MARINE

HERGUS

O garoto que eu havia conhecido antes, estava a minha frente me contando exatamente como funciona todo o castelo. Pelo o que ele me dissera, exitem dois príncipes: Kieran e James. Dois opostos. Hergus passou a maior parte do tempo falando sobre o príncipe mais novo, Kieran. Eu já não prestara atenção em mais nada, só gostaria de fazer logo o meu trabalho e se Deus ajudasse, não encontrar nenhum da realeza. Acabei escutando quando ele começou a contar sobre a Princesa Amalia. Pelo o que entendi, ela não morava aqui. 

-Tem certeza que a senhorita é mesmo deste reino? -Hergus me perguntou inconformado.

-Sim. 

-Mas a senhorita não conheces nada daqui. Isto me impressiona. -ele continuou me olhando assustado.

-Não precisa me chamar de senhorita, pode me chamar de Marine. É o meu nome. -sorri para ele e me pus a levantar da cadeira.

Nanette havia me deixado sozinha com Hergus, para que ele pudesse me ajudar com as tarefas. Ela deu ordens para que não me deixasse entrar no palácio e que ele não tirasse os olhos de mim. 

-Onde está indo? -Hergus me perguntou. 

-Ao trabalho. Vamos! -segurei o enorme vestido que era de minha mãe e comecei a caminhar para o fundo da cozinha.

Escutei alguns gritos do garoto atrás de mim, dizendo algo como "Ainda não terminei de lhe explicar tudo!". Continuei caminhando, até que ele chegou ao meu lado.

-Irá me ajudar na prataria. -escutei sua voz bonita me dizendo -Na verdade, irá ajudar as senhoritas. -sua grande mão se levantou e seu dedo apontou na direção de três meninas que ainda estavam cochichando e olhando para mim.

Eu não gostaria de passar todo o meu tempo com essas garotas, porém era necessário. Preciso das moedas. Ele me acompanhou até o lugar onde as três amigas estavam. Suas roupas eram praticamente idênticas e seus cabelos trançados para trás. 

-Esta é Linda. -Hergus apontou para a que estava a minha esquerda. Seus longos cabelos eram loiros como fios de ouro, seus grandes olhos verdes me analisavam de alto a baixo.

-Brie. -agora ele apontava para a menina do meio, com cabelos castanhos e brilhantes. Ela foi a única que sorriu pra mim.

-E Greer. -a garota da direita, com uma longa trança preta, arqueou sua grossa sobrancelha preta para mim.

-Meninas, esta é Marine. Ela ajudará vocês esta noite. Por favor, a ensinem tudo sobre as pratarias. 

Hergus terminou de falar e se distanciou de mim. Ele não ficou muito distante, estava logo atrás preparando algumas bandejas com vinho. Me senti um pouco incomodada pois as garotas fingiram que eu nem sequer estava ali. Apenas a menor, Brie, que me lançava alguns sorrisos acolhedores. Comecei a imitá-las, fazia o mesmo processo das três. Pegava uma prataria e a polia, do mesmo jeito que as garotas a minha frente faziam. Pelo jeito, eu não estava fazendo certo. Brie se aproximou de mim e sorrindo disse bem baixinho:

-Eu vou fazer uma vez e você poderá ver como se faz.

-Me desculpe, eu nunca sequer vi algum talher como estes em minha vida. -eu disse.

As duas outras meninas soltaram risadas nada amigáveis. Não me importo. Estou aqui apenas pelas moedas.

Depois que Brie me ensinou, peguei o jeito e acabei todo o meu trabalho antes mesmo que as outras. Hergus percebeu que eu havia acabado e veio até mim.

-Vejo que se deu bem com as senhoritas.

Meus dentes mal apareceram no sorriso mentiroso que esbocei.

-O que posso fazer de útil agora? -perguntei.

-Bom, não sei. Irei perguntar a Nanette e voltarei para avisá-la. Enquanto isso, sinta-se a vontade para servir-se dos nossos alimentos.

Concordei com a cabeça, enquanto observa Hergus caminhar até Nanette.

-Por que está usando este vestido? Acabou de sair do seu casamento? -Linda se dirigiu a mim de forma sarcástica.

-Pare com isso! -Brie falou nervosa.

-Está defendendo a esquista agora? -Linda perguntou.

-Apenas pare. Ela é uma convidada de Nanette.

Eu ouvia tudo aquilo calada. Nem fiz o esforço de me mover ou responder a toda aquela retaliação.

-Não importa, ela logo irá embora mesmo. -Linda bufou.

Me virei procurando por Hergus e ele ainda permanecia com Nanette.

-Não se importe com elas, não sabem o que estão dizendo.

Brie se aproximou de mim sorrindo. Ela era tão amigável, diferente das outras.

-Não me importo. Tenho problemas maiores. Estou precisando de moedas, assim que consegui-las estarei bem longe do castelo e de suas amigas. Mas obrigada por se preocupar.

-Seu vestido é lindo! -ela me disse.

-Era de minha mãe. Fico agradecida pelo elogio. -sorri para a menina.

-Marine, tenho um trabalho para a senhorita. -Hergus nos interrompeu.

Brie nos deu licença e Hergus continuou a falar.

-Uma das nossas meninas do salão torceu o pé. Pobrezinha. Precisamos que vá servir os nobres.

-Mas eu não posso...

-Eu sei! Disse para Nanette que a senhorita não conhece o palácio e que seu vestido a confundiria com uma princesa. -Hergus segurava suas mãos parecendo preocupado. - mas ela está convicta que quer você lá dentro.

Respirei fundo, preocupada, enquanto tentava encontrar Nanette.

-É simples. O Salão Real é um imenso círculo cheio de nobres e a realeza. Você só precisa servi-los. - com Hergus dizendo, tudo parecia realmente muito simples.

-Não sei se consigo.

-A senhorita arrancaria olhares por onde passar. Sei que consegue.

Hergus se virou e pegou um conjunto de bandejas. Taças e taças de vinho. Isto não vai prestar. Ele a entregou para mim e sorrindo disse:

-Vá por aquela porta e sirva a todos.

Encarei a grande porta de madeira onde havia sido gravado as iniciais da família Real. Respirei fundo e caminhei torcendo para que isso tudo acabasse rápido.