Por trás de uma ilusão
texto confessional
(nota introdutória)
Quero através de este breve texto elucidar como foi o desenvolvimento e reconhecimento da minha sexualidade.
Pra começar não estou aqui fazendo protesto contra nenhuma forma de sexualidade ou levantando causa acerca da homossexualidade, mas mostrar como se deu o meu processo de aceitação.
Vamos lá...
Pra começo de conversa, eu não me lembro muito bem quando eu despertei o desejo pelo mesmo sexo, mas acredito que aos 8 anos, ao estar num mundo com normatividade heterossexual eu não me sentia inserido no mesmo, e com a separação dos meus pais , a minha resistência a entender a minha sexualidade foi muito grande, tanto que tive que ir ao psicólogo clinico. Na época não tive muita oportunidade de participar das sessões, porque minha mãe trabalhava muito e por causa dos problemas financeiros.
O tempo foi passando, e ao chegar à segunda série do ensino fundamental, como era chamado antigamente, eu sentia certo desconforto em participar das atividades físicas com os garotos. Como jogar bola. Parte da atividade física da aula. E que, portanto daí nasceu certa contrariedade em relação a minha conduta com os garotos, não que isso hoje seja errado. Num pensamento moderno.
Passado mais alguns anos, ao ingressar no ginásio, com a mente mais apurada, mas ainda em desenvolvimento, percebi que eu estava quase certo de que eu tinha uma sexualidade ''diferente'' ou não ''heterornormativo'' dos outros garotos.
Os meus olhares eram para os garotos e andando com meninas, ao ouvi-las falar dos garotos eu me sentia muito a vontade, tanto que durante quase todo o meu ginásio a minha forma de expressão sexual -para entender a minha sexualidade era masturbação- comum na adolescência.
Não sei se hoje o ainda é. (Risos), porque se evolui tanto.
E no mesmo período dessa explicação, sofri muito com os ''apelidinhos'' muito pejorativos como: '' viadinho'', ''mão quebrada'', ''mulherzinha'', fora outros, e por várias vezes eu ia embora chorando sem entender o motivo pelo qual eles, geralmente os garotos, ou melhor, quase sempre os garotos diziam essas coisas, que hoje são de instância judicial, graças à lei brasileira, eu ia dizer graças a Deus.
Ao ingressar no ensino médio, com uma mentalidade mais afinada, acerca do assunto sexualidade, pude vencer quase todos esses problemas, na verdade ainda estou na luta contra as críticas, e eu estou muito sendo sincero. E esse período foi essencial para que eu entendesse minha sexualidade. Nessa fase comecei a ter mais amigos garotos. Coisa que eu nem tinha direito outrora.
Em 2011, entrada a uma fase jovial, desejei então quebrar meu silêncio, e entender por completo quem eu era no mundo da sexualidade, fui a busca de respostas tanto mundo secular, como festas, boates gays, tanto na religião como na teologia inclusiva.
Todo o esforço foi válido, mas não foi tão útil como eu imaginei, porque por aventurar me perdi dentro de mim mesmo, e minha imagem foi então alterada. Eu fui visto então já no final desse ano como um homossexual assumido, não que eu precisasse assumir. Nunca vi necessidade disso.
Assim minha primeira experiência sexual foi aos 20 anos. Alguns poderiam até perguntar: '' como assim, tão tarde?''. Na verdade, eu não vejo assim, porque eu precisava entender quem eu era sexualmente, e só nessa idade entendi.
Eu nunca quis provar ao mundo que eu sou homossexual, mas a mim mesmo, como olhar no espelho e ver quem somos.
Para finalizar, quero dizer aos que estão na jornada da descoberta da sexualidade, seja ela qual for, tente, por favor, não tomar decisões impensadas, e não ouç conselhos de pessoas que vivem à margem da libertinagem e muito menos tente provar aos mesmos que você faz parte de um grupo sexual.
Bom. Essa é minha confissão e minha opinião.
Maycon Tienga
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POR TRÁS DE UMA ILUSÃO
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