fora, apenas guardei.
Depois da aula, fui pra casa e entrei no meu quarto, automaticamente, jogando minha mochila no canto e deitando na cama pra esfriar a mente e renovar as ideias. Foi nesse momento que decidi abrir o papel, nele estava escrito:

"Oi Guilherme.
Esse é o meu número do celular.
(**) *****-****
Liga pra ele quando quiser falar comigo.
Tchau.
Marie."

Confesso que quando li aquilo, devo ter parecido uma criança quando ganha um doce. Mas mesmo assim não liguei pra ela.
No dia seguinte, ela me perguntou na hora da saída se eu tinha lido o papel, eu disse que sim e fui pra casa. Ela não entendeu nada. Mas como eu disse, ficou por isso mesmo.

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