Problems

O começo

“Ela não mostrava que estava com medo
Mas se sentir sozinha era demais pra suportar
Mesmo que todos dissessem que ela era forte
Eles não sabiam que ela mal conseguia continuar”

Tudo o que ela mais queria era esquecer o passado, acabar com a dor, ter um sonho, ter alguém que se importasse com ela de verdade, que a mostrasse as coisas boas desse mundo, ela queria poder ser feliz... Acreditava que eram coisas difíceis de se conseguir, mas ela realmente precisava disso.

Saber que nunca iria ter isso na vida lhe doía, saber que não era o suficiente para as pessoas ao seu redor, que se ela fosse pelo menos um pouco, as coisas seriam diferentes.

“Só estou vivo por que não posso morrer
Nada é mais miserável e solitário que não ter algo que se queira fazer
Esse sentimento de estar sozinho, eu estou sozinho agora mesmo
Eu quero que tudo desapareça
Eu quero que desapareça como uma miragem, quero que desapareça, droga, eu quero que desapareça.”

Ela queria que as coisas fossem diferentes, queria poder mudar o passado, queria não ter sentido tudo aquilo..

“Agora chore, é só que agora eu lamento muito por você
Mais uma vez, chore, por que não consegui protegê-la.”

Crescer pode ser extremamente difícil, ela acha que pra viver nesse mundo precisa ser o que as pessoas querem. Então ela finge ser outra pessoa, como um filtro. Mas uma hora ela finge tão bem ser essa outra pessoa que esquece quem ela realmente é. E então ela se torna essa outra pessoa apenas pra se encaixar no mundo, mas depois de um certo tempo as pessoas voltam a ignorá-la, como se ela nunca tivesse existido, e ela se exclui, se isola de tudo e todos. Ela passa a viver em seu próprio mundo, onde ela não precisaria se relacionar com as pessoas, já que no momento esse é um dos piores problemas que ela tem, medo de se apegar e criar vínculos com outras pessoas para depois ser descartada sem explicação alguma, apenas como se nada tivesse acontecido.

“O som de algo quebrando, eu acordei do sono
Um som tão estranho
Tentei cobrir meus ouvidos mas não consegui dormir
A dor na minha garganta piorou
Tentei cobrir ela mas eu não tenho voz”

Ela mal dormia durante a noite como consequência das crises de ansiedade que tinha, e quando acordava de manhã, estava assustada, ela estava segura? Ela deveria levantar? Tinha aula.. sim, ela realmente deveria levantar da cama... Mas valia a pena? Digo, ir a escola valia a pena? Naquele estado? E se ela tivesse uma crise no meio do caminho? Não, ela estava bem, conseguiria chegar até a escola...
Então foi a escola, mais uma vez, com um sorriso no rosto, pegava o ônibus com seus fones de ouvido no último.

“Tão longe.. se eu tivesse um sonho, se eu tivesse um sonho que me levasse para longe
Não tão longe, se você tiver um sonho, um sonho pra voar.”

Na escola ela passava despercebida, não tinha amigos por que não gostava de falar muito, ela tinha medo de falar algo errado e as pessoas acabarem odiando ela. Então ela acabava não tendo para onde correr, a única coisa que poderia fazer para aliviar a dor que sente por dentro é se machucando, mas mesmo não tendo escolha, ela não gosta de fazer isso. E por isso se afoga em pensamentos.

“Mais profunda, mais profunda, a ferida só fica mais profunda
Como pedaços de vidro quebrado que eu não posso reverter
Mais profundo, é apenas o coração que se machuca todos os dias.”

Quando se tem depressão e ansiedade, pensar muito sobre tudo não é uma boa opção. Apesar de a tirar da realidade por um bom tempo, ela acaba se prendendo dentro de si mesma. Os pensamentos vem cada vez mais fortes..

“Me desculpe, mesmo que eu tente esconder ou ocultar, isso não será apagado
Mais profundo, sinto que estou morrendo todos os dias.”

Saindo da escola ela ia direto para as aulas extras, ela fazia ballet, aula de música e curso de línguas todos os dias,  ela pensava que quanto mais coisas ela fazia durante o dia, era menos tempo para pensar. Mas chega uma hora em que se está tão esgotado que não se  aguenta mais e desiste das coisas que se gostava, que lhe faziam bem. Não tem como continuar com a rotina, não se tem forças para continuar.

“Um dançarino morre duas vezes– a primeira quando para de dançar, e essa primeira morte é a mais dolorosa.”

Quando finalmente chegou em casa estava acabada, foi direto pro banheiro e se sentou no chão. Quieta, abraçou seu próprio corpo e chorou... Chorou por se sentir insuficiente, por se sentir cada vez mais fraca, chorou por não gostar de sua aparência, por não gostar de si mesma por dentro, chorou por não ter ninguém.. por sentir que tudo estava errado na sua vida... Por não gostar de sua própria voz, de sua própria personalidade.. apenas chorou. E sentiu a dor chegar ao perceber mais uma vez, que estava sozinha, que não tinha ninguém para lhe abraçar e dizer que ia ficar tudo bem, mesmo ela sabendo que no fundo, não ficaria.. Ela desceu mais um degrau, estava a um passo do fim do poço, e ela sabia que se chegasse até lá, não teria mais volta. Ela estava magoada com sigo mesma, parecia que a cada respirar que ela dava, o coração doía mais, e, as vezes ela só não queria mais estar naquele lugar.

“É a minha verdade
Serão apenas cortes e contusões
Mas é o meu destino”

'Eu só queria morrer'
E aquela foi a primeira vez que ela pensou em uma solução definitiva e ponderou sobre ser mesmo a única opção que ela tinha. Pensar em algo assim a deixou extremamente assustada, ela realmente queria fazer aquilo? Era essa a solução para tudo?
Depois daquele dia, a mente dela nunca mais foi a mesma....

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E esse foi o capitulo de hoje, desculpa pelo atrasokk

Espero que vocês tenham gostado...

Beijinhos.

Mars 💙