Capítulo 21: Plat principal

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Hermione não teve a melhor das noites em sua primeira vez na Mansão Delacour. E a sua insônia não teve relação alguma com a cama que lhe era desconhecida ou com qualquer desconforto físico. A sua ausência de sono era motivada pela ausência de Fleur próxima a si.

Foram as poucas noites em que dividiram a cama, mas, muita era a saudade que a morena sentia do corpo da francesa próximo ao seu. Naquela noite, a cama aparentava ter tornado-se maior e mais fria e o seu corpo parecia entregue a um torpor em que nem mesmo o sono era capaz de penetrar.

Hermione vagou entre o sono e a vigilância, mas, jamais, se entregou aos braços de Morfeu. Era uma sensação sufocante, como se, em sua primeira noite sem Fleur, fosse subitamente acordar em uma realidade em que a francesa, de fato, não pertencia. A morena não lembrava ter se sentido de tal forma, muito menos, sabia como lidar com aquela sensação.

Uma noite sozinha foi necessária para despertar, dentro de Hermione, o sentimento de necessidade. Era prematuro afirmar, mas, naquele momento de sua relação com Fleur, a advogada não lidava bem com a ideia de se afastar. O que era estranho visto que, apenas há alguns dias, cogitara deixá-la por não tê-la sentido inteira junto de si.

Contudo, Fleur Delacour não era Astoria Greengrass e nem podia ser comparada a tal.

A francesa era exatamente tudo que Hermione desejara, encontrada quando não procurava. Fleur sorria verdadeiramente quando estava ao seu lado e tudo que a advogada queria era proteger aquela felicidade, queria que Fleur a sentisse em todos os dias e queria que esse sentimento iluminasse os olhos cerúleos que aprendera a amar.

Sim, o amor.

O sentimento que era confuso e abstrato para Hermione e que se personificou em Fleur. Aquilo que lera em livros e que, agora, sentia intensa e inteiramente em seu corpo. Sequer se levantara e seu coração estava acelerado, mal pensara em Fleur e toda a sua mente já projetava a imagem saudosa dela em sua mente... Hermione sorriu, bobamente, para suas mãos quando as flagrou tremendo ao lembrar Fleur.

Estava perdidamente apaixonada por aquela francesa complicada e intempestiva. E, assim como a sua razão era teimosa, o seu coração também era e, por isso, Hermione estava disposta a lutar.

Não somente contra Othon e, também, contra qualquer obstáculo que se interpusesse entre ela e Fleur. E, em seu íntimo, silenciosamente sabia que a francesa estava disposta a fazer o mesmo... E era reciprocidade de um sentimento dessa magnitude que a trouxera a França.

E era, sobretudo, pelo amor correspondido que ela aceitara aquela noite sozinha.

Os olhos castanhos de Hermione despertaram efetivamente somente quando ela tomou um banho frio. Suas mãos tatearam por roupas que ela não se preocupou em escolher e ela saiu do quarto quando apenas uma luz pálida ousava desenhar-se no céu de Paris.

No corredor, uma brisa fresca lhe deu bom dia. Hermione sorriu para a corrente de ar que tocou a sua pele e caminhou devagar pelo corredor dos quartos da Mansão Delacour. Diferentemente de seu quarto, o quarto de Fleur ainda encontrava-se fechado e silencioso. Ainda que seu coração tivesse apertado, a morena sabia quão esgotada - física e emocionalmente - a francesa estava.

E ainda tinha a inauguração naquela noite!

Os punhos de Hermione imediatamente se fecharam quando ela lembrou-se do evento, assim como sentiu a fúria percorrer sua corrente sanguínea, tornando seus olhos frios e suas bochechas rosadas.

Othon Delacour estaria naquele local e, a partir da primeira impressão, Hermione tinha a certeza de que ele não deixaria Fleur em paz. Othon era um perseguidor do pior tipo e, pior, estava impune. Não poderia contar com alguém da família para proteger Fleur.

La Petite Mort [FLEURMIONE]Onde histórias criam vida. Descubra agora