eunhye

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Seu cheiro era como o verão pela costa de Busan. Visitas raras por pequenos fios de luz, violentando as frestas da cortina, tão miúdas que apenas alguém que estivesse tocando seus ombros a barra do tecido notaria como queima. Ele era um parasita, e eu, seu hospedeiro que o cedia o corpo de bom grado, covardemente rendido a suas presas que dilaceravam meu intestino, me mantinham escorrendo.

Ele era avassalador e eu um apreciador descabido.

Eu me lembro de quando me encostei a umas daquelas frestas acanhadas pela primeira vez.

Cobria meu torso com a pelúcia que recheava o acolchoado da bomber, aliás, finalmente tinha conseguido comprar. Flertava com a peça já fazia alguns meses, e finalmente a cartas me deram algum alívio. Eu sempre fui apaixonado pela tecnologia simplória e a iluminação exagerada dos cassinos suburbanos. O aroma de café e conhaque, e o gosto inconfundível de tabaco, as promessas de noites eternas, belos olhos com dobras artificiais e sorrisos almofadados, pigmentados pelo carmim de tintas sutis e seus cosméticos diários. Mesmo de uma corrupção absurda, a franqueza que os ladrões expunham lá dentro era de uma honestidade tremenda, mesmo que cometedores de latrocínios e crimes horrendos.

O tato das mulheres de lá e o mistério por detrás das gangs franjadas; - Um bando de por volta vinte patifes armadas e podres de cocaína, mas de um papo surpreendentemente instigante- eram romancistas. O pó as tranquilizava; e como eram charmosas Sui e Nyo, as garotas chinesas que possuíam suas fichas furta-cores as quais golpeavam a mesa repleta da droga alva e a enfileirava em três repartições vistosas, arrancavam um canudo metálico e aspiravam a coca e anfetamina.

Já as vi cheirar cafeína quando mais novas, mas parece que preferem seu gosto com água.

As maneiras diversas de se sentir alheia a uma realidade monótona eram sempre procuradas por aqueles que a enfrentam de uma proximidade agonizante.

Eu não judiava delas.

Eu me acatava ao tabaco e seus filtros de canela, o papel negro que cobria o fumo me alegrava quando o capturava entre o indicador e o dedo do meio.

Espirrei, escorado em um dos espelhos dos banheiros do cabaré minúsculo situado nos fundilhos do cassino, largado no chão frio. Diante de mim, mictórios de cerâmica encardida e pernas corpulentas seminuas, - apenas se cobria pelos calcanhares, logo aonde a calça se engomava em si mesma. O sujeito abaixara a cueca até a altura das calças, e seu traseiro pálido era farto e peculiarmente atraente.

- Uh... Gah... Ô, Byeontae... Você tá bêbado? – Murmurei ao mijão, cambaleando ao tentar me erguer, escorando as escápulas cobertas de couro pelos azulejos. Cocei por detrás de meus fios pesados, sentindo minha cabeça como se prestes a cair do meu pescoço.

- Oy! Se vista pelo menos... Me deixa acanhado. – Soltei uma graça entre os dentes enquanto voltara dois passos atrás.

Vestia um par de óculos circulares gigantescos e os seus cabelos eram mel, - parecia ser de Seoul, com todo aquele aspecto repugnante de ídolo adolescente. Parecia ter saído de uma sala cirúrgica, ou talvez fosse eu quem estava vendo tudo meio plastificado e turvo; ele me parecia um borrão e a única coisa nítida eram aquelas lentes púrpura cor de beterraba.

Finalmente ele balançara o pênis, arrastando o algodão pelas pernas douradas enquanto espremia seu traseiro pra que as nádegas entrassem na vestimenta apertada. Permanecia insuportavelmente silencioso e aleatório e toda aquela monotonia me guiava a focar minha atenção á sua silhueta, o que achei egoísta demais da parte do estranho. Insuportavelmente possessivo pela minha atenção, era como eu o interpretava teimando a me responder com um suspiro que fosse. O imprensei a parede que se escorava ao mijar, às laterais duma cabine sanitária velha. Segurando o meio das hastes cobreadas, arremessei o acessório por debaixo das cabines periféricas.

ecstasy 「kth + jjk」Onde histórias criam vida. Descubra agora