Sede

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Eu tenho sede

Sede por um futuro imprevisível

Que não me permita cair na monotonia

Que seja inconstante e impensável

Eu tenho sede

Por momentos incalculáveis

Por sensações inéditas 

Por singularidades

Eu tenho sede

Em eternizar

Em ver o nascer do Sol

Eu tenho sede

Daquele café tórrido

Que me queima os lábios

Eu careço dos aromas matinais

Que tornam-se tão banais

Diante da rotina turbulenta

Eu enalteço o pássaro que canta às cinco horas da manhã 

Pelo simples fato de esbanjar fulgor

Precisamos de vivacidade

De pessoas que tenham coragem de fazer valer

Que não pedem licença

Gente que oscila 

Que aspira metamorfoses

Gente intensa 

Que não só enche o copo

Como transborda

A estabilidade vem da felicidade, meu bem

Eu tenho sede por viagens figuradas e reais

Se é que me decifra bem

Eu tenho instância por mudanças que se encaixam 

Por olhares que se afagam 

E sorrisos que se entendem

Eu tenho pressa para sentir a liberdade 

Que virá paulatinamente

Eu tenho medo

Medo de me deixar seduzir pelo imutável

Medo de parar de arriscar

Medo de ter medo de arriscar

Medo de ousar a me aventurar

Eu tenho medo que a idade me tire a petulância de lutar

De esbravejar pelas minhas opiniões

Eu tenho medo que essa tal vida adulta me corrompa

Me aquietando na famosa zona de conforto

Todavia é tanta sede

Que é impreterível saciar

A estabilidade é um meio termo que eu não pretendo habitar

Moro nos excessos

Vivo do exagero

Se eu não cobiço, esqueça

Mas se eu quero, é inteiro.

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⏰ Last updated: Jul 02, 2018 ⏰

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