cap 23: park soo

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"São só mais alguns exames e você vai estar liberada ainda hoje" o enfermeiro avisou e deixou a sala em silêncio. Faziam dois dias que meu pai não vinha ao hospital, mas todas as manhãs haviam flores e chá ao meu lado, o que me fez acreditar que era ele, até agora. O bilhete deixado pelo enfermeiro fez com que lembranças da semana passada viessem. "Uma memória esquecida".

  É uma pena não poder mais ver seu rosto todos os dias, espero que tenha gostado do chá de gengibre. Era seu predileto.

De: uma memória esquecida.

Deixo o bilhete na poltrona ao meu lado. Eu precisava, pelo menos por enquanto, manter quem quer que seja essa pessoa, longe dos meus pensamentos. Eram problemas demais para que eu tivesse que me preocupar com mais esse.
Olho pela janela e o dia nublado me faz lembrar de alguém com as lentes de cor parecida ao céu neste momento...

Taehyung vêm trocando mensagens comigo ultimamente, sempre informando-me de coisas engraçadas e pedindo desculpas por não poder comparecer. Algo grande aconteceu e foi só essa explicação que recebi, depois de perder Bin, me sinto mais presa ainda em Taehyung e nos poucos momentos que estive com ele.

Além de meu pai, ele é a unica coisa que me restou. Deixo um suspiro escapar dos meus lábios quando sinto meu coração apertar.

"Bom dia, Soo" Kanabi, uma das enfermeiras adentrou a sala e sorriu. Ela veio do Japão na semana passada e seu modo de falar ainda soa engraçado. Kanabi se tornou uma boa companheira, por estar em treinamento, ela passa muito tempo comigo. Nós nos damos bem e as vezes compartilhamos nossos problemas.

"Ohayo¹, Kanabi" Vejo a moça soltar uma pequena risada com minha tentativa de japonês. A papelada em suas mãos me mostram que minha alta realmente está se aproximando.

"Você precisa assinar esses documentos para que os últimos exames sejam feitos. Seu pai veio ontem de madrugada resolver o resto, então não se preocupe" Kanabi alcançou os papéis e uma caneta, li por cima o que estava escrito, algo como permissão e que aquilo iria para os registros. Deixei de lado os papéis e estiquei meu corpo para que Kanabi tirasse o soro do meu braço.

Os exames foram feitos rapidamente. Sangue e raio-x, alguns medicamentos e recomendações, nada mais que isso. Na saída do hospital, não vi meu pai ou qualquer rosto conhecido. Eu estava com medo, para ser sincera. Medo de que na esquina aquelas pessoas estariam ali, e eu me machucaria novamente.

Medo de encontrar Bin e não saber como reagir na presença dele, ou medo do próprio Bin. Meu "amigo" se tornou um desconhecido em 10 minutos, ou menos. E isso doía, tanto que a vontade de gritar era enorme. Eu podia sentir meu peito queimar e uma bile subir a garganta só de lembrar-me da cena em que ele riu quando chamei seu nome. O medo ainda estava presente por cada célula do meu corpo.

Me sentia um fracasso.

"Soo?" Percebo algumas lágrimas nas bochechas e às limpo antes de levantar a cabeça.

"Taehyung!" Sem pensar, corro para os braços do garoto. Eu sentia saudade, com certeza sentia.

"Uou! Foi tanta falta de mim?" Riu passando seus braços pelos meus ombros. Deixei meu rosto descansar em seu peito, eu estava envergonhada pelo meu ato inesperado. Mas era tão boa a sensação de estar nos braços de Taehyung, que a vergonha era minha menor preocupação.

"Hum, muita falta!"

Ohayo¹, usado de cumprimento no Japão.

STIGMA - BTS&EXOOnde histórias criam vida. Descubra agora