Eu tenho sede
Sede por um futuro imprevisível
Que não me permita cair na monotonia
Que seja inconstante e impensável
Eu tenho sede
Por momentos incalculáveis
Por sensações inéditas
Por singularidades
Eu tenho sede
Em eternizar
Em ver o nascer do Sol
Eu tenho sede
Daquele café tórrido
Que me queima os lábios
Eu careço dos aromas matinais
Que tornam-se tão banais
Diante da rotina turbulenta
Eu enalteço o pássaro que canta às cinco horas da manhã
Pelo simples fato de esbanjar fulgor
Precisamos de vivacidade
De pessoas que tenham coragem de fazer valer
Que não pedem licença
Gente que oscila
Que aspira metamorfoses
Gente intensa
Que não só enche o copo
Como transborda
A estabilidade vem da felicidade, meu bem
Eu tenho sede por viagens figuradas e reais
Se é que me decifra bem
Eu tenho instância por mudanças que se encaixam
Por olhares que se afagam
E sorrisos que se entendem
Eu tenho pressa para sentir a liberdade
Que virá paulatinamente
Eu tenho medo
Medo de me deixar seduzir pelo imutável
Medo de parar de arriscar
Medo de ter medo de arriscar
Medo de ousar a me aventurar
Eu tenho medo que a idade me tire a petulância de lutar
De esbravejar pelas minhas opiniões
Eu tenho medo que essa tal vida adulta me corrompa
Me aquietando na famosa zona de conforto
Todavia é tanta sede
Que é impreterível saciar
A estabilidade é um meio termo que eu não pretendo habitar
Moro nos excessos
Vivo do exagero
Se eu não cobiço, esqueça
Mas se eu quero, é inteiro.
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