Introdução
Se você que pretende ler este “livro” imagina ou supõe que essa é uma história com um final feliz, está enganado... Se você estiver pensando que por se tratar de um suicídio, já ache uma bobagem, pare de ler agora, mas se você acredita que pode tirar proveito de alguma coisa, não se esqueça de mostrar a outras pessoas.
Meu nome é Alisson, tenho 17 anos, gosto de ler, escrever, desenhar, na maioria das vezes, uso minhas experiências pessoais como inspiração para minhas histórias e desenhos, basicamente é todo fundamento do que escrevo, e aqui não será diferente. Isso não é uma autobiografia, eu não estou fazendo uma declaração de minha vida, tão pouco relatando fatos reais, porém tenha em mente que por se tratar de apenas uma história não significa que não possa conter inspiração real.
Mais uma coisa, todos temos nosso devido valor aqui, todos querem a mesma coisa de uma forma ou de outra, seja ela amor, felicidade, prazer, eu não sei se você tem problemas em sua vida, mas eu quero que saiba que não está sozinho no mundo, sua vida é algo único, e esse tempo precioso que você possui também, ele passa, e infelizmente você não pode desperdiçar, então pense só por um minuto, que a vida é muito mais do que podemos enxergar, é um clichê, mas é um fato verídico, as pessoas são mais do que os olhos podem ver!Capítulo 1:
Traga me de volta para os seus pensamentos
Uma certeza que temos é que, em algum momento de nossas vidas nós iremos nos relacionar com alguém, e quando eu digo “relacionar” não me refiro apenas em namoro, ficar, beijar, uma relação de amor não necessariamente precisa conter esses fatores, de qualquer modo, eu vou lhes contar o que significa uma verdadeira história de amor e tristeza.
Pleno 2017, um século diferente e bastante atípico, um ano conturbado e cheio de surpresas, em um lugar calmo e tranquilo no litoral, precisamente em um estado esquecido pelo resto do país, vivia um jovem, no auge dos seus 17 anos, esse jovem sou eu, Allan, uma pessoa dramática e sentimentalista, e ao mesmo tempo egocêntrica e “solitaria”.
Vamos entender um pouco esse caráter, todos nós temos nosso lado bom e ruim, isso é evidente, o que nos leva a pensar na razão disso, o que é bem simples, o lado ruim existe justamente para que o lado bom se torne melhor, somos pessoas, temos hormônios, temos sentimentos, isso é normal e forma divisões dentro de nossas mentes.
Eu posso dizer para você que sua mente e seu coração são ligados por um fio que se conectam a uma balança enorme, e nesse ponto as coisas que acontecem na sua vida vão pesando os lados da balança que se separam por “feliz” e “triste”, isso vai moldando os lados, por exemplo, uma pessoa sofre por amor, então o lado “triste” pesa mais, sua mente irá absorver isso da forma que conseguir e estimular suas ações e seus pensamentos em cima disso, logo essa pessoa pode se tornar depressiva, insegura, desconfiada, paranóica, pois os acontecimentos e experiências tornaram os estímulos mentais dela algo negativo e, posteriormente a tornou uma pessoa egocêntrica e “solitaria”. Mas porque estou dizendo tudo isso? É bem simples, é exatamente o que aconteceu comigo depois de passar, talvez pela maior e última perda amorosa que já tive.
Depois de sair de um relacionamento duradouro e complicado, imaginei que seria difícil gostar de alguém e tal, é um velho clichê que todos pensam, comigo não foi diferente, estava no fim do 2° ano letivo de coração partido e crendo que o amor era uma grande bobagem. Por diversas vezes na noite escutando alguns “hinos” consolidados da própria tristeza eu diria, como “Snuff” (Slipknot) ou “Still Into You” (Paramore), eu me encontrava triste e deprimido, tentando superar, claramente foi algo que marcou o fim do meu 2016, mas eu superei. Passei de ano e cheguei no meu tão aguardado final escolar, o 3° ano, eu pensava comigo mesmo “é uma grande conquista”, mas logo que o ano começou a desenrolar isso não foi o que se destacou em minha mente, não demorou muito para me destacar na sala e na escola e com isso fazer amigos.
Enquanto eu dava andamento ao meu processo de socialização escolar, uma menina que me observava durante o recreio me chamou atenção, ela sentava junto de sua amiga e as suas eram extremamente sozinhas e vergonhosas, desviavam o olhar sempre que eu olhava de volta e era sempre evidente que estavam falando alguma coisa sobre mim, era engraçado mas nunca saiu disso. Conheci pessoas novas em meu Facebook, todo aquele processo de fim de namoro onde você vai fazendo novos amigos e etc.
Eu conheci uma menina, e nós nos tornamos amigos, começamos a conversar todos os dias, mas não era algo descontrolado, pois ela tinha um tempo determinado para usar seu celular, nesse ponto percebi que era diferente, ela era extremamente gentil e bem humorada, isso mudava o meu humor, pode parecer clichê eu dizer “ela era diferente” mas ela não falava palavrões, não tinha malicias, não era arrogante, não pensava em postar fotos vulgares para atrair homens e elogios, não tinha preocupações com “ser conhecida” ter “status”, ela não dava importância para futilidades que normalmente escravizam a maioria das pessoas. Nesse ponto eu já estava bem intrigado, era como deitar todas as noites e pensar em quantos pontos positivos ela possuía, você não acreditaria mas ela era incrível, inteligente, dedicada, é tudo que uma pessoa pode querer.
Certo dia ela disse ter me visto na escola, certamente fiquei espantado, nessa hora perguntei especificamente onde e como, foi então que tive a surpresa, ela era a mesma menina que trocava olhares comigo na escola, isso foi inacreditável, a partir desse ponto tive certeza que estava gostando de alguém novamente. Se passaram alguns dias e nós começamos a andar juntos na escola, aquele suor frio escorria no meu rosto, juntamente com a boca seca e o tenebroso e insordido frio na barriga, dava pra ver no olhar dela a timidez tomando conta de seu ser, a vergonha, nós conversávamos pouco pessoalmente, demoramos um pouco para pegar intimidade, ela me recomendava músicas das quais iriam se eternizar na minha mente com a lembrança dela, isso funciona como uma etiqueta, você jamais esquece uma pessoa que te recomendou uma música e ela estava se eternizando em minhas memórias.
Alguns dias depois resolvi abrir o jogo e dizer o que estava sentindo, novamente surpreendido, ela também estava gostando de mim, começamos a ter os melhores dias juntos, eu tinha uma vontade imensa de estar ao seu lado, e constantemente me vinham memórias de seu rosto e seu sorriso, suas bochechas se avermelhado de timidez me deixavam sem reações e por mais que os momentos pessoalmente durassem pouco, não me importava, era apenas eu e ela e só isso era importante.
Estava tudo indo maravilhosamente bem, era aquele amor recíproco, ela era excepcional, tinha seus costumes peculiares de misturar inglês com português e uma disposição enorme para ser dramática, seu humor era uma mistura de cores que melhoravam completamente o meu humor, isso era tudo que eu precisava. Mas como a vida é sádica e masoquista, algo aconteceu, e eu não esperava que as consequências trariam consigo meu fim.
Eu nunca tive muitos amigos, mas os poucos que eu tinha eram suficiente, eram aqueles amigos em que podemos confiar, infelizmente um deles morreu, e foi da pior forma, ele se matou. Alguns dias antes dele cometer suicídio nós havíamos brigado, parecia uma briga normal de amigos, mas me intrigou quando ele disse “cansei de viver na sua sombra”, paramos de nos falar a partir disso, notei também que ele tinha se tornado amigo de Maria (a garota da qual eu estava gostando), mas isso não me preocupou muito, os dias foram passando e percebi que Leandro (o amigo que se matou) parou de frequentar a escola, foi então que resolvi perguntar a Maria se ele estava bem, e ela me disse que ele estava com muitos problemas, apanhava do pai, o irmão mais velho tinha morrido por dívidas de drogas, então me lembrei que, o que me aproximou de Leandro foi o fato de ambos terem vidas difíceis, então ela me disse que eu deveria falar com ele antes dele cometer alguma besteira, pois além dele não escutar mais ninguém além de mim eu era o único amigo que apoiava ele nos momentos difíceis estava brigado com ele, então eu repensei no que aconteceu e estava considerando engolir o orgulho e ir falar com ele.
Eu pretendia esperar alguns dias, é aquele clássico momento onde começamos a enrolar as coisas por medo, então adiamos as coisas, mas ele não tinha alguns dias, 3 dias depois de ter falado com Maria, ele foi para a escola, eu o vi, mas não tive coragem de falar com ele, minha mente pesou, pois eu tinha prometido a Maria que falaria com ele, mas não consegui, e no final da aula, ele se jogou do último andar da escola, seu corpo se entrelaçou nos cabos de energia, ele tomou vários choques até o corpo se desprender e continuar caindo, até chegar nas grades da escola e estraçalhar o corpo, eu não pude me mover naquele momento, minhas mãos tremeram e meus pés ficaram imóveis, ao mesmo tempo que eu não me firmava em pé.
Eu estava atrasado, a escola ficou de luto, prepararam seu funeral mas eu não tive coragem de ir, quando voltei para a escola, as pessoas ainda comentavam, caçoavam dele, diziam que ele era idiota por tirar a própria vida, e eu não conseguia defende-lo, eu só me lembrava do último momento que eu o vi, quando eu procurei Maria ela não queria falar comigo, ela disse que eu podia ter evitado aquilo, e ela tinha razão, o medo que eu tive era um orgulho e ego inflado, as pessoas sentem isso quando brigam com alguém, e eu deveria ter deixado isso de lado, ela ainda me disse que ele só queria que eu falasse com ele. Minha consciência pesou demais e eu esperei passar alguns dias para falar com Maria novamente, nesse meio tempo eu percebi que tudo estava “desandando” de novo, eu voltei a tomar antidepressivos para dormir e os pesadelos do passado voltaram a me atormentar.
Quando fui falar com Maria novamente ela apenas me perguntou “tem algo que você queira me dizer” nesse momento passou todas as coisas na minha cabeça, principalmente a vontade de explicar que eu tive medo, que fui fraco, mas na mesma hora eu tive medo de novo, senti vergonha de dizer isso, e mais uma vez deixei o ego falar mais alto, deixei ela partir com a consciência de que eu ainda podia mudar as coisas mas estava imóvel por um medo psicológico que me impede de ter atitude, a partir dali, tudo tinha acabado. Foi então que comecei a entrar num ciclo interminável, onde eu não dormia, não ficava feliz com nada, eu estava na chamada depressão profunda. Bom, para ajudar minha mãe tinha problemas “piores”, não tinha tempo, disposição e recursos para ficar atrás de mim, meu pai foi embora quando eu era pequeno, teoricamente eu estava sozinho, com a mente muito pesada e com os problemas do passado voltando. O restante da família não se importava, os pesadelos de abuso estavam voltando com frequência e logo, não estava achando mais saída, eu queria apenas que tudo parasse, um fim para os tormentos na mente, foi então que as ideias de suicídio voltaram. Vamos entender uma coisa, eu já passei por isso antes, eu tive problemas de aceitação social, o fato de ter sido avisado quando pequeno me atormentava bastante e principalmente a falta de um pai, eram pancadas em cima de pancadas, pessoas passaram a me criticar constantemente e o meu amor (Maria) estava muito longe agora, tudo que eu precisava era de um pouco do seu humor e dramatismo, mas naquele ponto a balança de tristeza já estava atolada e eu não tinha mais vontade alguma de viver, nem Maria ao meu lado ou Leandro, então comecei minha contagem de dias, até que ponto eu aguentaria tudo aquilo, e se eu aguentaria de fato.
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Meus 10 dias Antes Do Suicídio
RomanceUma história de amor recíproco e apreciável que se desfaz em um triste acontecimento e acaba gerando uma série de acontecimentos e por fim acaba gerando uma contagem regressiva para uma deriva chamada "suicídio".