Capitulo 1 - 1910

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                    - Bárbara On -

  Neste momento estou deitada na cama escutando a chuva cair la fora,  não sei como me sinto exatamente, acho que estou prestes a remover um peso dos meus ombros, desde que minha mãe morreu moro apenas com meu irmão e meu pai, meu irmão é maravilhoso, so que ninguém pode deixar ele saber disso, já meu pai, ele é a pior pessoa que alguém pode conhecer.
  Saio dos meus pensamentos assim que percebo a porta do quarto ser aberta, sabia que isso não iria demorar a acontecer, pois sempre que o Victorien precisa sair de casa o meu progenitor vem me fazer essa visita do satanás, não aguento mais ser tocada por ele, não aguento mais me sentir suja e violada, esse velho nojento tem que sumir da minha vida.
  Engulo seco assim que o vejo se aproximar de mim sentindo meu coração acelerar em resposta do medo que ele me causa, me senti na cama indo pra trás me encostando na cabeceira de madeira.

- Estava me esperando querida?

O velho rabugento fala com um sorriso nojento no rosto segurando meus dois pés me arrastando para a beira da cama se jogando em cima de mim deixando todo seu peso sobre meu corpo no intuito de não me deixar sair.

- Estava sim...você não sabe o quanto.

Respondo forçando um sorriso em meus rosto enquanto estico meu braço pro lado pegando uma faca de baixo do travesseiro, o meu progenitor acompanha meus movimentos com o olhar fechando a cara quando ver a arma na minha mão, antes que ele pense em fazer algo junto todas minhas forças enfiando a faca na costela dele.

- agora vai comer tua mãe no inferno desgraçado.

  O empurro pro lado subindo em cima do mesmo começando a distribuir facada pelo seu corpo sem desviar o olhar do seu rosto o vendo  falecer sem ao menos ter tido uma reação.
  Aos poucos vou parando de esfaquea-lo finalmente percebendo que as lágrimas escorriam pelo meu rosto, olho minhas mãos sujas de sangue enquanto me levanto da cama me encostando na parede escorregando pela mesma ate sentar-me  no chão.

- o que eu fiz?

Repito isso várias vezes pra mim mesma sem conseguir controlar meu choro.

Meia hora depois...

  Continuo sentada no chão do quarto escuro fitando o corpo desfalecido do meu pai ate que escuto a porta ser aberta e o Victorien entrar pela mesma ficando sem reaçao ao ver o homem que lhe criou morto na cama, rapidamente o mesmo volta seu olhar pra mim claramente preocupado.

- você está bem?

  Ele se ajoelhou ao meu lado segurando minhas duas mãos me fitando provavelmente procurando algum ferimento no meu rosto.

- Me desculpa...

  Peço quase sem voz e o mesmo me ignora me ajudando a levantar.

- Temos que sair daqui, antes que alguém chegue.

  O olho sem entender porém apenas confirmo com a cabeça e vou juntar minhas coisas, que não são muitas, em uma bolsa. Assim que terminamos de arrumar tudo saímos de casa correndo na chuva, a cada momento as gotas pareciam cair com mais força em minha pele, olho algumas vezes pra trás vendo minha antiga casa ficar pra trás.

  Depois de corremos pro outro lado da cidade chegamos ao porto, olho em volta vendo uma grande movimentação de pessoas.

- Vic, pra onde vamos?

  Pergunto ao meu irmão ainda ofegante ficando do lado mesmo.

- porque você não me contou o que estava acontecendo antes? Você devia ter me contado Bárbara, eu teria te ajudado, porque você teve que aguentar tudo sozinha?

  Encolho meus ombros abaixando minha cabeça batendo meu calcanhar um no outro.

- eu não queria te preocupar...eu pensava que era apenas uma fase dele, mas ele nunca parava...eu não aguentava mais Vic, eu não queria ter feito isso,mas eu não estava conseguindo continuar a aguentar, eu não queria diminuir ainda mais nossa família.

  Sinto os braços do Moreno me envolvendo em um abraço confortante entao deito minha cabeça em seu peito sentindo as lágrimas voltarem a escorrer pelo meu rosto.

- Me desculpa não ter percebido.

  Nego com a cabeça me afastando dele enxugando meu rosto respirando fundo.

- você não respondeu onde nós vamos.

Ele aponta pra um navio com a bandeira da França e eu arquei a sobrancelha me perguntando o que vamos fazer na França.

- eu tenho um dinheiro que guardei por um tempo, da pra comprar as passagens econômicas e é o suficiente pra gente se virar ate arrumar algum sustento.

Olho com as sobrancelhas arqueadas pro mesmo não acreditando que ele conseguiu juntar dinheiro.

- você é demais.

  Faço sinal de positivo pro Moreno que pega minha bolsa indo em direção ao navio.

Quatro anos depois 1914....


MIST - MY INSANE SCARLETOnde histórias criam vida. Descubra agora