80's

Apenas Mustang

Às vezes ser eu não é fácil. Sou Lion Clark... Ser transferido pra cá não estava em meus planos do último ano escolar. Voltar a trabalhar com meu tio Diego e estranho, parece que todos que entram ali sabem quem eu sou, menos alguém... Não sei o nome dela, mas está na sala 467 comigo, ela me olha diferente, realmente não sabe quem eu sou, me sinto bem com isso, ela parece a única coisa nova por aqui.
Hoje é o segundo dia de aula, minha última aula e com a garota observadora... Ouvi o professor chama-la de Star, mas quem tem esse nome? Certeza que é apelido, então acho que posso chama-la de "estrela que observa". Passei o dia todos com uns conhecidos que curtem as mesmas músicas que eu, são denominados de rebeldes.
A última aula chegará e lá estava ela olhando pra janela, me perguntava o que ela via de tão interessante lá fora, parecia tudo tão cinza sempre, o que ela via que eu não podia enchergar?
Nossa professora de matemática me deixa com vontade de sair dali e ir ao banheiro tirar a água do joelho. Sempre com suas saias justas e seus plaizes coloridos, isso sempre me chamou atenção, mulheres mais velhas são maravilhosas. Geralmente garotas das escolas são para uma única noite de bebidas e cigarros, mulheres como a professora Grécia eram para todas as noites.
Tento fazer a lição sem reparar nas pernas lisas da professora. Ao terminar a aula, reparo que restava apenas eu e a "estrela observadora" ali, pensei em algum momento chamá-la, mas percebi que ela me viu olhando pra ela, a garota saiu tão rápido que mal consegui acompanhá-la com o olhar.
Mais tarde eu entrei no meu turno da tarde no San'Diegos, e uma das melhores lanchonetes daqui. Meu único problema com ela e que eu trabalhava com meu tio, ele era dono de tudo aquilo e como ele não tem filhos, vive me enchendo pra ser "sucessor" daquele lugar. Meus únicos planos era terminar o 3 ano e voltar ao Texas, não ficar aqui pra cuidar de batatas e cafés.
Visto meu avental e da cozinha posso ver a garota observadora entrando pela porta, pego meu caderno de anotações, olho no espelho da saída da cozinha ,para ver se meu cabelo estava no lugar.
Vou em direção da garota e tento ser simpático com um sorriso ao chegar a mesa.

- Boa tarde, posso te ajudar?- Tiro o bloquinho de anotações do bolso do avental e pego a caneta atrás da minha orelha.

- Não precisa, a Amélia pode me atender, ela já sabe meu pedido de cabeça. - A garota parecia se sentir ameaçada com a minha presença ali, ela foi de certa maneira grossa.

- Tudo bem, espere por ela voltar do almoço ou você pode me falar o que sempre pede.- Por algum motivo, aquela carinha não me deixava eu ser grosso ou ruim com ela.

- Eu vou esperar ela. - Ela dá um pequeno sorriso e da os ombros pra mim.
Acabo por sair dali e vejo Marcos me chamar na cozinha. Vou até lá e o vejo rir.
- Ela e a filha do pastor, Starllet. - O vejo limpar as mãos no pano de prato.
- Esse e o nome dela? Parece nome de produto de limpeza. - Dou risada e Marcos me acompanha nas risadas.
- Vi como olhou pra ela, cuidado, ela e complicada. - Ele se encosta na pia.
- Ah Marcos! Lá sou cara de gostar de rabo de saia de igreja. - Me junto a ele na pia e fico a vendo lá fora pela janela da cozinha.
- Mesmo assim... Boa sorte. - Ele bate no meu ombro.
Naquele dia, e por mais uma semana Amélia que atendia ela, ela estava lá todos os dias no mesmo horário, comendo sempre MilkShake e bolo de veludo vermelho.
Me pergunto o que acho tão interessante nela... Quem sabe um dia eu descubra.
No mesmo dia, ao final do dia, peguei minhas gorjetas e finalmente foi embora.
Meu tio vive me chamando pra morar com ele mas eu amo dormir em meu Mustang, apenas eu e o Mustang.