Abusivo

Como muitas outras;

Muitas vezes o amor nos cega, achamos que somos capazes de tudo, achamos até mesmo que podemos mudar aqueles que amamos, os tornando pessoas melhores. Mas tudo que fazemos é nos machucar, mais e mais a cada dia. Você deve estar se perguntando - ou não -  quem eu sou? Bom eu sou uma mulher, uma mulher como muitas outras, uma mulher que ama, uma mulher que sonho e que quase morreu por seu amor e sonhos. 

Dizem que no começo tudo é um mar de rosas e isso é verdade, mas o que esquecem de mencionar é que rosas tem espinhos, lenhosos e afiados.

Ele era o garoto mais bonito de todo o Campus, desejado por muitos - não só pelas garotas como por alguns rapazes também - apesar de seu porte físico magro e pele pálida Min Yoongi arrancava suspiros por onde passava. Mesmo com seu jeito evasivo e as vezes um tanto grosseiro, eu não passava de uma admiradora. 

A forma que nos conhecemos foi um tanto engraçada, parecida com com aquelas cenas de filme de romance, aqueles que sempre te fazem chorar no final, e você fica por horas pensando; que merda, por que não tenho um cara assim? Para resumir é simples, caras assim não existem, não passam de ficção, uma doce e ilusiva ficção. Se espera achar o príncipe dos sonhos, ou um amor de conto de fadas, desista!  O amor de verdade é frio e machuca. E príncipes encantados fogem de suas donzelas para ir ao puteiro à noite. 

[...]

Eu estava atrasada como sempre correndo com diversos livros nas mãos, praguejando internamente por ter ido dormir tarde o suficiente para perder a hora. Eu olhava para o chão inerte de tudo a minha volta, quando de repente esbarrei em algo ou melhor em alguém,  ele poderia ter simplesmente passado por mim e me ignorado como todos sempre faziam. Quem o julgaria por não ajudar a menina estranha de maquiagens extravagantes, perucas chamativas e roupas antiquadas? Certamente seus amigos iriam rir e pronto, mas ao invés de passar reto ele se ajoelhou a minha frente, recolheu meus livros os entregando à mim, seus olhos mais pareciam buracos negros que sugavam com veemência meu bom senso - que nunca fora muito diga-se de passagem - então simplesmente levantou e sumiu junto ao seu grupo do meu campo de visão, sem nem sequer uma palavra. 

[...]

Depois daquele dia eu passei a observa-lo, sempre tentando ser o mais discreta possível, não me achava digna dele, era uma tonta, ainda sou aliás. 

Suga como gostava de ser chamado era um estrangeiro vindo da terra dos olhinhos puxados - Coreia do Sul - ele era veterano no departamento de biologia, sabia pouco sobre o mesmo, só que seu pai era um importante deputado e sua mãe uma bela modelo, ele era o capitão do time de Hockey da faculdade, e também solteiro. Confesso que tinha um certo medo de me aproximar, imaginava que ele iria rir de meus sentimentos e me esnobaria, hoje me arrependo amargamente de ter ido ate ele. 

[...]

Era mais um daqueles trabalhos chatos em grupo os quias sempre fazia sozinha,  pois nunca ninguém se dispunha a fazer comigo. O professor já irritado com a algazarra dos alunos em formar os grupos soltou um grito grosseiro pedindo silêncio, então proferiu que iria escolher os parceiros recebendo uma vaia coletiva dos alunos.  Tirei meus fones prestando toda atenção no mais velho que ditava as duplas, ele disse o meu nome, um comentário o qual não me interessei em saber de quem foi disse; "quem será o sortudo que ficará com a esquisitona?" não fiquei brava ou magoado, aqueles tipos de comentários não me abalavam, não mai. Nenhum deles me conhecia, nenhum deles sabia quem eu realmente era, sem todo a maquiagem, por d'baixo da peruca, sem a roupas que tanto amava, nenhum deles queria saber, nenhum deles merecia saber. 

- Min Yoongi. 

Meu coração pulou uma batida, olhei rapidamente para o de cabelos tingidos, seus amigos riram e ele os mandou calarem a boca, olhando para mim e sorrindo em seguida, eu havia esquecido de que precisava respirar, acordei dos devaneios com a falta de ar, verei-me para a frente colocando os fones de ouvido outra vez. 

Eu era inocente demais, doce demais, frágil demais, boa demais. Como minha madrasta dizia, eu não havia nascido para as pessoas daquele mundo, muito menos para maldade que os cercava. Como meu irmão dizia, "eu queria poder te trancar no meu porão e cuidar de você, você é apenas uma boneca frágil de porcelana e não vai demorar muito para alguém querer brincar com você." Ele estava certo, não demorou para alguém aparecer e brincar comigo...

- Quando estará livre? _O pálido se pôs a minha frente. A aula já havia acabado restando apenas eu, ele e alguns de seus amigos na sala de aula. 

- Hum? _Murmurei tirando os fones. - Ah o trabalho. _Seus amigos riram recebendo um olhar feroz de Suga, eu apenas cocei a cabeça. - Bom eu não posso me atrasar pro trabalho. _Parei por um segundo pensando e recolhendo meu material. - Tudo bem pra você amanhã as 16hrs, na biblioteca do Campus? 

- Sim por mim tudo bem. _Sorriu. 

Ah mal sabia eu, mas aquele sorriso seria minha maior perdição, meu maior medo e meu maior arrependimento. 

Seus sussurros baixos dizendo, me ame, me ame. 

Isto é tudo que eu peço, me ame, me ame.

Continua...(?)

°Não esqueça de deixar sua estrelinha!⭐