Don't Be Sad

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JUNGKOOK

3 dias. 3 malditos dias. Tem exatamente 3
dias, que não consigo ao menos pregar os olhos. Tudo naquele garoto me trás lembranças dolorosas e sensações que há muito eu havia esquecido.

Como ele consegue me trazer tantas coisas ao mesmo tempo?

O jeito como me olha com aqueles olhinhos questionadores, sua forma de andar e falar, a maneira que brinca com os próprios dedos quando está indeciso sobre o que dizer... É tudo tão...Familiar, entende? Me lembra ele . Mas ele está morto. Será que é o destino querendo brincar comigo de alguma forma?

As vezes eu me sinto como se estivesse naquela época de novo. Naquele tempo dourado no qual eu só pensava a que horas o Chim chegaria, ou, se ele gostaria do meu novo corte de cabelo. Sempre foi assim, eu e ele. Nós dois, como um só. Mesmo crianças, aquele sentimento puro nasceu, era amor de qualquer forma. Sem desejo, sem atração carnal, só amor infantil e singelo de quem quer proteger o outro do quer que seja, desde os monstros embaixo da cama até às bruxas que se escondem no escuro.

E eu odeio pensar nisso. Odeio voltar no tempo e pensar esse tipo de coisa.

Por que eu sei que o tempo não vai me levar de volta para quem eu mais amei em toda minha vida.

Desde a conversa que tive com aquele detetive a 3 dias atrás, não sai do quarto. Ele sempre põe comida por debaixo da porta, mas estou sem forças para comer.

Devagar, por causa da leve tontura que me atingiu por estar tempo demais deitado, levantei-me e fui rumo ao pequeno banheiro do meu quarto.

Encho a banheira e de repente percebo que ela parece pequena demais pra mim. Entro e sinto a água morna relaxar os meus músculos tensos.

Quero sair daqui.

Mas é só mais um desses pensamentos, sabe? Daqueles que eu penso todos os dias.

Toc toc toc

Oh. Deve ser o detetive. De novo. Seria a 3° vez só hoje? Ele não desiste mesmo.

- Jungkook...eu... só abre a porta,hm? Por favor. Olha fazem três dias. Eu não sei se você comeu e eu estou meio perdido nessa casa tão grande. - a voz de Jimin ecoa no espaço vazio até o banheiro ,suspiro. - Eu preciso que saia, pelo menos um pouco. Preciso te investigar e ficar preso aí não vai ajudar. Só vai juntar cada vez mais provas contra você.

Eu não sei se deveria.

- Jimin eu..- minha voz sai falha e eu limpo a garganta - Não estou preparado.

- ao menos come a comida que eu trago? - Ele indaga, e eu coro mesmo sabendo que ele não pode me ver.

- N-não. - droga. Pra quê gaguejar tanto?

- Droga Jeon. Está querendo se matar? Fazem 3 dias! Por favor, tudo bem me odiar, mas vai se odiar também?

Sim.

Meu coração parecia querer pular do peito. A voz dele me fazia ter esse tipo de sensação, e céus, eu já vi isso antes.

- Jimin, só..me dê um tempo para eu me trocar ok? Já estou indo. - Não sei se minha voz saiu insegura demais ou fraca demais, mas, senti o leve tom de preocupação em sua concordância fraca. Ouvi os passos dele se afastando.

Me levanto da banheira e pego a toalha macia entre meus dedos. A sensação do tecido felpudo e cheiroso sob minha pele é reconfortante e eu gosto disso.

Me visto simplista e saio do quarto ainda me sentindo pouco confortável com a situação toda. Procuro Sr. Park pela casa toda, e o encontro na cozinha, e um cheiro familiar me surpreende de primeira. Comida japonesa. Sério? Como ele sabe que sushi é minha comida favorita? Rio internamente com essa possibilidade mesmo sabendo que provavelmente era só mais um coincidência.

Jimin percebe que está sendo observado e vejo suas bochechas tomarem um tom de vermelho vivo enquanto um sorrisinho tímido tenta despontar em seu rosto.

- Eu não te vi aí. Me desculpa. - diz meio sem jeito e desvia o olhar assim que o mesmo se encontra com o meu.

- Ah, não foi nada. Eu nem me pronunciei também..- digo coçando a nuca. Não faço idéia de como minha expressão facial se encontra no momento. Tomara que eu não o assuste.

- Gosta de sushi?

- sim. Muito.

- Esses fui eu quem fez, então espero que estejam comestíveis pelo menos. - o moreno deu de ombros, meio sem graça.

Não respondi nada e nem fiz questão de continuar com o assunto. Jimin continua com suas atividades com uma concentração tamanha que não tive coragem de interromper na verdade. Quando terminou tudo, ele pôs a mesa, e eu percebi uma coisa: O moreno sabia onde estava cada coisa, talheres, copos, pratos e guardanapos, como se estivesse familiarizado com o ambiente.

Ou talvez ele possa ter deduzido. É um detetive afinal.

- pronto- diz park se sentando a minha frente. - o quê você acha? - se refere ao prato de sushis variados a minha frente.

O prato estava realmente bonito.

- Parece estar apetitoso.

Ele sorri e seus olhinhos se fecham de uma maneira encantadora.

Assim que levo o primeiro sushi aos lábios, o sabor me invade de uma forma que não consegui explicar. Por que não era só o gosto, eram lembranças. Esse gosto me lembrava ele.

Ignorei e continuei comendo, apreciando os dotes culinários do meu, atualmente, detetive.

- Ei, jeon.- O moreno me tira de meus devaneios e eu o encaro. - Eu só queria dizer que.. Você não precisa ficar triste.

Você não precisa ficar triste.

Não precisa ficar...

Triste.

Triste.

É isso que eu estou sentindo. Tristeza. Solidão. Um vazio que me preenche cada vez mais e me faz me perder de quem eu realmente sou. Mas quem eu sou? Quem eu deveria ser? As respostas não estão no espelho, mesmo que eu as almeje e as procure. É só isso. Eu estou triste. Estou realmente triste, mas, ninguém nunca quis saber como me sinto de verdade. Não compreendem como dói ter que acordar e perceber a triste realidade de que estou sozinho, nesse lugar frio e sem proteção, estou perdido e não sei encontrar o caminho de casa. Agora que paro para refletir minhas palavras não param de jorrar em minha mente sem sair pela boca.

Quero gritar, espernear, chorar e nem sei mais o quê. Só quero dizer o quanto estou me sentindo sozinho e abandonado.

Eu não quero mais estar triste.
Não quero mais sentir essa tristeza.

Uma coisa quente escorre minha bochecha e eu levo os dedos ao local , estranhando aquele calor súbito que parecia querer rasgar minha pele .

Então eu percebi, que aquilo, era apenas uma lágrima ,mas uma de muitas que vieram a seguir.

E eu não me importei com os olhos atentos do baixinho. Nem quando ele levantou de sua cadeira e veio em minha direção. Nem quando passou os braços ao meu redor.

E nem quando sussurrou em meu ouvido a maior mentira de todas:

"Vai ficar tudo bem"

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⏰ Última atualização: Dec 12, 2019 ⏰

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