Capítulo Único

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Meu Deus, que orgulho de mim que FINALMENTE consegui escrever uma fic do meu OTP. Nossa, que alívio!

Eu amo o casal, já li tudo deles e nunca tinha conseguido escrever nada sobre esses dois! Tenho acho que mais de cinco fics iniciadas no computador e travadas porque nunca conseguia terminar...



Estávamos alinhados, como soldados de brinquedo na prateleira de uma garota mimada. Aliás, não haveria melhor definição para Saori do que essa, não é? De toda forma, todos os cavaleiros, bronze, prata e as amazonas estavam reunidos na entrada do santuário, divididos em dois lados, deixando uma fina passagem para a deusa que descia cerimonialmente os degraus das doze casas.

Ridículo.

Bufei. Shun, ao meu lado, tentou sorrir de forma encorajadora, como se se desculpasse por eu já estar entediado. Revirei os olhos e tentei parecer um pouco melhor, afinal, meu irmão não tinha culpa de eu odiar estar ali novamente.

A guerra santa havia acabado há menos de vinte dias, e o que menos queria era ter que ser obrigado a pisar no santuário, a encarar Saori como se o meu irmão não tivesse corrido um risco absurdo, como se meus amigos não tivessem quase morrido, como se nós não tivéssemos sofrido a morte dos cavaleiros de ouro, cada um deles, mesmo que Zeus os tivesse trazido de volta à vida depois.

— Não vai durar muito, Ikki — Shun tentou me tranquilizar. — Sabe que Saori precisa fazer isso para dar segurança aos demais.

Não respondi. De fato, eu entendia a lógica de Saori; como Athena, ela precisava daquele pequeno desfile idiota com os cavaleiros de ouro para mostrar que o santuário estava seguro, que tudo voltara ao normal, mas esse era o problema! Não importava quantas vezes ela dissesse que estava tudo bem, eu ainda teria pesadelos durante a noite, ainda abraçaria Shun como se Pandora fosse aparecer a qualquer momento para levá-lo de mim, minhas mãos ainda tremeriam quando eu me sentasse para meditar como Shaka havia tentado uma vez me ensinar, e meu coração ainda queimaria de raiva e desespero cada vez que me lembrasse da dor que senti quando soube da morte dele.

Transtorno pós traumático. Mu já havia feito o favor de me diagnosticar. Ainda assim, era difícil não querer fugir dali, correr até que o santuário não passasse de uma sombra no horizonte!

Fechei os olhos, respirei fundo e apertei minhas mãos com força assim que as vozes começaram a se manifestar. Cochichos e murmurinhos se tornaram gritos e exclamações calorosas quando Athena enfim chegou ao final das doze casas onde estávamos. Meu coração acelerou ao reconhecer os quatorze cosmos, Saori estava parada em frente de seus treze cavaleiros de ouro, até mesmo Kanon estava presente! Minha armadura pareceu mais pesada, como se o sangue de Shaka reconhecesse a proximidade de seu cavaleiro.

Firme, Ikki, firme!

Engoli em seco e ergui a cabeça, orgulhoso. Saori falava com delicadeza, a voz mansa e acolhedora, com a sabedoria da deusa. Bobagem para os que precisavam, não ouvi uma palavra. Em vez disso, preferi olhar os cavaleiros atrás dela.

Um ao lado do outro, na ordem de suas casas, com suas armaduras, deixavam um impacto forte, reforçavam a ideia de que estávamos seguros e protegidos. Mas não foram eles a morrer? Não foram justamente eles a ter que se sacrificar?!

Cada rosto ali dizia algo, era fácil identificar e ler seus sentimentos. Havia culpa e vergonha em Afrodite e Máscara da Morte, orgulho em Milo, Kanon, Aioria, serenidade em Mu, Saga, Aioros, frieza em Camus e Shura, alegria em Aldebaram e Dohko e... bem... Shaka? Não dava para dizer.

Shaka estava como eu me lembrava, e isso me trazia novamente as lembranças do sexto templo vazio, do quanto gritei contra aquelas malditas árvores, de como estraguei e queimei seu jardim quando a realidade de sua morte se abateu em mim. Ele estava com a armadura completa, incluindo o elmo. Seus olhos fechados me fizeram sorrir sem que eu percebesse, daria tudo para calar a boca de Saori, cruzar aquela curta distância e pedir que ele os abrisse, que me olhasse por alguns míseros segundos... As mãos estavam ao lado do corpo, segurando o rosário, contudo, havia certa tensão no modo como o fazia, um leve enrugar da testa que somente quem o encarasse por muito tempo poderia notar. Ele não concordava com o que Saori dizia ou também não desejava estar aqui.

O que não me disseOnde histórias criam vida. Descubra agora