Flip Flip

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Este conto foi feito para o concurso um conto de ouro tendo como base  a festividade do Natal. Espero que gostem. Se quiserem dêem seu voto e comentem. Beijinhos..... ❤❤

"Com amor você foi criado e só com amor poderá manter-se vivo. Esse mesmo amor poderá aquecer o coração do mundo inteiro. Será seu dever Plif. Receba amor e o doe".
A criaturinha escutou essas palavras em sua mente. Foram as primeiras que ouviu. Nasceu de um sonho bom de um sorrizo despretensioso.
Nasceu de um amor sem limites.
Seu destino foi a pequena Vila de Sérvia um lugar, dizem, esquecido por Deus. Veio com o vento, arqueando suas pequenas asas sem fazer esforço. Fazendo brincadeiras e sorrindo pelo ar.

A Vila de Sérvia não era muito grande lá do alto pôde fazer um mapa mental de todos os possíveis lugares onde poderia achar alguém para adota-lo. Desceu a grande praça da vila onde havia muitas pessoas e vários comerciantes com suas barracas de todo tipo de mercadoria. Ao pousar no chão Flip se sentiu como uma formiguinha. Era tão pequeno talvez as pessoas nem o notassem. Começou a saltar e balançar as mãozinhas peludas no ar. Uma garotinha o notou e correu a mãe chamar.
- É um Flip- disse a mãe espantada.
Outras pessoas a ouviram e se aproximaram curiosos. Flip fez uma saudação colocando a mão no coração e fazendo reverência. Deu seu melhor sorrizo, para depois piscar seus olhos de uma maneira super fofa então jogou os bracinhos pro alto como que pedindo colo balançando sua calda de um lado ao outro. As crianças bateram palmas admiradas mais então um homem carrancudo se pronunciou.
- Não vale a pena pessoal eu mesmo adotei o último Flip a dez anos e de nada adiantou ele morreu logo e a vila continuou a mesma. Não passa de uma lenda. Só servem para dar trabalho. -cuspiu as palavras.
Então a multidão se dispersou sem dar se quer uma segunda chance a Flip. Deixou seus bracinhos penderem, sentiu tristeza pois o último Flip não foi alimentado com amor. A família daquele homem não o tinha e deixou que morresse.
-Flip Flip - sussurrou tristemente. 

Mais não desistiu. Era época de Natal e sentia que a bondade despertaria em algum coração e poderia enfim cumprir sua missão. Levantou sua cabeça e deu seu melhor sorriso. Andou pela neve fria admirando a beleza das decorações natalinas era tão leve que mal afundava seus pezinhos. Resolveu bater a porta das mansões onde tudo era farto e assim talvez resolvessem lhe adotar pois teriam mais recursos. Fez uma "grande" placa com os dizeres VOCÊ PODE ME ADOTAR? E continuou sua missão.
Infelizmente em cada porta que bateu um grande não recebeu. Espantaram no com vassourada e até água fria jogaram. Então desistiu das pessoas  ricas que tinham bens de mais e amor de menos. Tentou então as classes médias e consequentemente falhou. Teve tratamento pior ao dos ricos tapas e chutes levou. E grosserias escutou. Seus olhos marejados de lágrimas tentavam sorrir e conseguiam pois não desistiria. Porém o tempo estava curto e já era véspera de Natal.
Foi então que tentou a classe dos pobres onde as pessoas tinham pouco mais que sabiam repartir. Muitas portas nem se quer se abriram. Alguns deram desculpas de que não tinham condições. Aquele mesmo homem carrancudo pois os cachorros pra espanta-lo. Pediram que tentasse as casas dos ricos onde teriam mais condições de acolhe-lo.
A criaturinha já se sentia fraca a placa em sua mão ficou pesada demais e começou arasta-la pelas ruas.  Já triste e quase sem esperanças murmurava baixinho. Flip Flip Flip Flip..

O crepúsculo da tarde ia caindo. Flip avistou num canto escuro da rua um lugar para se abrigar a noite. Lentamente caminhou até lá arrastando a placa consigo. Estava tão difícil caminhar, sentiu que já estava morrendo. Parou de repente pendendo a cabeça pro lado olhando com curiosidade. A alguns passos do telhado de metal ali sentado sob um colchão maltrapilho e coberto até os joelhos por uma coberta suja e rasgada se encontrava um menino. Seus cabelos talvez quando limpos fossem loiros e sua pele branca. Estava tão magro o pobrezinho que seus ossos da face eram tão evidentes quanto os de seus braços. Deveria ter só seis anos de idade,  não devia ter família estava ali abandonado a mercê de tudo. Plif viu quando seu rosto se virou um pouco então levantou sua cabeça e seus olhos se encontraram. Mesmo naquela situação o menino esboçou um sorrizo ao  vê-lo. Sorriu com seus olhos e seus lábios. Era verdadeiro.
- Acho que estou morrendo -disse o menininho sobresaltando Plif.

- E acho que você também está. Se quiser podemos morrer juntos. Não quero ficar sozinho. - saiu quase como uma súplica.
Plif deixou escapar a primeira lágrima desde que chegou a vila de Sérvia. Sentiu uma dor profunda em seu coração as maldades infligidas contra ele deixaram-no mais fraco   quando deu um passo na direção do menino caiu de cara. Mal podia se levantar mesmo sendo seu corpo pequenino e arredondado.
Mesmo em sua fraqueza extrema o menino foi ao seu encontro o envolveu em seus braços esqueleticos levando-o para seu colchão.

- Meu primeiro amigo - sussurrou o menininho para Plif. Deu a ele seu dedinho mínimo para que pudesse segurar. A mãozinha de Plif ainda era muito pequena mesmo diante da sua.
Plif conseguiu esboçar um sorrizo para ele é desejou ter mais tempo talvez pudesse fazer daquele menininho sua família mais não tinha mais forças.
-Você é meu amigo. - fez-se ouvir na mente do menino. Plif tinha esse talento pois não falava como nós.
Os dois sorriram. 
Logo pequenos flocos de neve começaram a cair tingindo de branco a rua recém limpa.
Perdendo sua consciência aos poucos Plif de repente sentiu algo acontecer em algum lugar por perto sentiu um coração se aquecer. Embora talvez fosse tarde demais não só a sua vida mais a do seu novo amigo também se extinguia.

Era manhã de natal. Plif completaria um ano de vida.- Meu aniversário- pensou. PENSOU? 
Abriu os olhos. Contemplou uma grande árvore de natal toda colorida com vários presentes embaixo. Sentiu o movimento de respirar a baixo de si. Se sentou e viu que estava no colo daquele mesmo menino de antes. Só que mais limpo e corado e certamente seu cabelo era dourado como o sol.
Lhe foi explicado mais tarde que já há  algum tempo uma velha senhora viúva  observava aquele menino querendo leva-lo para casa mais temia pela represália do povo. Porém naquela noite de véspera quando ela viu o menino e criaturinha se aproximarem num momento de tristeza e desesperança seu coração se aqueceu e perdeu o medo. Levou os dois para sua grande mansão. E cuidou deles. Dando- lhes carinho e amor.
- Ela me adotou Plif - explicou o menininho. - E eu adotei você - disse mostrando lhe a placa que antes estivera em sua pequena mão.
Nesse momento os dois começaram a rir em uma alegria contagiante e inocente. Plif voava pelo ar dando voltas e rasantes se sentindo leve como nunca. Logo a senhora Marri se juntou a eles dando-lhes abraços e beijos. Estavam tão felizes.

Naquele dia de natal Plif experimentou um amor como nunca imaginou. Conseguentemente todos na Vila de Sérvia tiveram seus corações aquecidos preenchidos com o mesmo. Na grande praça pública se reuniram para tudo que o natal poderia oferecer. E assim aconteceu o verdadeiro espírito do Natal que  reinou por todos os dias na triste, agora feliz, Vila de Sérvia.

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