Capítulo Único

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Veja, você trouxe o melhor de mim
Uma parte de mim que nunca tinha visto
Você pegou minha alma e a purificou
Nosso amor foi feito para as telas de cinema...

Kodaline - All I Want

Irritantemente a pouca claridade no quarto — a qual havia me despertado —, consequentemente ainda tão cedo, ocasionava comigo jogando alguns xingamentos ao ar, sendo retrucados com uma curta risada conhecida. Que me obrigou, além do sol em meu rosto, a despertar por completo.

— Bom dia, Kacchan! — disse ainda sorrindo, como se aquele fosse um detalhe crucial para iluminar ainda mais seu rosto.

"Estupidamente belo; graciosamente iluminado."

— Bom dia — a voz rouca pelo meu recente despertar, não escondia completamente a irritação causada pelo mesmo — Quanto tempo...

Não pude ou consegui terminar de dizer, quando Izuku interrompeu-me, deixando um selar nos meus lábios — infelizmente breve demais —.

— Não seja tão estressado ainda de manhã, Kacchan — sussurrou rente aos meus lábios e antes que eu pudesse trazê-lo de volta para perto, o mesmo se afastou — Ainda é cedo e acordei á pouco também.

Bufei irritado, ao confirmar que acabara perdendo mais algumas horas de sono calmo e tranquilo. Acordar cedo estava entre as coisas que odiava fazê-lo, mesmo com a necessidade que poderia haver sobre aquela ação.

— Deku? — tive para mim novamente a atenção de seus olhos, mesmo já sendo um adulto com todos os quesitos para se classificar como qual. Aquelas orbes esmeraldinas ainda mantinha sobre si o mesmo brilho e sagacidade determinada, as quais eram suas principais características a meu ver. Mas, principalmente porque continuavam neutras e puras, como da primeira vez que eu fora capturado por aquele olhar.

O olhar que me salvou de mim mesmo.

— Kacchan?! — Só percebe que tinha afundado em meus próprios pensamentos, quando encontrei a face curiosa de Midoriya me observando, perigosamente perto para quem ansiava sempre por mais e mais dele.

— Fica em casa — ditei simplista, enquanto minha mão percorria de forma lenta pelo seu rosto com algumas sardas, como se eu o estivesse desenhando. Quando na realidade só estava mais uma vez memorizando cada ponto ou linha que o compunha.

— Você sabe que não podemos — retornou calmo a negativa, enquanto fazia menção de levantar da cama. O puxei antes que concluísse, o fazendo cair sobre mim.

— Kacchan? — entonou confuso, era possível notar o ponto de interrogação pairando sobre sua cabeça, se eu me esforçasse para isso.

— Ainda é cedo Deku, então apenas fique aqui — falei como se fosse o óbvio, enquanto tentava me ajeitar melhor ao seu lado, ouvindo mais uma vez naquela manhã seu riso — agora — tanto abafado soar, aquele que por diversas vezes, despertava em mim vontade de retribui-lo da mesma forma, sorrindo.

Sabia que não conseguiria dormir novamente, então apenas me ocupei, aproveitando pelo raro tempo sereno que me era oferecido, antes que as demais obrigações invadissem o quarto a chutes obrigando-me a cumpri-las.

Sentia os dedos de Izuku contornarem meu peito em pequenos círculos, e por algum tempo apenas nos ocupamos em aproveitar aquela pausa pela nossa rotina incansável e sem descanso. Por alguns minutos eu me confortei no calor do corpo alheio, em busca da minha paz, a qual ele sempre me proporcionava.

Inacreditável como era injusto a maneira que havia dele me confortar ou desarmar, até mesmo no silêncio sem nada ser dito ou feito. Midoriya possuía o dom que poucos — ou ninguém — tinham que era relevar e trazer a tona a melhor parte que poderia haver em mim, da mais bondosa combatente ao caos e destruição na qual eu já me assemelhava.

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