Sempre admirei muito aquela garota. Ela é incrível, linda, sorriso perfeito.
Quando estamos próximos, fico mais feliz; e se a vejo feliz, sinto-me envolvido; e quando está triste parece que a minha única missão e faze-la sorrir.
O que dizer de ouvi-la cantar?
Meu coração acelera quando estou perto dela, fico contendo minha respiração, (o que é estranho já que pratico muay thai e controlar a respiração e algo fundamental).
Olhar em seus olhos e perceber que Agnes ficou de certa forma tentando se esconder do meu olhar, ou talvez querendo esconder algo, não sei dizer ao certo.
Para protege-la do frio, tirei meu moletom e dei a ela. Oito meses depois fui buscar meu moletom, o que eu mais gosto. Admito que foi um mero pretexto para vê-la, para estar perto dela. Santo Moletom.
Agnes ficou estranha enquanto jogávamos Detetive, e fiquei muito feliz em ver que minha menina de alguma forma se sentiu incomodada por eu ser amigo de uma vizinha dela, Ingrid.
- É a sua vez, Rafael. Joga! - Falou com um tom de raiva.
Ficou vermelha quando sorri olhando em sua direção, em seus olhos, e sua mãe complementou dizendo que ela estava com ciúmes. Agnes me fez levantar e beijar sua testa (porque é o que faço em situações assim).
Ouvi o xingamento mais doce do mundo depois disso.
- Idiota.
Deixei escapar um sorriso que quando pensei em conter já era tarde demais.
Agnes se irritou com o irmão por algo que nem me lembro. Desceu as escadas e ficou com cara de brava. Eu desci e fiquei ao seu lado, olhando o céu nublado daquela noite fria.
Sentamos na escada, ela ainda estava com raiva, aparentemente, e eu com vontade de abraça-la, e beija-la, e...
Mas sabia que não devia fazer ali, quer dizer, as crianças iriam nos ver e fazer muitas brincadeiras que chamariam a atenção de seus pais (que fingem não saber de nada).
Sugeri que fossemos para dentro, usei a desculpa de que estava frio, então fomos.
Comecei a conversar e pedi para que Agnes olhasse em meus olhos.
Ela olhou.
Vi suas pupilas se dilatando e ela rapidamente olhou para o chão, tentando fugir do olhar.
Vi através de seus olhos castanhos, um pouco mais claros que o normal por conta da iluminação, claros o suficiente para que eu pudesse me ver em seus olhos mais que um reflexo, apenas.
Vi que existe do lado de dentro daquelas janelas castanhas espaço para mim, ou desejei isso o suficiente para que enxergasse espaço.
Fiz algumas piadas para diverti-la, e ela sorriu, me olhou e sorriu.
Não resisti.
Encostei minha testa na dela, segurei em seu rosto e o levantei até encostar os meus lábios nos dela.
Não sabia como ela reagiria.
Ela segurou no meu rosto e me beijou intensamente.
Aquilo foi tão bom! O seu beijo, sua boca na minha, o arrepio que senti quando ela segurou forte no meu rosto.
E nos beijamos de novo, tentando nos esconder melhor das crianças dessa vez, porque o primeiro beijo foi bem na frente delas - graças pelo Gui, primo da Agnes, que nos encobriu.
Mas, infelizmente, o Gustavo (outro primo dela) viu e começou a gritar que estávamos nos beijando.
Aquilo nos assustou e tentamos calá-los, antes que os pais de Agnes ouvissem, e conseguimos.
Foi incrível a sensação que aquilo me trouxe.
Só queria que o tempo parasse naquele momento, que estivéssemos isolados em um lugar onde apenas nós dois existíssemos, onde fossemos as únicas personagens da cena.
Aquele beijo dispensa comentários.
É como se fosse uma dança em ritmo e sincronia perfeita, como em uma dança envolvente o suficiente para fazer qualquer um se emocionar, e que tem o poder de despertar os sentimentos mais profundos.
Minha menina.
O beijo dela parece ter sido feito sob encomenda para mim, porque se encaixa perfeitamente no meu. A mão no rosto, a mordida que arrepia.
O beijo dela é meu. É para mim. Somente para mim.