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Obviamente até uma parte disso, tudo o que direi será apenas da forma que me contaram, podem ter mentido em algo ou talvez aumentado alguns fatores, mas isso é toda a verdade pra mim, é tudo o que eu sei sobre o que eu e as pessoas ao meu redor fo...

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Obviamente até uma parte disso, tudo o que direi será apenas da forma que me contaram, podem ter mentido em algo ou talvez aumentado alguns fatores, mas isso é toda a verdade pra mim, é tudo o que eu sei sobre o que eu e as pessoas ao meu redor fomos, e, alguns ainda são.

O que eu conheço pelo dia do meu nascimento minha mãe apresenta como o seu pior dia e sua melhor noite de todas, durante o dia encontrou alguém que mais tarde irei citar mas não de boa vontade, ela andou, chorou, se humilhou, olhou nos olhos do medo e da dor e sorriu para eles, pois ela sabia, que logo não iria mais passar por isso sozinha, que teria alguém ali, sem cobrar nada, sem ameaças ou amedrontamento, não iria mais sofrer por não ter a quem amar. Durante a noite ela chorou mais ainda, mas por mais difícil que seja de acreditar pra quem a conhece foi um choro de alegria, diria que pela primeira vez ela se permitiu sentir em grande escala.

Bom, esse dia começa com uma pequena disputa, minha mãe havia posto os pés para fora do táxi quando vê uma sombra passar por trás do carro, ela encara e vê que se trata de uma mulher, bem vestida, com o olhar frio focado nela. Ela vira para minha mãe e sem nenhum sinal de vergonha ou retenção fala como dona do lugar :

— O que gente como você faz aqui?— minha mãe sai do carro, fica a sua frente olhando em seus olhos sem temer de forma alguma aquelas palavras, ela respira fundo, a olha novamente e fala:

— Gente como eu querida? Não quis dizer ignorantes e socialmente preconceituosas como você? Porque isso sim faz sentido.— ela serrou os olhos, e, sem um pingo de ressentimento nos olhos passou pela mulher, mas eu no fundo sei, que ouvir aquilo só por aparentar ser alguém sem renda alta e nem usar roupas novas, ela ficou triste sim, ela provavelmente chorou, se sentiu humilhada; mas essa parte ela com toda certeza não queria me contar.

Quando se deu conta tinha quase esquecido o por que de estar alí.

— Eu vim até aqui pela minha filha e eu não vou ir embora só por algo fútil como isso! Vou entrar lá e conseguir essa consulta, até por que eu juntei dinheiro pra isso e tenho esse direito!— repetiu isso para sí mesma algumas vezes antes de entrar na clínica e agendar a consulta que mais tarde resultaria em algo maior.

Ela marcou a consulta para as 17hrs, perguntou na recepção se havia um telefone que pudesse usar para chamar o táxi novamente, recebeu alguns olhares tortos da moça que era provavelmente uma estagiária e estava ao lado da recepcionista, ela seguiu até o telefone. Enquanto teclava os números percebeu uma movimentação estranha ao seu redor, olhou pra trás e logo viu, era ele, quem ela já havia procurado a tempos e nunca conseguia o momento certo para chegar perto o suficiente, mas ela conseguiu, se aproximou e logo já começou a colocar todas as palavras que esperava dizer a muito tempo.

— Por que você faz isso comigo? Por que não voltou aquela noite? Eu precisava de você e você sabia disso! Você sabia! Mas deixou que eles me botassem nisso, quer que eu mantenha isso assim?— ele a olhou no fundo de seus olhos, pegou suas mãos e sem tirar a atenção de seus olhos disse com a voz suave e calma:

— Foi você quem escolheu isso Catherine, essas são as consequências de todas as coisas que você já fez, e eu não tenho nada haver com isso. — e do mesmo modo cínico ele a deu um beijo na mão esquerda, virou as costas e foi embora como se nada daquilo importasse.

Mais tarde naquele mesmo dia minha mãe deu de cara com aquela mesma mulher que a havia insultado pela manhã, ela estava sentada na calçada, descalça e com péssimo sorriso falso. Minha mãe nunca gostou de ver alguém dessa forma, e, talvez isso explique algumas coisas depois; ela se aproximou, sentou ao lado da mulher e sem pensar muito iniciou uma conversa.

— Oi, qual seu nome?— disse coma voz calma, um sorriso tímido e o olhar acolhedor que ela sabe fazer como ninguém. A mulher a olhou, até agora sem entender o por que de ela fazer aquilo, justamente com quem a pouco a havia desprezado, pensou e finalmente resolveu responder educadamente.

— Me chamo Maia, mas por que está me ajudando? Você deve me odiar por mais cedo.— ela abaixou a cabeça em sinal de vergonha e retenção, minha mãe logo pegou uma de suas mãos e a colocou em sua barriga dizendo:

— É ela aqui dentro, eu preciso ser um exemplo para minha pequena Cloe, e perdoar você é um ótimo começo Maia. Então, o que acha de me contar o que há de errado com você?— após isso ela sorriu ao perceber que tudo isso era verdade, ela conseguiria ser um bom exemplo e eu posso dizer que até certo ponto ela foi sim um grande exemplo pra mim.

Elas passaram algumas horas ali simplesmente falando sobre problemas simples que minha mãe adoraria que fossem eles os únicos que tinha, resolveram as diferenças aparentes e se tornaram boas amigas, amigas de calçada digamos assim para termos um termo mais específico pra esse momento em especial.

Depois de muito debater sobre tudo de seus mundos ambas se levantaram, se despediram e cada uma seguiu seu caminho, minha mãe foi até a clínica para a consulta marcada e Maia provavelmente foi ao seu apartamento guiada pelos conselhos da minha mãe, os quais eu posso garantir serem os melhores quando se tratam de conflitos.

Ao chegar na clínica ela vê a sala de espera vazia, com apenas alguns funcionários, se aproxima do balcão e fala com a mesma recepcionista de mais cedo, explica que tem uma consulta marcada e enquanto a moça vira de costas ela sente algo estranho, algo gelado passa pelos seus joelhos e ela de repente se da conta de o que está prestes a acontecer.

— A minha filha vai nascer agora! — ela fala com a respiração fraca e a voz trêmula. Chama a atenção dos funcionários a sua volta e pede ajuda, e quando consegue que alguém a ajude começam as dores, dores intensas mas momentâneas, sem saber o que estaria por vir ela se desespera por não ter o médico alí, esperneia, grita e exige que ele vá ajudá-la. Uma das recepcionistas se aproxima e tenta argumentar:

— A senhora não veio aqui para um parto, não temos como fazer isso aqui, precisa ir a outro lugar— ela a encara com toda a dor transformada em ódio, os olhos em chamas, claramente estava prestes a pular no pescoço do próximo que a dissesse que não podia fazer seu parto alí e teria que se deslocar até algum hospital em um táxi imundo.

— Eu estou em trabalho de parto, se você não me arranjar a merda de um médico pra tirar essa criança com vida daqui eu juro que faço você voar pela porta garota! — ela fala em um tom sério e irritado com as unhas cravadas na cadeira em que a haviam colocado. A recepcionista se assusta com a intensidade em que ela disse tudo aquilo e passa por uma porta branca onde devia ser o consultório, ela voltou logo em seguida trazendo dois homens que acredito que eram médicos ou enfermeiros dalí, após isso ela diz que deve ter desmaiado ou algo do tipo pois não lembra de nada além de ouvir o choro, o meu choro, e depois me ver sendo levada para fora do quarto onde estava, ela olhou ao redor, procurando por um sinal de que estava tudo bem, e tudo o que ela viu foi um relógio, o qual ela me disse que estava marcando meia noite em ponto, e é esse, segundo ela, o momento exato em que ela me sentiu realmente viva.

 A recepcionista se assusta com a intensidade em que ela disse tudo aquilo e passa por uma porta branca onde devia ser o consultório, ela voltou logo em seguida trazendo dois homens que acredito que eram médicos ou enfermeiros dalí, após isso ela ...

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