Ele tem agido estranho. Mais atrevido. Parece que tenta ser como seu pai.
Darwin nega tudo, mais mentiras de seu repertório.
Seu pai traía Marina, a mãe dele, uma senhora adorável e a única da família que não achou inusitado o filho a apresentar seu namorado. Seria uma pena acabar com essa amizade por causa das merdas que Darwin faz.
Tentei falar com a mesma sobre isso, ela se manteve positiva. "Não se preocupe Henry, ele é um amor. Não seria capaz de tamanha falta de caráter." Não a culpo. Depois do marido, se agarrar nas boas intenções do filho parecia uma opção adequada, isto é, se as intenções dele fossem mesmo tão admiráveis.
E mais, nossa relação sempre foi maravilhosa. Fotos lindas, encontros românticos, tempo um pro outro... Não que seja uma desculpa, não é. Poderíamos ter resolvido tudo de um jeito saudável, conversando, por exemplo, mas nossa vida virou uma daquelas séries em que o personagem demora uma temporada inteira pra resolver algo que, normalmente, seria resolvido com uma simples conversa. Só isso.
Estávamos jantando. O silêncio não era confortável como à algum tempo atras, tudo estava muito duvidoso. Sua concentração no prato a sua frente, os olhares nervosos sempre procurando uma saída. Era de partir o coração.
"Darwin? Você parece nervoso. Como uma criança quando faz algo de errado e tem medo de ser pega. Pode me contar o que aconteceu?"
"Não é nada."
"Sempre a mesma resposta." Digo , pensando estar inaudível, mas ele ouviu.
Ofendido, se levanta e sai, batendo a porta da frente, fazendo a casa toda ecoar.
Fico eu, com meus pensamentos, mais uma vez me culpando por algo que eu não fim.
Uma lágrima silenciosa desce pelo meu rosto. O que nós nos tornamos?
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Short Tails
Short StoryContos rápidos escritos por uma mente fantasiosa nas madrugadas solitárias. Alguns baseados em músicas, com leves referências ao decorrer da ~trama~. Hope u enjoy :)