O sol da manhã entrava suavemente pelas cortinas, iluminando o corpo nu de Ana que ainda dormia profundamente ao meu lado. Seu peito subia e descia em um ritmo calmo, seus lábios ligeiramente entreabertos, como se estivessem esperando por mais um beijo. Eu não resisti.
Inclinei-me e capturei seus lábios em um beijo suave, mas carregado de todo o amor que sentia por ela. Ela murmurou algo ininteligível em seu sono, e eu sorri, deixando meu coração falar mais alto do que minha razão.
— *Hoje, Ana, nós vamos acertar as coisas de uma vez por todas*, sussurrei, escovando um fio de cabelo molhado do seu rosto antes de sair da cama.
O banho gelado foi necessário para acalmar meu corpo ainda ardente da noite anterior — ou melhor, dos *sonhos* da noite anterior. Sonhos que pareciam tão reais que eu ainda podia sentir o gosto dela na minha boca, o calor da sua pele contra a minha, os gemidos que escapavam de seus lábios enquanto eu a fazia minha, completamente.
Quando saí do banheiro, Ana estava sentada na cama, segurando a cabeça entre as mãos, o cabelo ainda pingando do banho que havia tomado. O vestido leve que ela vestira — aquele mesmo que deixara na última vez — colava-se levemente ao seu corpo ainda úmido, destacando cada curva que eu conhecia tão bem, mesmo sem nunca ter tido o direito de explorá-las de verdade.
— *Do que você está rindo, Cristian?* Ela franziu o rosto, os olhos semicerrados contra a luz. *Minha cabeça está prestes a explodir. Você tem algum remédio para essa dor ou vou ter que te matar?*
Eu não pude evitar um sorriso maior.
— *Claro, princesa.*
O travesseiro que ela arremessou em minha direção me acertou em cheio no rosto, e eu ri, pegando-o do chão antes de sair do quarto.
— *Vou até a farmácia. Não se mova.*
— *Não tenho planos de fazer isso*, ela gemeu, enterrando o rosto no travesseiro.
Quando voltei, ela já estava um pouco mais viva, sentada na beira da cama com o comprimido e um copo de água na mão. Mas então ela soltou a bomba.
— *Cristian, me desculpe... Eu não lembro de nada do que aconteceu ontem.* Seus olhos estavam cheios de preocupação genuína. *Foi muito ruim? Eu fiz alguma coisa... estúpida?*
Meu sorriso congelou.
— *Não aconteceu nada, Ana*, menti, minha voz mais fria do que eu pretendia. *Você só bebeu demais e eu te coloquei na cama. Nada dramático.*
Ela soltou um suspiro de alívio, mas algo em seus olhos me fez questionar se ela realmente acreditava em mim.
— *Ufa. Então... posso compensar você pelo incômodo. O que você quer? Dentro de um orçamento de 100 dólares, é claro.* Ela sorriu, mas eu não consegui retribuir.
O que eu queria?
Eu queria **tudo**.
Queria reviver cada segundo daquela noite imaginária em que seus dedos tinham percorrido meu corpo, onde sua boca tinha explorado cada centímetro da minha pele. Queria ouvir meu nome saindo de seus lábios em gemidos roucos, queria sentir suas unhas cravando nas minhas costas enquanto eu a levava ao limite, de novo e de novo. Queria que ela me olhasse como eu sabia que ela poderia olhar — não como um amigo, mas como o homem que a incendiava por dentro.
Mas tudo o que eu disse foi:
— *O que eu quero, você não pode me dar, Ana.*
Ela ficou em silêncio por um momento, seus olhos azuis escaneando meu rosto como se estivesse tentando decifrar um código.
— *Tente me dizer mesmo assim*, ela sussurrou.
E então eu percebi.
Ela **lembrava**.
Ela lembrava de tudo.
E aquele sorriso maroto nos seus lábios era a única confirmação que eu precisava.

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Entre Sangue e Amor
RomanceCristian passou a vida inteira alimentando um único propósito: encontrar e vingar a morte de seus pais. O passado lhe foi arrancado à força, deixando apenas cicatrizes e um desejo implacável de justiça. Mas quando ele conhece Anastácia, tudo muda. O...