Eu não tenho mais sossego.

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Chegou uma fase da minha vida, que eu tive que tomar as minhas próprias decisões isso nos meus 10 anos de idade, porque minha mãe dizia que ela não criou uma filha estúpida, e sim uma filha esperta, então eu aprendia muitas  coisas desde cedo, mas isso não era nada ensinado pela minha mãe, e sim pelos meus tios que  no caso que eu passava a maior parte do tempo com eles.  Com 11 anos, eu aprendi a cozinhar, eu já fazia diversos tipos de comida, e eles me ensinavam de um jeito carinhoso, e era bom, porque eu seria uma mulher responsável, que não iria precisar que ninguém fizesse para mim. Minha mãe disse que ela teve uma juventude muito difícil, que no caso ela se casou aos 19 anos, ela não tinha a mínima ideia de como era ser casada aos 19, mas ela sempre precisou de seu marido, e hoje, ela nem se quer sente falta dele por muitos problemas que eles passaram, e para eu não ter esse mesmo acontecimento, ela me mandava a casa dos meus tios, para que eles me educassem da melhor forma.  Eu não podia reclamar, seria como se eu desrespeitasse  as ordens dela.

            Os meus tios eram praticamente os meus pais, porque eu quase não ficava com minha mãe, muita das vezes ela ia para casa e esquecia que eu estava na casa dos meus tios, mas para mim isso era normal, fiquei muitos anos sendo esquecida pela minha própria mãe. Meu pai, ele morreu quando eu tinha 3 anos, eu fiquei muito mal, eu não entendia muito sobre "mortes" pelo fato de eu ser bem novinha, mas agora eu já entendo, daqui uns anos meus estudos vão se acabar, e ele não vai estar lá para me apoiar, nem para ver o quanto me dediquei para que ele tivesse orgulho de mim. Minha mãe dizia que eu era o bebê mais lindo dele, que ele nunca ia me deixar, mas agora, estou sem ele, e é isso que a vida faz, elas tiram as pessoas da sua vida, quando você vai mais precisar delas.

           Eu passei muitos anos da minha vida com meus tios, dos meus 4 anos até 13 anos,  eu era uma criança muito alegre, sempre fui uma menina muito certinha, diziam que eu puxei muito a minha avó, minha mãe ficava até com um certo ciúmes, mas sempre passava.
         No dia 14/05/06 minha tia faleceu, descobriram que ela teve uma doença horrível, e assim, foi a 2º pior morte da minha vida. Eu me perguntava o porque tudo acontecia comigo, não que eu quisesse que os outros passassem pelo o que eu passei, mas o porque que só tinha que acontecer comigo. 

           Minha mãe acabou se mudando para uma cidade ao lado da minha, por causa do trabalho,  ela deixou a responsabilidade toda com meu tio. E eu passei a chamar meu tio, de pai. Eu tinha a maior confiança nele, sempre fazíamos tudo junto, íamos ao cinema, parque, shopping, tudo. Até que um dia ele mudou, o comportamento dele comigo era muito agressivo, e eu não sabia o porque, não sabia se fui eu que tinha causado essa mudança, ele saia  sempre de casa às 8h da manhã e só voltava às 22h das noite, sempre com um bafo de álcool.

E quando voltava do bar me batia muito, sempre dava alguns socos em mim, eu não iria levantar a minha mão para bater nele, até porque naquela época era uma falta de respeito, eu ia pro meu quarto e chorava muito, isso acontecia quase todas as noites, eu chegava da minha escola, comia, e ia ver televisão, quando eu ouvia o portão se abrindo eu já ficava com muito medo, mas eu estava sozinha, eu não tinha ninguém para contar o que estava acontecendo em "minha casa". Ele  entrava, sempre com raiva e mandava eu sentar direito porque eu não estava na minha própria casa, e se eu quisesse morar no mesmo teto que ele, eu teria que obedecer tudo o que ele pedia. Certo dia, quando eu não aguentava mais esses tapas e socos aleatórios, eu olhei nos olhos dele e disse :

– Você não é homem de verdade?  Homem que é homem não bate em mulher alguma, nem se quer na própria sobrinha, está com raiva? Bate na parede e não em mim.

          E foi assim que ele parou de me bater, ele foi dormir e no meio da noite foi para o meu quarto e disse umas coisas que eu não esperasse :



–  Desculpe pelo o meu comportamento agressivo, eu estou passando por momentos difíceis em minha vida depois da morte de sua tia, não é nada fácil.

      Eu ficava quieta até porque eu estava furiosa com as atitudes dele.

– Você já está virando uma mulher, você está ficando gostosa, e ficando com um seios maravilhosos! – Disse ele, passando a mão em meu corpo.

       Eu não podia fazer nada, eu não sabia o que era isso, ninguém nunca tinha passado a mão em meu corpo, não sabia o que ele era capaz de fazer.  Ele disse que queria deitar comigo, para que eu não tivesse pesadelos, eu estava meio constrangida, mas no fim, eu deixei.

Ele passava a mão em meus seios, dizia o quanto eram grande, e logo depois disse :

– Não vou deixar nenhum moleque tocar nisso, antes de mim!



  Eu suspirei, e não deixava ele ver que eu estava chorando, aliás, chorando muito.

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