A curiosidade descobre caminhos

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Sofia caminhava com dificuldade.

Seus passos eram lentos, custosos e a respiração parecia não ser suficiente para sustentar seu corpo. Arrastava-se em um caminhar difícil. Uma névoa escura e sinistra dominava o ambiente e Sofia caminhava assustada.

Seus olhos cor de mel, esverdeados e atentos movimentavam-se incessantemente em busca de algo que explicasse o motivo de sua presença ali. O ambiente dava-lhe calafrios, mas ela caminhava. Desistir não era uma opção e a curiosidade impeliu-a a continuar.

Estava arrepiada, suada, cansada. Sua boca seca e entreaberta denunciava a tensão do momento.

Tentou afastar a névoa sinistra balançando a mão direita em frente ao seu rosto. Um pouco mais à frente identificou uma porta com uma maçaneta de um dourado fosco, sujo. Parecia-lhe que não era aberta desde muito tempo.

Desconfiada, caminhou cautelosa até a porta. Com a mão direita tentou abri-la, mas estava trancada. Olhou ao redor, mas não havia nada ali, somente ela e a porta.

Notou que segurava algo com a mão esquerda. Com dificuldades, levantou a mão e baixou os olhos, buscando-a. Viu um objeto comprido, mas sua visão estava borrada. Apertou os olhos e firmou a visão tentando colocar o objeto em foco. O espanto traiu-lhe e, com custo, conseguiu dizer espantada:

— Uma chave!

Acordou.

ooOOoo

Sofia estava com pressa.

Precisava pegar o ônibus para a faculdade e, por isso, andava apressada pela rua. As pessoas na calçada pareciam todas apressadas. Caminhavam rapidamente quase não conseguindo esquivar-se dos obstáculos e das outras pessoas, também apressadas. Na correria para não perder o ônibus, os encontrões eram inevitáveis. Sofia havia trombado com dois garotos que passavam enlouquecidos pela calçada com seus skates. Não entendia como as mães deixavam skates nas mãos de filhos irresponsáveis. A indiferença dos garotos a incomodou, aumentando sua irritação por quase fazê-la perder o ônibus. Nos últimos dias vinha enfrentando dificuldades para levantar no horário correto. As noites e o despertar pareciam ter ficado mais custosos.

Envolvida em seus pensamentos, entrou apressada no ônibus. Sentou-se e, com um bom dia, cumprimentou o senhor que estava no banco ao lado. Ele retribuiu com um sorriso e ela, por um momento, esqueceu-se da irritação. Trocou a pressa pela espera e, enquanto o ônibus percorria o trajeto, parando aqui e ali no inevitável trânsito da manhã, ela pegou seu livro. Ler era uma das coisas que conseguia mantê-la mais focada. Gostava muito de ler, de conhecer, de descobrir.

Havia visitado um amigo dias antes e visto alguns títulos bastante interessantes na estante de sua casa.

— São do meu pai esses aí. – Explicou Túlio. – Ele tem uma queda por livros esquisitos.

O comentário do amigo deixou-a inibida e ela acabou desistindo de pedir algum emprestado. Mas a curiosidade era seu forte e Sofia gravou na mente o nome de um dos livros: "Experiências fora do corpo – mitos e verdades".

Talvez aquele livro lhe ajudasse a descobrir algo sobre aquele estranho sonho que se repetia pela terceira vez. Por mais que Sofia soubesse que sonhava, sentia que aquela porta era, de alguma forma, muito real e que ela precisava abri-la.

Na primeira oportunidade procurou o livro pela Internet. Achou em várias livrarias e não teve dúvidas: comprou. Quando o livro chegou, já era muito tarde e, embora a curiosidade fosse grande, Sofia só conseguiu folheá-lo. O sono já havia chegado e ela adormeceu sem conseguir descobrir do que exatamente se tratavam aquelas experiências fora do corpo.

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⏰ Last updated: Nov 27, 2017 ⏰

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A Última Chave - Realidade em um Mundo Paralelo [Degustação]Where stories live. Discover now