Edgar.Bem por onde começar?Aconteceu quando eu tinha dezesseis anos.Minha família sempre gostou da mata.E comigo não era diferente.Todo ano nossa turma vinha de todos os cantos do globo para nos reunimos no chalé da família.Porém as coisas não estavam como antes. Eu tinha ficado muito irritado com um dos meus primos mais velhos.Eles me encheram a paciência falando que eu era criança e no final eles viram como é levar uma surra de criança.Meus pais ficaram furiosos com minha atitude e me deram uma bronca.Acho que foi por causa da puberdade ,mas quando vi tinha dito uma coisa horrível para minha mãe e ela me estapiou no rosto. Sem pensar duas vezes saí pela porta da casa de madeira e rumei mata adentro com o sangue fervendo nas veias.Minha raiva era tanta que só percebe que tinha me afastado demais do chalé quando esfriei a cabeça e não consegui mais avistar nosso ponto de encontro que era o chalé.Olhei ao redor tentando não entrar em pânico.Contei até dez mentalmente e segui na direção que eu tinha vindo na esperança de voltar a meu ponto de partida.Andei pelo que pareceram horas até ter a certeza que estava realmente perdido.Meu coração batia forte contra as costelas querendo sair pela boca.Porém o pior de tudo foi ter que recomeçar a andar e sentir que havia algo junto de mim."Pare de paranóia" disse para mim mesmo.Quanto mais eu andava mais a floresta a minha volta parecia mais assutadora e sombria.O silêncio era perturbador, era como se não houvesse vida naquela floresta e o que foi mais aterrorizante do que a mata muda foi o som de galhos secos se quebrando a minha volta.Coração acelerado, suor frio escorrendo pelo rosto, garganta seca e olhos esbugalhados eram o que me definiam no momento em que a minha frente saindo das sombras um animal canino surgiu.Pelos negros,dentes brancos pontiagudos e seus olhos....
Eu ainda os vejo em meus sonhos, vermelhos,brilhantes.Soltei um grito me encolhendo no chão no momento em que ele pulou por cima de mim.Meus olhos se esbugalharam ainda mais quando vi o que o estranho animal atacou.Uma criatura de forma humana esquinha, braços compridos com mãos e dedos finos, muito, muito magro, sua pele parecia mármore e sua cabeça esquelética possuía cabelos negros embaraçados como uma moita.O cão o mordia e o ser usava seus dedos finos para perfurar o corpo do animal.Meu corpo teve mais ação que eu e quando vi já tinha saído em disparada sem me importar para onde. Corri sem olhar para trás. Tinha a impressão de que se o fizesse seria meu fim.Quando deu por mim já estava diante o chalé dando de cara com minha família toda preocupada comigo.Ainda tentando entender o que havia acontecido disse para eles que me perde e pedi desculpa aos prantos para minha mãe. Chorei nos três dias seguintes até meus país me enternarem. Os médicos disseram que meu choro foi resultado do medo de não conseguir retornar para casa.Eu fiquei bem depois de um tempo.Não, não contei para eles o que eu vi naquele dia.Pesquisei e descobri que aquele animal é um tipo de mediador.Ele anda na fronteira da vida e da morte atrás de almas perversas.Seja o que for aquilo que vi na florestas estava atrás de mim e o lobo me salvou.Sou eternamente grato a ele por isso.