Fazia muito tempo, desde que eu havia voltado de Wonderland, mas todos os dias antes do café da manhã, antes mesmo de pensar nas seis coisas impossíveis, as imagens e aventuras que vivi, naquele lugar pairavam em minha cabeça e faziam-me sorrir, sentir saudades de tudo e de todos, mas não queria pensar tantos neles, pois havia horas em que eu pensava que era somente fruto da minha imaginação e horas acreditava que tudo era real.
Após terminar meu café, me levantei apressada, a cabine não estava tão quente como de costume, a tripulação já estava a postos, sabia disso pois, conseguia ouvir claramente as ordens que o mestre do navio estava falando, mas de todo modo eu não queria me ausentar por muito tempo do timão, então tratei de me arrumar o mais rápido que pude.
Ao Subir os pequenos Degraus que davam acesso ao convés, avistei mamãe, estava escorada, na beira do navio, admirando o mar, como sempre gostou de fazer, desde que decidiu embarcar nessa aventura no Maravilha.
– Bom dia, Mamãe! — Falei em tom animado. – Acordou mais cedo que de costume, está tudo bem?Ela, se virou para fitar meus olhos, não me parecia arrependia de estar no mar, de estar vivendo como eu vivi durante alguns anos da minha vida. Mamãe, mostrou um largo sorriso e gentilmente abriu os braços para me receber com um abraço carinhoso e maternal.
– Bom Dia, Alice! — Exclamou, enquanto me envolvia em seu abraço retribui na mesma intensidade, tê-la comigo, era mais do que um sonho, tudo que quero é que ela possa ser tão feliz como estou sendo. – Perdi o Sono, acredito que vamos enfrentar um frio daqueles! — Disse em tom cabisbaixo, mamãe não era tão amiga de coisas gélidas, mas o tempo estava realmente estranho.
– Percebi a mesma coisa, mas deve ser somente por hoje, o clima anda um tanto, instável — tentei acalma-la da melhor forma, minha voz saiu, suave e confiante. — Espero que seja somente isso que esteja tirando seu sono, mamãe!– Sim, Alice! É somente isso, meu amor! — Sorriu de forma doce – Quando iremos chegar ao próximo porto? — A expressão dela mudou, parecia que estava pressentindo algo, mas trocou de assunto rapidamente e como não estava muito a fim para iniciar uma daquelas conversas com ela, apenas respondi o que acabara de me perguntar.
– Daqui umas duas Horas! — Sorri ao responder e tentei decifrar o que estava escondido atrás do olhar de minha mãe, acredito que ela tenha notado, pois assim que lhe respondi, ela sorriu e virou para continuar olhando o mar. – Vai ficar tudo bem, estamos juntas nisso! — Tentei conforta-la, depositei um leve beijo em seu ombro e caminhei até o timão do navio.
Todos estavam em seus postos, cumprindo seus deveres, peguei o monóculo, para olhar com precisão o horizonte e onde estávamos, mas acabei sendo surpreendida por uma borboleta azul, que passou na frente da lente como um vulto.
Abaixei o monóculo, para ver o que era, mas não consegui encontrar novamente, olhei ao meu redor e nada, absolutamente nada.
O que tinha acabado de acontecer, acabou me deixando confusa, será que mais uma vez era absolém? Será que mais alguém do mundo subterrâneo está precisando de ajuda? Ou até mesmo Ele corre perigo? Um frio me percorreu a espinha, só o fato de imaginar que algo ruim pudesse ou estivesse acontecendo com ele, era uma sensação de dor imensurável.
Turbilhão de pensamentos começou a ecoar em minha cabeça, me fazendo andar de um lado para o outro, caminhei até a beira do navio, apoiei as mãos no beiral e fechei os olhos, não poderia estar acontecendo de novo, pois da última vez que me despedi de todos, tinha plena certeza de que jamais os veria novamente.
– Pense, Alice, Pense! — Disse em voz alta para mim mesma, queria saber ou pelo menos ter certeza de que, o que vi, era real. Ao abrir meus olhos, ao meu lado, lá estava a borboleta azul, esbocei um sorriso, pois estava certa, sim era ele, era absolém de novo!
Tentei esticar minha mão, para que a mesma pudesse pousar em meus dedos, mas novamente ela voou, tentei segui-la com meu olhar e corri até ficar próxima a escada onde tinha a visão completa de todo o navio.
Lá estava ela, voando por entre a tripulação, talvez estivesse querendo me mostrar um novo caminho para retornar a Wonderland, isso me deixou completamente animada e tenho a impressão de que esse era o maior medo de minha mãe, que eu sumisse ou que surtasse de novo, era isso que passava na cabeça dela toda vez que eu voltava para o mundo subterrâneo, porém, não estava nenhum pouco preocupada com o que ela iria pensar nesse momento.Não sabia exatamente como tempo era contado no mundo subterrâneo, mas aqui se passou cinco anos desde a última vez que estive com eles. Sempre acreditei no impossível, sempre foi meu lema, mas com o passar dos anos, minha idade aumentando, havia perdido as esperanças de ver meus amigos novamente, mas aquela era minha chance de rever todos, principalmente ele. Corri no meio da tripulação, para alcançar a Borboleta, os olhares de todos inclusive o de mamãe se voltou para mim, a única coisa que deu tempo foi, de olhar para ela e sorrir como quem dissesse que está tudo bem, não esperei para ver a sua reação, então desci para a cabine onde avistei absolém adentrar.
– Absolém? — Chamei por ele, mas estava escondido, comecei a olhar os cantos dos móveis – Absolém, é você? Onde você está? — Não consegui encontra-lo em lugar nenhum da cabine e o cômodo nem é tão grande assim. – Por favor, Por Favor Absolém, sinto falta de vocês, sinto falta dele. — Suplicava baixinho, na expectativa de que, mesmo assim ele me escutasse. Sentia as lagrimas quente percorrer meu rosto e uma delas estilar no chão de madeira, quando noto uma asinha azul, brilhar em baixo da cama, limpei os olhos para olhar com mais clareza, quando absolém, pousou ali no chão, sorri com tamanha alegria, me abaixei ficando de joelhos para olhar para ele. – Você está aí, o que veio fazer aqui? — Após ser atingido novamente com as minhas perguntas, ele bateu as pequenas asas e voou para debaixo da cama, onde eu conseguir ver uma luz branca, que emanava do chão, como se fosse um portal aberto, meus olhos brilharam, pois, sabia que, nada estava perdido, que acreditar no impossível sempre faria as coisas valer a pena. Após a linda borboleta azul afundar naquela luz, não hesitei e engatinhei em direção ao portal e fui tomada por uma luz forte que me encobriu.
Será que finalmente eu havia voltado?
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Malice
FanfictionAlice, tinha certeza que nunca mais voltaria ao país das maravilhas. Sua Ultima ida até la,depois de ter salvo o Chapeleiro,sentiu que ali seria a ultima vez que o veria. Mas tudo estava prestes a mudar,Alice nem imagina que sua vida teria uma no...