Menina Sem Cor

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Pego um lápis.
Me sento.
Me ponho a escrever.
Fixando esse momento.

Suspiro,
Não gosto de olhar
Não gosto, só não gosto
De lembrar

É difícil,
É realmente difícil.
Ter que olhar no passado
E lembrar do sacrifício

Meu, para falar a verdade
Meu
E apenas, meu
Em você, não doeu.

Já em mim?
Era pra ser uma chacota
Mas, coitada
Pobre garota

Foi perseguida
Maltratada
Exilada
Esculhambada

Exagero?
Por que não?
Foi você? Por acaso, foi você
Que sofreu segregação?

A forma que me lembro
Não é assim,
Vocês me perseguiam
E por fim
Me batiam

Quem era eu?
Pobre coitada
Ninguém ligava
Fui num canto jogada

Vocês me sufocaram
Me aprisionaram
Me ignoraram
E no fim me olharam

Como, como,
Se eu não tivesse direito
De sofrer, isso sofrer
E foi bem feito

Eu nunca entendi
Eu dei motivos?
Quais? Me diz?
Vocês eram abusivos!

Eu não sei!
Se sim, me desculpa!
Eu não queria
Não me ponham a culpa!

Fecho os olhos
Por um breve​ piscar
Uma lágrima
Começa a deslizar

A "Esquisitona"
Assim me chamaram!
"Ela não pertence aqui"
Assim falaram

Posso pensar que
Eu não era muito diferente
Mas aos olhos deles
Me sentia incoveniente

Não quero lembrar
Mas sou incapaz de esquecer
Meu coração a quebrar
E meu eu a desaparecer

As "brincadeiras"
Essas eram as piores
Me sentia um monstro
E nem era um dos melhores

Eu poderia ser o lixo
Eu poderia ser o esterco
Me trancava no banheiro
Com as paredes me cerco

Ou, era assim
Que era para ser
Mas elas me achavam
E me faziam tremer

Me batiam
Me agrediam
Verbalmente
Fisicamente

As marcas do corpo
Eu acostumei
As marcas mentais
Essas nunca superei

Eu comecei a me detestar
Quer dizer, eles não falariam
Se não tivessem motivos
Simplesmente não inventariam

Então sim.
Eu era o que eles pensavam
Não tinha outro jeito
Eles me moldavam

A seu querer mesquinho
Enquanto eu, me sentia
Cada vez mais distante
Eu sumia

E eles não ligaram
Raiva, ódio e rancor
Por eles, e por mim
Pobre menina sem cor

Rasgo o papel
E começo a escrever
Em outro
Começo o meu temer

E assim
Eu te conto minha história
Da minha vida sofrida
E nada ilusória

Quis ser uma adolescente
Quis ter uma vida normal
Quis ser feliz
Mas só me fizeram o mal

E assim se encontra
Uma mente destruída
Fique tranquilo é só um
Conto de uma menina perseguida







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