Desperto...
A luz do sol arde em meus olhos e clareia o local, levanto-me e a primeira coisa que percebo é que nao me encontro em meu quarto, na verdade nao me encontro em quarto nenhum, sinto algo frio à minha volta, surpreendo-me ao perceber que é areia, fina e branca sob meus pés.
Assusto-me ao ver que estou de pé em uma praia, com uma imensidão azul à minha frente e outra verde atrás de mim, não sei onde estou e menos ainda como cheguei, minha cabeça dói quando flashes da noite passada passam por minha mente :"Na hora do jantar nos sentamos juntos, meus pais cada um em uma ponta da mesa e eu à esquerda recebendo o olhar curioso de ambos. Eu havia dito que precisava lhes contar algo, algo importante e para o qual pedi que utilizassem de toda sua compreensão.
O mais difícil não foi assumir para meus pais minha sexualidade , mas na verdade o pior foi o fato de que logo após ter me assumido gay, meu pai se levantar da mesa e com um olhar perplexo dizer:
_ Você só pode estar brincando. Diga que é mentira Louis.
Sinto-me terrivelmente envergonhado mas ainda assim nego com minha cabeça.
_N-não posso meu pai... E-eu realmemte sou gay.
Ele grita comigo, E antes que eu perceba levo um tapa em meu rosto...
_Você me enoja. É uma vergonha para mim. NÃO É MEU FILHO !
Minha mãe permanece inerte, sem apoiar meu pai nem muito menos me defender, levanto-me e corro em direção às escadas. "Filho, espere" é tudo o que ouço dela antes de subir os degraus.Subo em direção ao meu quarto onde me tranco e através da janela vejo meu pai sentado na varanda junto de uma garrafa de uísque.
Posso vê-lo se levantando e socando um dos pilares da varanda.
Eu choro como uma criança pequena que acaba de levar seu primeiro castigo, quem me visse em tal momento não acreditaria que eu tinha dezesseis anos.
Escuto uma batida na porta sabendo claramente que se tratava de minha mãe:
_Louis querido, está tudo bem ?
Ignoro até o momento em que percebo que ela desiste de qualquer possível diálogo comigo, deslizo pela porta e fico uma eternidade de segundos observando o céu escuro e estrelado através da janela de vidro, ao longe escuto as batidas do big-bang.
Dou mais uma rápida olhada pela janela e posso ver minha mãe se sentando ao lado de meu pai e dando-lhe um abraço, ele reconta a cabeça em seu ombro e de relance posso jurar que o vejo soluçar.
Talvez fosse mais decepção do que raiva em si.
Acredito que minha revelação já era esperada sendo que jamais fui o menino mais másculo, jamais gostei da ideia de brincar com carrinhos ou bonecos de ação nem da companhia de meninos de idade semelhante à minha para brincadeiras, na verdade nunca nem olhei para uma menina com algo maior que admiração nos olhos, nem meu pai fez nada além de me dar um tapa então...
Deito-me em minha cama e aos soluços molho meu travesseiro enquanto o soco freneticamente, não de raiva mas de desespero, sinto uma dor terrível em meu peito, dor que vem acompanhada de uma grande ardência em minha bochecha direta e uma imensa enxaqueca.
Sento-me e olho em direção ao espelho, posso ver meus olhos e minha bochecha igualmente inchados, um corpo magro de semanas de falta de apetite e ansiedade e um emaranhado castanho escuro sobre a cabeça.Levanto-me e pego um livro qualquer na prateleira, sinto a capa de couro fria em meus dedos, passo a mão pela capa áspera e verde onde em dourado encontra-se Peter Pan escrito em caligrafia sinuosa, sempre fora um dos meus favoritos, mesmo não sendo muito fanático por contos de fadas sempre amei a trama, os livros sempre foram meus melhores amigos, e sempre recorri à abraca-los em momentos de tristeza.
Ironicamente digo:
_ Quero fugir pra bem longe. Onde me aceitem como sou.
Agora mais do que nunca eu queria fugir para longe, e me esconder de tudo e todos, aperto o gélido objeto contra o peito e choro...
Tomo um dos remedios pra dormir de mamãe e deito-me em minha cama e sinto o vento frio do outono entrar por minha janela, meus olhos e cabeça latejam e tudo que me lembro antes de adormecer é ver uma figura de pé em minha janela."
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Outro Conto De Pan
Adventure[...] Levanto-me e pego um livro qualquer na prateleira, sinto a capa de couro fria em meus dedos, passo a mão pela capa áspera e verde onde em dourado encontra-se Peter Pan escrito em caligrafia sinuosa, sempre fora um dos meus favoritos [...]