Nós nunca esperamos que coisas ruins ocorram em nossas vidas. Planejamos cada passo para os próximos anos sempre com coisas boas: aprender a falar uma língua nova, fazer aquela viagem dos sonhos, entrar na faculdade desejada, conhecer a pessoa que vai ficar ao seu lado para o resto da vida, realizar todos os sonhos de seus pais... Nesse cálculo, coisas ruins não tem espaço e nem permissão para existir.
Mas, ah, como nos enganamos e somos tolos. Nada disso sai como planejamos.
Nesse meio tempo, você pode ter seu coração partido por um babaca qualquer.
Ter sofrido bullying no ensino médio pela descendência turca que carrega nas veias.
O primeiro beijo ter sido com um garoto que não a respeitava.
Ter menstruado no meio de um jogo de futebol.
Virado amiga de uma garota que espalhou seus podres para toda escola.
Sienna poderia continuar com aquele lista mental por um longo tempo, mas nada, absolutamente, nada seria pior do que a noite do seu aniversário de 15 anos.
Ela teria feito tudo tão diferente.
Teria abraçado mais o seu irmão, e falado que tudo bem ele mexer nas suas coisas, e sumir com a sua maquiagem.
Teria beijado sua mãe mais uma vez no rosto, e agradecido pelo lindo presente que se encontrava em seu pescoço agora.
E, acima de tudo, não pediria para seu pai mudar a música que preenchia o som no carro.
Não tinha muitas memórias boas do presente magnífico que havia recebido do destino aos quinze anos. Lembrava que estava frio.
E havia neve por todo o lugar.
Luzes de Natal piscavam ao redor, e algo se quebrou dentro dela. O primeiro Natal sem sua família.
Um cheiro de gasolina no ar, vidro estilhaçado ao redor e tudo doía.
Lembrava da garganta doer de tanto gritar, de chamar pelos pais e irmão.
O mundo estava de cabeça para baixo, o gosto violentamente metálico de sangue na boca.
De repente, alguém a puxou para fora daquele caos, desprendendo seu cinto.
Sienna gritou mais, coberta de sangue, partes do corpo quebradas e machucadas, enquanto o homem a arrastava pela neve, longe da cena horrível que seus olhos presenciaram.
O barulho da explosão foi logo em seguida. Sua visão foi completamente tomada pelo manto alaranjado do fogo, resultando em noites de pesadelo que a seguiriam pelos próximos meses.
Então o mundo ficou escuro.
E três luzes apagaram-se naquela noite.
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ROOM FOR 2
FanfictionSegundo um ditado popular, depois da tempestade sempre existe um arco-íris; cientificamente falando, só é possível ver um arco-íris após uma chuva se fizer sol e com isso, a luz é refletida no interior delas e devolvida ao ambiente na forma das core...