ㅡ Você tem certeza do que está fazendo?
ㅡ É claro que não. Mas eu preciso visitar minha tia. Sou a única que sobrou.
ㅡ Por favor toma cuidado Pryia.
ㅡ Não se preocupa. O que de ruim pode acontecer?
Eu não tinha ideia do quanto podia dar errado.
Havia uma história que minha mãe sempre contava pra mim. Uma em que todos os personagens morriam. Uma em que não havia esperança. Uma em que só existia medo. Mas ela me dizia que eu sobreviveria a qualquer circunstancia, porque estaria protegida por alguém forte. Eu sempre pensei que fosse meu anjo da Guarda, mas ele era meu anjo da morte.
Andei as cinco quadras de distância entre a minha casa e a casa da minha tia. Iria visita-la pois ela estava em estado terminal e queria dar adeus a sua única sobrinha e unica parente viva.
Quando entro na rua, meu telefone toca. Minha amiga Lily ligou pra mim o dia inteiro com um precentimento ruim sobre essa visita. Ela dizia que coisas ruins poderiam acontecer comigo.
ㅡ Oi.
ㅡ Você foi mesmo pra aquela casa?
ㅡEu preciso ir Lily. Não restou mais ninguém da minha família.
ㅡ Achei que eu fosse sua família também...
ㅡ Lily.... Alô?...
A ligação caiu. E sem perceber eu já estava em frente a casa da minha tia.
Dei passas hesitantes lembrando-me de uma conversa que tive com Lily não muito tempo atrás sobre o meu primo Jonas.
"ㅡ Como você suporta ficar perto dele Priya?
ㅡ O que há de ruim nele pra suportar? ㅡ Perguntei.
ㅡ Você realmente não sente algo de estranho quando está perto dele?ㅡ Rebateu indignada.
Fiquei calada uns instantes, mas dei de ombros.
ㅡ Eu tento ignorar.
ㅡ Pois você não deveria. Uma vez ele foi me cumprimentar e fiquei mais de uma semana tendo pesadelos.
ㅡ Pode ter sido coisa da sua cabeça.
Ela mecheu a cabeça impaciente.
ㅡ Não foi coisa da minha cabeça. Você pode não acreditar em mim, mas por favor toma cuidado quando estiver perto dele. Ok?
Suspirei e retirei os olhos.
ㅡ Tudo bem. "
Seria fácil de manter a minha palavra, pois Jonas tinha desaparecido a meses e a polícia o tinha declarado morto. Respirei fundo e dei mais alguns passos para dentro da sala.
ㅡ Tia Minerva? Está aí?
ㅡ Porquê você veio?
Pulei de susto e virei na direção da voz.
ㅡ Oi tia, eu vim te visitar. ㅡ Disse hesitante.
Sua feição estava pálida e cansada. A doença realmente estava sugando sua vida.
ㅡ Não deveria ter vindo. ㅡ Sua voz está chorosa. ㅡNão deixe ele te levar também. O sacrifício não foi aceito. Ele precisa de sangue puro. Ele quer você.
Todas as janelas se partiram ao mesmo tempo. Gritei. Consegui me abaixar, Mas não vi se minha tia tinha feito o mesmo. A unica coisa em que pensava era sair daquela casa. Não queria ouvir sobre sacrifícios e sangue. Só queria ir embora. Porém a porta não cooperava. Não sabia como, mas estava trancada, eu tinha certeza de que estava aberta.
ㅡ Use a porta da cozinha, Priya. Rapi...
A frase foi terminada com um grito estridente.
ㅡ Tia!!
ㅡ Fuja Priya!!!!!
Corri o mais rápido possível até a cozinha, mas a porta também estava trancada. Aquilo era um pesadelo transformado em realidade.
O que eu faço? Eu preciso de ajuda!ㅡ Eu posso te ajudar.
Calafrios subiram pela minha espinha. O único som que se ouvia era da minha respiração ofegante. Eu me tremia. Uma voz sinistra e sussurrante falou ao meu ouvido.
ㅡ Quer minha ajuda? Tudo que precisa é me tocar e nosso pacto será selado pra sempre. Apenas me dê sua vida em troca.
Meu Deus. Lágrimas grossas desciam pelo meu rosto. Com o único átimo de coragem que me restava perguntei.
ㅡ Por que está a minha procura?
A voz demorou a me responder. Mas quando falou o meu coração estremeceu.
ㅡ Por que o seu espírito incrédulo é como mel puro para mim. Por que sua angústia e desespero me dão energia e sua alma será permanentemente minha.
Senti suas garras geladas em meu braço e me desesperei.
Porém quando achei que já morreria nas mãos do que um dia fora meu primo Jonas, a porta se abre num estrondo.
ㅡ Fique longe dela Jonas!
ㅡ Lily!
Aproveitei a oportunidade e corri.
ㅡ Não adianta correr. Nem tente se esconder. Eu vou te achar.
Eu me perdi pela casa.
ㅡ Como fiz com seu pai.
Tentei abrir uma porta aleatória.
ㅡ Como fiz com sua mãe.
A porta não abria.
ㅡ Como fiz com seu filho e seu primo cujo corpo eu tomei para mim.
Bati na porta desesperada.
ㅡ Por favor abra!
Como mágica a porta se abriu. Entrei imediatamente e tranquei a porta.
O único som que se ouvia era da minha respiração.
Inspira.
Expira.
ㅡ Eu sei onde você está. Eu sempre soube.
Gritei.
Corri.
A casa era o meu julgamento e Jonas era meu executor.
Encontrei mais uma porta e dessa vez ela estava aberta. Entrei e dei de cara com um altar cheio de velas e fotos. Fotos minhas. De todos os meus momentos de vida, de pequena, a idade atual, estava tudo enquadrado no altar.
Olhei para todos os lados e em um canto escuro vi uma sombra se movendo. Comecei a me afastar.ㅡ Não, por favor, não se afaste.
A voz me era familiar.
ㅡ Estive a sua espera.
ㅡEu já ouvi isso antes. ㅡ Respondi.
ㅡ Só você tem o poder de acabar com essa maldição.
Estranhei, mas momentos desesperados pedem medidas desesperadas. Levantei o queixo e perguntei.
ㅡ Como?
ㅡ Mate sua amiga e o demônio que ela invocou voltará de onde veio.
Estupefata questionei.
ㅡ Quem é você?
A sombra se moveu do canto escuro e disse.
ㅡ O verdadeiro Jonas.
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TOQUE
Short StoryRespire. Inspire. Expire. Não corra. Não se esconda. Não importa. Ele irá te achar. E não importa como. Não deixe ele te tocar. Uma família. Um sacrifício. Um toque. Priya sempre acreditou que havia algo de errado com seu primo. Ela estava...