📍2|a p r o v a d a ?|

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Minha mãe saiu à cinco horas atrás, já liguei e mandei mensagens para ela. Mas nem sinal desta criatura.
Em meio a pensamentos da minha nova vida, sigo até o meu quarto. Pego meu fone e um livro da estante, coloco uma música e começo a ler meu livro. Um tempo depois, ouço um barulho vindo da entrada de casa.

Deve ser minha mãe. -Penso

Deixo o livro na cama e vou até a sala de estar. Lá estava minha mãe, acabada e sem os sapatos.

— Mãe? O que aconteceu? Eu te mandei mensagens e até liguei, a senhora não retornou.

— Me desculpe Amber, Matt e eu estávamos ocupados. Estávamos comprando as passagens de nossa viagem, resolvendo as papeladas de sua futura casa e de seu carro. Enfim, muitas coisas para resolver. Ah, você vai ficar uns cinco anos sem presentes. Um carro e uma casa já estão de bom tamanho. - Ela faz uma cara alegre, mas ao mesmo tempo vazia.

— Claro mãe. Aconteceu alguma coisa?

— Nada de mais. Só de pensar que minha filha vai morar sozinha em uma cidade grande... me dá um aperto no coração. -Diz com lágrimas nos olhos.

— Ah mãe, não fique assim. A senhora e o Matt sempre poderão ir me visitar.

— Claro filha, claro. Agora, já está tarde. Eu vou me deitar, amanhã será um longo dia. Um conselho: Arrume suas malas e seus pertences logo, vamos viajar um dia depois de seu aniversário, não queremos nos atrasar "hein".

— Certo mãe, boa noite! -Acho que falei sozinha, já que na hora que eu a respondi, ela já estava seguindo para seu quarto.

~*~

Certo, o meu aniversário de dezoito anos é hoje. Já são onze horas da manhã e eu ainda estou em meu quarto. Deitada, imaginando minha nova vida.

Minha mãe deve ter ido ao Fórum, para mais um daqueles julgamentos maravilhosos que eu tenho vontade de ir. Assim que me estabelecer em Chicago, procurarei uma Faculdade de Advocacia. Seguirei o meu sonho e o do meu falecido pai. Ah, meu pai. Ele faleceu a três anos, por um horrível acidente de carro. Ele era um ótimo escritor, mas era um pai melhor ainda. Muito presente e carinhoso, não só comigo mas também com minha mãe. Como sinto saudade daqueles abraços apertados e beijos na testa, assim que ele chegava da Biblioteca onde trabalhava. Mas, a vida quis que nós nos separássemos e eu não gosto nada disso.

Me espreguiço e tomo coragem de levantar. Assim que coloco meu pé no chão, uma sensação gélida consome meu corpo. -Este piso deve absorver todo o frio do mundo, Meu Deus.- Sigo até o banheiro e tomo um longo e quente banho. Quando termino o que precisava fazer no banheiro, sigo novamente ao meu quarto. Pego uma roupa casual, para o meu almoço com minha mãe e Matt, arrumo o cabelo e desço para a cozinha.
Como já está bem tarde, decido não comer nada. Olho no relógio mais uma vez, já está quase na hora de ir ao restaurante que vou almoçar e comemorar o meu aniversário. Pego um casaco e sigo até o Restaurante, que fica há 3 quadras da minha casa.

Chego atrasada, como sempre. Procuro Matt e Carly e os encontro próximos de uma janela e bem no fundo do restaurante.

— Oi gente, desculpe a demora. Acordei meio tarde. - Dou uma pequena risada.

— Olá minha querida, como está? Está feliz por atingir a maioridade?

— Vou bem mãe! Estou muito feliz, mais ainda com o fato de que vou morar em uma cidade maravilhosa, que eu sempre sonhei em conhecer. - Abro um largo sorriso e me sento na cadeira.

— Que bom Amberly! Sua mãe e eu compramos nossas passagens e embarcaremos amanhã, no período da tarde. O voo demora em média 1 hora e 45 minutos. Sua casa fica próxima à Faculdade de Chicago e poderá cursar ...

— Como assim? Eu não recebi a Carta de Aprovação da Faculdade de Chicago. Como vou cursar Advocacia em uma Faculdade que eu não fui aceita?

— Acalme-se Amber, quem disse que você não foi aceita?- Ela diz pegando a sua bolsa e tirando uma carta.

— Ah Meu Deus, eu passei? - Pergunto a ela, com uma cara alegre e com os olhos cheios de lágrimas.

— Sim minha filha, você conseguiu. O seu esforço valeu a pena. Meus parabéns! - Ela se levanta e vai até o outro lado da mesa me abraçar.

Abraço minha mãe, com a maior intensidade e ela retribui, limpando minhas lágrimas de felicidade. Matt, logo em seguida se levanta e nos abraça também. Se o restaurante inteiro olhou para aquelas três pessoas abraçadas no fundo do restaurante? Mas é claro! Eu nem me importei, só queria passar aquele momento com minha mãe.

— Parabéns Amberly! -Diz com um sorriso no rosto.

— Pode me chamar de Amber, Matt. E muito obrigada, tanto pela minha viagem como por estar sempre apoiando a minha mãe em todas as suas decisões.- Ele acena com a cabeça e dá um beijo na bochecha de minha mãe.

— Agora, que Amber sabe da novidade, podemos pedir o almoço? Estou morta de fome. -Carly diz com uma expressão cansada no rosto.

— Claro querida! Garçom? - Pedimos nossos pratos e esperamos eles chegarem.

Comemos falando sobre o trabalho da minha mãe, de nossa viagem, da casa onde eu vou morar, de como eles arrumaram tudo em 2 dias e como minha mãe sentiria a minha falta.

— Matt já pagou a conta Amber, vamos para casa?

— Claro mãe! - Ela passa o braço pela minha cintura e me leva até o carro.

O caminho todo eu escutei minha mãe no telefone com algum cliente e o Matt trocando de rádio o tempo todo.
Quando finalmente chegamos em casa, minha mãe pediu para esperar na sala enquanto termina de falar com um cliente. Matt já tinha ido, disse que iria arrumar sua mala para a viagem de amanhã.
Depois de uns vinte minutos esperando minha mãe, ela finalmente apareceu.

— Desculpe a demora, Amberly. Um cliente não entendia que eu ia tirar duas semanas de folga.

— Não foi nada mãe, o que queria falar comigo?

— Na verdade, queria te parabenizar pelo aniversário e te dar um presente.

— Obrigada mãe, mas outro presente?

— Não foi eu que comprou. Sua avó me deu quando completei 18 anos. - Ela foi até a estante da sala, pegou uma caixinha e me entregou.— Abra Amber!

Abri a caixinha e me deparei com um colar, ele possuía uma pequena pedra azul, que brilhava quando era colocada próxima ao Sol. Minha mãe explicou que aquele colar, foi feito pelo seu tataravô, que deu a sua tataravó e agora é uma herança de família. A pedra simboliza o amor e a proteção da pessoa que usa o colar.

— Muito obrigada mãe! Eu adorei.

— Que nada filha, este colar já era seu assim que soube que teria uma filha. Agora, vou arrumar a mala para a viagem e depois vou até o escritório organizar alguns papéis e dar folga para alguns funcionários.

— Certo mãe, vou dar uma volta. Preciso olhar para essa cidade pela última vez!

— Tudo bem, volte até às seis da tarde, não quero que nada de ruim aconteça com você! -Ela fala com uma expressão de preocupação.

— Ok mãe! - Pego novamente meu casaco e saio para dar uma volta nesta cidadezinha sem graça.

~*~

Duas Faces de Um AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora