❄véspera de natal❄

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[Sala de ensaio do ballet da cidade de Seoul, 21:34]

5, 6, 7, 8. 

Plié, tendu, jeté, rond de jambe, fondu, frappé, grand battement, adagio, en dehors e outros milhares de outros nomes de passos que nem lembro o nome, só os movimentos. 

Novamente! Outra vez! Não ficou bom, de novo! 

É o que tenho ouvido desde o dia que a diretora do corpo de ballet me escalou para viver Clara, somente a protagonista do Quebra-Nozes. Não sei o que me deu para eu aceitar o papel. Pode ter sido a euforia do momento, ou meus pais me olhando com expectativa, ou o fato de que a apresentação seria durante o baile anual de inverno - feito sempre pelas famílias mais influentes do país que se reúnem com outros influentes todo dia 25 de Dezembro para celebrar o Natal. 

E cá estou eu, treinando meu solo pela milésima vez neste dia. Já disse que hoje é dia 24? Pois é, um dia antes da apresentação e eu aqui.

- So Hyuny, pelo amor de Deus, pare de dançar por um minuto - diz a voz masculina, que ecoa por toda a sala. 

Eu saio do transe no qual estou presa há pelo menos uma hora e olho para o menino sentado no tablado preto. 

- Jungkook, você sabe que não posso. 
- E por que não? 
- Se fosse para eu não dançar, nossa professora não teria mandado nós dois pra cá hoje para treinarmos. 

Eu ando até o rádio e boto novamente Tchaikovsky para tocar, volto para o centro do tablado, fecho os olhos, faço uma prece, abro-os novamente e faço de novo o solo. 

Enquanto danço, Jeon Jungkook, o dançarino escalado para ser o quebra-nozes, meu par, me observa desenhar cada movimento leve e firme, com um sorriso desenhado na mesma intensidade em seus lábios. 

- Faz sentindo a diretora ter te escalado - ele diz, a voz sobressaindo a sinfonia do mestre russo. 

Não dou ouvidos e continuo meu solo, os dedos do pé já doendo e com bolhas de tanto ficar na ponta da sapatilha, minhas panturrilhas doloridas, os braços pesando, a cabeça tonta de tanto girar e lembrar de diversas partes da coreografia, sem contar a pressão que meus pais fizeram para que eu me saia perfeita diante do país, por assim dizer. 

Assim que termino, a sala volta a mergulhar em silêncio. Olho para Jeon. 

- O que você disse? 
- Que a diretora acertou em ter te escalado como a Clara. 
- Por que? 
- Porque você é ela!

Levanto as sobrancelhas, como quem não entende. 

- Você é determinada assim como a Clara empenhada pra achar o verdadeiro príncipe e tudo mais...
- Não fala besteira. 
- Tudo bem, não está mais aqui quem falou. 

Ele se levanta e sai pela porta da sala. Eu suspiro e ando até o rádio, treinando pela última vez meu solo. 

Por mais que meus pés desempenhem os passos corretos na hora certa, minha cabeça não está nem um pouco centrada na dança. Minha mente parte para o rosto de Jeon, seu olhar triste por eu ter tratado-o mal. Eu sei que posso ser uma completa ridícula e ignorante às vezes, mas infelizmente é só isso que estou sabendo ser desde o dia da escalação. E me parte o coração ser assim com Jungkook. Nós dois crescemos fazendo ballet juntos e sempre fui apaixonada por ele desde que percebi que sua infelicidade me machucava. E me machucou ainda mais saber que a parte de sua infelicidade era a minha pessoa. A outra parte se compunha pelas notas baixas na escola e o preconceito de seu pai com toda essa coisa de ballet e...

Tchaikovsky para bruscamente e meus pés param no mesmo momento. Olho em direção ao rádio e encontro Jeon com uma bacia, dentro da qual estão alguns pacotes e uma toalha. 

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⏰ Última atualização: Dec 25, 2018 ⏰

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