I

287 3 1
                                    


– Preciso de férias. – afirmou, sentindo o pulso latejar enquanto assinava a décima primeira folha de contrato naquele dia.

Em uma sala desnecessariamente grande, Katy terminava de assinar pilhas de documentos que havia adiado demasiadamente de checar. Ainda eram dez pras nove da manhã, o que a fazia se arrepender amargamente de ter adiado a tarefa por tanto tempo. Dois advogados impecavelmente asseados haviam atravessado o país para que ela finalmente os pudesse assinar, e Tamra presumiu que seria uma tremenda falta de educação os deixar esperando até três horas da tarde.

O que de fato seria.

– Só isto por hoje senhora Hudson. – o asiático baixinho de meia idade avisou, quando o que parecia a milésima folha fora assinada – Tenha um bom dia! – disse guardando as pilhas de contrato em uma mala de couro preto, dando-lhe um aperto de mão firme e retirando-se da sala de conferência especialmente locada para a ocasião.

– Preciso de um café. – disse resgatando sua cadela de estimação do colo de Tamra, que a esperava do lado de fora pacientemente.

Ainda não havia checado nada além das horas naquele dia, e então finalmente tratou de fazê-lo quando conectou seu carregador em uma das inúmeras tomadas da área comum do MGM.

Quatro ligações perdidas de Shannon e dezessete mensagens.

Extremamente incomum para uma terça de manhã, especialmente pelo fato dela as ter checado menos de quatro horas antes.

Imediatamente ela discou o número da melhor amiga, Shannon sabia que ela não acordava naquele horário habitualmente então com certeza tinha algo importante a dizer.

– Oi! – atendeu no terceiro toque.

– Ei o que aconteceu? Vi suas ligações e...

– Onde você está?

– Em Detroit, mais especificamente no salão comum do hotel... Por quê?

– Huh... Tamra está com você? – indagou em um tom cauteloso.

– Não. Ela foi comprar um café para mim. Por que essas perguntas, está trabalhando para o FBI? – ela riu, confusa.

– Ok, eu não quero te apavorar...

– Tarde demais, o que aconteceu? – suspirou, deixando sua deliberada ansiedade tomar conta.

– John está internado. Não é grave, mas ele me mandou uma mensagem me pedindo para te deixar calma, pois você provavelmente veria por outros meios e surtaria... – falou Shannon em seu melhor tom ponderado e paciente.

– O que? Se ele te pediu para me acalmar é porque o motivo provavelmente é desesperador. – exclamou em um tom pré ofegante – Onde ele está? O que exatamente ele te disse? Quem está com ele? A que horas você soube disso?

– Katy...

– Shannon ele está internado! Você sabe que o corpo começa a se alterar depois dos quarenta... E... Ele pode ter algum problema sério até onde sabemos... Pode ser algo muito sério como... Como... Câncer? Um tumor no cérebro? Ele pode ter sido baleado a segurança do país está péssima e...

– Katy...

– Onde ele está? Será que precisa de uma doação de sangue? Ah meu Deus eu não lembro o tipo sanguíneo dele e... – resfolegou em meio a própria sentença, percebendo que não havia respirado em nenhum momento desde que começara a falar.

E era exatamente por isto que ele havia solicitado especificamente para Shannon informá-la do que havia acontecido, já que em qualquer circunstância ela era a única pessoa que poderia inserir algum senso dentro de sua cabeça.

– Como ele iria me mandar uma mensagem se estivesse internado com um tumor no cérebro?

– Onde ele está? – perguntou novamente, irritada.

– Por que isto é relevante? Você não está pensando em ir visitá-lo está? É só uma apendicite. – disse ainda em um tom extremamente calmo.

– Se você não me der o endereço eu vou ligar para a família Mayer inteira até alguém me dar. – afirmou, batucando impaciente as próprias unhas contra a mesa a sua frente.

– Ele está em Nova Orleans. Ochsner Medical Center. Não faça nada estúp...

E antes que ela pudesse a aconselhar de qualquer coisa, Katy marchava rumo a seu quarto decidida a voar de Detroit para Nova Orleans a qualquer custo. 

I M M I N E N C EWhere stories live. Discover now