Prólogo

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Era por volta da terceira vigília da noite, quando Zeus, o pais dos deuses, adentrou a grande sala do trono. Havia saído mais cedo para "divertir-se" e acabara perdendo a hora. Embora Hera já não se importar-se tanto com suas traições, mesmo assim o deus optava por manter as aparências. Para a surpresa de Zeus, Hera estava sentada em seu trono com um sorriso sarcástico, embora fosse um dos deuses mais poderoso, aquele sorriso ainda assim conseguia fazer um calafrio percorrer sua espinha.

—Bem-vindo de volta, meu querido esposo! — Disse ela, enquanto levantava-se do trono. — Não sabe o quanto estive ansiosa para lhe ver.

— Mulher, o que faz acordada? Já está quase amanhecendo. — Zeus tentou não transparecer o temor que aquela fala lhe lançara ao peito.

— Só estava lhe esperando, queria ver seu rosto. —Hera caminhou por entre as colunas próximas ao trono. — Ah propósito, um dos bastardos tem algo para conversar com você... — Disse enquanto sumia no corredor escuro.

Zeus franziu o cenho sem entender nada, logo agradeceu aos primordiais por aquela mulher ter sumido de sua frente, e então assentou-se em seu trono. O deus apoiou o cotovelo no braço do trono, suspirando enquanto pressionava as mãos contra a cabeça.

— Hermes! — Zeus praguejou, no mesmo instante em que o chamou, o mensageiro apareceu.

— Me chamou, meu pai? — Hermes parou ajoelhado de frente para Zeus.

— Em minha ausência, qual dos deuses veio a minha procura?

— Apenas Apolo, ele estava nervoso... — O mensageiro fez uma breve pausa. — Disse que era algo de suma importância, nesse exato momento ele deve estar pedindo conselhos a Atena.

— Certo, avise-os que estou solicitando a presença de ambos imediatamente.

Hermes assentiu, logo sumindo. Zeus por sua vez, ficou ali esperando até que Apolo e Atena adentrassem a sala do trono, o que demorou pouco mais que cinco minutos. O deus do sol estava agitado, Atena por sua vez demonstrava certa apatia em relação ao nervosismo do irmão.

— Diga-me Apolo, o que deseja falar comigo de tão importante?

— Meu pai... —Ele fez uma breve pausa, tentando se acalmar. — Estava em meus aposentos, quando uma voz sussurrou em meus ouvidos as seguintes palavras: Uma criança há de nascer e ela será a ruina de todos os deuses. Em seguida tive uma visão, nela ouvi o choro de uma criança, risadas e gritos de mulheres. As colunas do Olimpo começavam a se desfazer como areia e então, como estrelas caindo do céu, vi os deuses caindo em direção à haled.

Ao ouvir o relato do filho, Zeus teve certeza de que aquilo de fato poderia ser uma profecia. Após o término da fala de Apolo, Atena suspirou e olho fixamente nos olhos do pai.

— Meu pai, creio que não haja motivos para tanto alvoroço. O futuro sempre pode ser alterado, então sugiro que pensemos em meios para impedir que esta criança nasça.

— Certo, precisamos correr contra o tempo. — Zeus levantou-se do trono e caminhou na direção do corredor. — Peça que Hermes cuide dessa parte.

Os deuses apenas assentiram e caminharam para o lado de fora da sala do trono, logo aparatando para o templo de Hermes. Zeus por sua vez caminhou em direção aos seus aposentos, porém no meio do caminho ouviu alguém cantarolando uma velha canção, era Hera quem cantarolava, enquanto olhava fixamente para a lua através da janela no telhado. O deus a observou por pouco mais que alguns segundos e então seguiu caminho.

Meses haviam se passado desde que Apollo tivera a visão a respeito do filho da destruição, ao compasso que os dias passavam, a fé dos deuses começava a fraquejar. Nos vastos corredores do Olimpo, surgiam rumores de que o deus das profecias poderia ter cometido um erro. Os deuses que outrora permaneciam unidos em prol de eliminar quaisquer fagulhas de ameaça, agora retornavam a sua reclusão, em seus aposentos que mais assemelhavam-se à templos, por conta de seus tamanhos colossais, além de sua estrutura arquitetônica.

Fall of OlympusWhere stories live. Discover now