Capítulo Único

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A noite foi incrível. Mas não dou credito ao evento. Este, foi como os outros. Várias pessoas esnobes, exibindo seus vestidos caros, suas jóias desenhadas exclusivamente para o Baile, e os sorrisos falsos escondendo as horas semanais de terapia. Até a balada, que deveria ser animada, estava monótona sem seus amigos e com um DJ meia boca. Eu teria morrido de tédio, se não fosse pelo meu melhor amigo. No entanto, apesar da possibilidade baixa de diversão em um evento como este, eu e ele sempre dávamos um jeito. Tínhamos o costume de inventar diversos jogos, como adivinhar quantos casamentos alguma senhora cheia de botox teve, ou um shot a cada pessoa que vinha em nossa direção perguntar se estávamos namorando. Depois de muitos shots, e eu quase esquecer meu nome (o que precisa de muito esforço devido minha memória fotográfica) resolvo levar meu amigo que estava pior que eu para o hotel.
-Vem vou te ajudar - falei mole, agarrando as alças de sua calça e o guiando pra perto da cama.
Hum... - murmurou, fechando os olhos, provavelmente tonto com o movimento. Quando paramos perto da cama eu trombei no pé dela me apoiando, com Harry de frente para mim. De repente o homem apoiou as mãos nas minhas que estavam em sua calça, pressionando-as para baixo fazendo o zíper estourar e a calça arriar.
-STYLES! - me assustei. -Levanta essa calça.
-Ué... Eu durmo de cueca -falou confuso.
-Espera eu sair do quarto antes de ficar nu,tapado - respondi enquanto meus olhos traidores, e bêbados, pairaram em sua cueca azul marinho. Um arrepio percorreu meu corpo.
-Nha - aproximou-se  de mim com um sorriso malicioso - Nada disso, você vai dormir aqui hoje. -Falou perto do meu ouvido arrancando-me mais arrepios e então agarrou minha cintura e me empurrou em direção a cama. Dei um berro quando minhas costas foram pressionadas pelo colchão do hotel e o corpo dele caiu sobre o meu me dando dificuldades pra respirar. Harry apoiou a cabeça na curva do meu pescoço - Hum.. Pronto estou confortável, boa noite .
-Ahhhh não - falei um pouco alto de mais, o álcool evacuara o meu bom senso. -Sai daquiiiiiiiiii... - tombei a cabeça para o lado fazendo careta  e tentando movimentar meu corpo para tirá-lo de cima de mim.
-Só se você pedir por favorzinho - levantou o rosto deixando-o perto de meu,  e fez beicinho. Gargalhei, ou tentei já que seu peso em cima de mim limitava o movimento da minha barriga.
-Nem a pau! - fiz careta e o empurrei com toda minha força fazendo-o cair ao lado do meu corpo de bruços. Graças ao álcool creio que o ele mal sentira o baque, apenas enfiou a cabeça no travesseiro suspirando. Ficou ali paralisado, e achei que tinha dormido.
-Hey, Styles - cutuquei-o virando de lado, minha barriga e minhas pernas encostaram-se à lateral do seu corpo. - Não dorme, não quero ficar aqui sozinha.
-Não to dormindo. - continuou na mesma posição e suspirei derrotada. Como seu nariz estava enfiado no travesseiro sua respiração estava pesada possibilitando que eu conseguisse ouvir cada inspiração e expiração, acompanhando o ritmo dela.
Enfiei minha mão entre seus cabelos que caiam na nuca, um pouco desengonçados. Fiz carinho naquela região tentando acompanhar o ritmo da respiração dele.
Quando eu era mais nova e morava no Rio, depois das cenas horríveis de briga entre minha mãe e o Bruno, ela se escondia no quarto para que eu não a visse machucada, depois que Bruno saia de casa enraivecido sem dar nenhuma explicação. Eu me sentava na frente da porta do seu quarto e ficava ali por horas ouvindo sua respiração ofegante. Quando finalmente eu só conseguia ouvir suspiros leves eu sabia que ela estava adormecida, então eu me permitia dormir também, muitas vezes ali no chão mesmo. Algumas noites eu acordava na minha cama, e lembranças de Bruno me colocando ali me condenavam. Geralmente eu só conseguia me recordar de algumas imagens dele roçando em mim, ou passando a mão pelo meu corpo. Porém, um dia  eu acordei sem calcinha. A partir dai ,quando minha mãe se trancava no quarto ,eu apenas me escorava perto da porta ainda de pé, esperava que ela parasse de chorar e, antes que ela adormecesse, ia para o me quarto, trancava a porta e muitas vezes nem dormia com medo dele aparecer. Uma noite, ele ficou descontrolado quando tentou abrir a porta do meu quarto e ela estava trancada. Minha mãe acordou com o barulho dele arrombando a porta. Ela quase morreu por minha causa naquela noite.
Apertei os olhos com força, e meu punho que estava nos cabelos de Harry, a raiva e a culpa circulando minhas veias, fazendo com que um sensação de queimação inflamasse a minha garganta.
- Ta tudo bem? - Quando abri os olhos, o rosto de Harry estava virado em minha direção, e sua respiração batendo em minha bochecha. Pisquei acordando do transe que acabei embarcando.
-Uhum - foi o que me permiti responder.
-Lembranças ruins? - Harry virou todo seu corpo ficando de frente para mim e seu dedão roçou pela minha bochecha, me fazendo fechar os olhos para aproveitar aquele carinho.
- Elas costumam vir mais fortes e mais constantemente quando eu bebo. - seu lábio tomou o lugar de seu dedo e começou a passear pelo meu rosto, indo da maçã  do meu rosto ate o canto do meu lábio e depois até o queixo. Agarrei o tecido de sua blusa sobre sua barriga, apertando-a entre meus dedos e segurando os suspiros.
-É um crime uma mulher como você ter tantas lembranças ruins - falou contra meu rosto.
-Pelo menos quem cometeu esse crime, esta preso nesse momento - abri os olhos e respirei fundo fitando os olhos de Harry concentrados no caminho que sua boca fazia no meu rosto. -E, aliás, se nada disso tivéssemos acontecido, nós não estaríamos aqui. - Harry parou o movimento pelo meu rosto, e me encarou com os olhos sempre cintilantes emoldurando o semblante serio do seu rosto.
- Não me faça agradecer aquele cara Dani, por favor.
-Me desculpa - suspirei colando minha nesta na dele, a sensação de embriagueis voltando a me incomodar. Era engraçado o jeito que Harry sofria, às vezes mais do que eu, com o que eu passei. - Não vamos falar disso...
- Não vamos... - esfregou seu nariz no meu, nossos olhares interligados, enquanto sua mão pressionava meu quadril me trazendo para mais perto. O hálito de álcool que ele exalava contribuía para que eu ficasse um pouco mais tonta. Queria quebrar aquele olhar para olhar sua boca, mas tinha algo mais forte ali que não me deixava fazê-lo. Eu odiava e amava ao mesmo tempo sentir aquilo tudo. Era horrível me sentir tão vulnerável assim, mas ao mesmo tempo eram incríveis as sensações que só ele causava em mim.
Passamos alguns minutos nos encarando, enquanto ele fazia carinho nas minhas costas, só aproveitando a companhia do outro ate que Harry quebrou o silêncio
-Dani... - ele sussurrou sua voz denunciando que estava tão bêbado quanto eu. - Você é a garota mais bonita que eu conheço. - passou a mão pela curva da minha cintura parando no osso do meu quadril. -E a mais gostosa.
- Pera ai - me ergui de repente, ignorando o frio na barriga que eu senti com aquelas palavras, pegando-o de surpresa. - Vou pegar a câmera para registrar você falando isso e jogar na sua cara quando você estiver sóbrio.
- Vai tomar no cú, Daniela – disse e me puxou de volta pra cama enquanto eu gargalhava. Bati com a cabeça no travesseiro e virei meu rosto para olhá-lo com um sorriso no rosto, diferente dele que estava com cara -falsa- de bravo.
- Você podia pelo menos dizer "Nossa, Harry, muito obrigada, você também é o cara mais lindo, sensual, e gostoso que eu conheço". De nada, Dani, de nada.
-Sabe por que eu não vou dizer isso, Styles? -Me aproximei de seu corpo e dei uma estala no seu nariz com meu dedo indicador. -Por que eu não conto mentiras. Você não o cara mais bonito que eu conheço, esse cara é o Chris.
- Vai lá com o Chris então - tentou me empurrar parar longe, mas eu não deixei, empurrando sua mão para longe.

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⏰ Última atualização: Nov 06, 2017 ⏰

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