Estacionada na escura e isolada garagem do prédio, era como se suas pernas estivessem grudadas no banco. Seu cérebro demandava que ela se levantasse e corresse para o quarto dele, enquanto seu corpo se mantinha estático no lugar.
Respirou fundo e finalmente recobrou seu controle corporal, agora andando rapidamente e fazendo seus saltos Miu Miu estalar sob o concreto plano. Cinco minutos de caminhada adentro, e ela se arrependeu amargamente de pedir para que o motorista estacionasse o carro na parte deserta do lugar, pois aparentemente todo o hospital era deserto. A única coisa que ela conseguia enxergar em todo o trajeto eram paredes fastidiosamente brancas e janelas de vidro meticulosamente cristalinas.
Mais cinco minutos e ela finalmente encontrou um elevador que não fazia ideia de onde a levaria, mas decidiu apostar em suas chances. Suspirou de alívio quando avistou o pequeno botão luminoso ao lado da porta com uma plaquinha indicando que ele a transportaria para a recepção.
Um minuto que pareceu dez.
Assim que ouviu o sino quase atropelou as enormes portas de metal, e correu para o balcão onde uma garota que aparentava ter não mais que vinte e dois anos preenchia papéis calmamente.
A sala de espera abrigava cerca de vinte pessoas, a grande maioria aparentava não ser um paciente em espera, um silêncio desconfortável assolava o lugar, era como se ninguém estivesse ali.
– Olá! Bom... – observou o relógio analógico na parede logo acima, indicando que eram duas e meia da tarde – Boa tarde. Estou aqui para uma visita.
– Nome e número do quarto? – perguntou sem levantar o olhar para encará-la.
– Mayer. O quarto não sei ao certo te informar.
– Senhora nós não podemos passar informações sobre pacientes.
– Eu não tenho como saber o quarto do paciente, já que ele muito provavelmente está desacordado...
– Infelizmente são as regras. – deu de ombros, ainda sem encará-la.
– Primeiramente você poderia olhar pra mim enquanto falo com você? – encarou a pequena etiqueta sob o uniforme dela com os dizeres "Beverly". – Beverly?
A garota bufou e finalmente decidiu a encarar, seus olhos quase pularam de seu rosto no segundo em que ela percebeu de quem se tratava.
– D...D...D... Desculpe senhora, qual o nome novamente?
– Mayer. – ergueu o cenho, a encarando esbarrar nos objetos sobre a mesa enquanto se arrastava para frente do computador.
– Quarto setecentos e trinta. Sétimo andar. – falou vislumbrando fixamente a tela sem olhá-la, Beverly parecia estar prestes a ter uma síncope.
– Obrigada Beverly. Tenha uma boa tarde. – disse, e lançou um beijo no ar debochadamente antes de voltar para o elevador.
Prestes a pressionar seu botão de destino reparou em um pequeno mapa ao lado dele, o pequeno nome indicando o andar da loja imediatamente a atraiu.
Pressionou o botão para o quarto andar, e escorou-se sob a parede gelada, estava exausta e cada vez mais nervosa.
Não precisou procurar muito para avistar uma sala de vidro, decorada com uma placa de neon vermelha em letras garrafais com os dizeres PRESENTES.
Adentrou a saleta, e o cheiro de dezenas de flores misturadas atingiu seu nariz quase que imediatamente.
Caminhou pelos cinco corredores do recinto analisando todas as opções calmamente. Flores, ursos, cartões, chocolates, bibelôs... O que seria adequado? E o que não seria?
– Olá posso te ajudar? – uma voz fina quebrou sua linha de pensamentos e a fez dar um pulo de surpresa.
– Hm, talvez.
– O que você procura e para quem procura? – questionou amigavelmente.
Por alguns segundos ficara tentada a responder que um presente para sua avó, mas resolveu que um pouco de sinceridade para um completo estranho não a mataria.
– Bem algo que diga: Olá, ainda estou apaixonada por você. Será que você tem algo assim?
– Específico. – o rapaz disse repousando o indicador no próprio queixo – O que acha de flores? São bem românticas.
– Talvez... O que você me sugere?
– Isto depende do seu orçamento... Nós temos desde rosas por três dólares, até um bonsai por duzentos e setenta dólares. – falou apontando para um pequeno vaso em um canto isolado da prateleira.
– É isto.
– Rosas?
– O bonsai. E aquele balão. – apontou para um balão de gás hélio com os dizeres "Fique bem logo princesa".
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I M M I N E N C E
FanfictionDon't say a word just come over and lie here with me...