Zero. Parte 1.

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O ano era 1996, mais um dia comum na grande cidade de Nova York.  Ruas cheias de carros e suas buzinas, as calçadas cheias de pessoas correndo de um lado e para o outro, lojas com fregueses, e prédios apontando para o céu.

   Em uma dessas calçadas andava um homem comum, com roupas sociais comuns e um sobre tudo bege para se proteger de um fim de tarde de outono. Usava uns óculos pretos sobre os olhos castanhos e tinha o cabelo da mesma cor, penteado para o lado. Mais um cidadão andando na calçada. Ele enfiou a mão na sacola de papel que carregava, e entres as compras que tinha feito tirou uma maçã, extremamente vermelha, e a mordeu. Usou a manga do sobretudo para limpar o suco que escorria no canto da boca. 

    Ele virou uma esquina e entrou em uma alfaiataria. O sino em cima da porta tocou, chamando a atenção do dono atrás do balcão. O dono devia ter uns 55 anos, os sinais da calvície eram evidentes, e tinha um grande bigode em cima do lábio. Virou-se para ver o cliente e abriu um sorriso. 

   - Senhor Hartman! Há quanto tempo. - O tal senhor Harttman sorriu de volta para o senhor de bigode.

    - Já falei mil vezes para me chamar de Daniel, Louis. 

    Louis abriu a boca e deu um tapa na testa, em um gesto teatral demais. 

    - Claro, como pude me esquecer? - ele deu outro sorriso e Daniel retribui - O que posso fazer por você Daniel? 

    - Eu preciso de um smoking, pra daqui a duas semanas. Você consegue fazer a tempo?

    Louis levou a mão ao peito e abriu a boca.

    - O senhor me ofende com essa pergunta, Daniel. - levantou o dedo indicador para o alto e o balançou - Eu consigo em uma semana com tempo de sobra!

    - Eu sei que consegue. - Daniel sorriu levemente - Mas eu só preciso pra daqui duas semanas, não tem por que ter pressa. 

    - Muito bem então, duas semanas serão. Ainda são as mesmas medidas do terno de mês passado? Parece que você ganhou preço recentemente.

    Daniel levou a mão ao peito e abriu a boca, imitando o gesto de Louis.

    - Você me ofende com essa suposição, Louis. - ele e o alfaiate riram - Sim, são as mesmas medidas. Eu vou indo Louis, volto em duas semanas. Até. 

    - Até senhor Hartman.

    Daniel parou com a porta aberta e olhou para Louis, levantando as sobrancelhas.

    - Desculpe, desculpe. Força do habito. Até Daniel. 

    Daniel sorriu e fechou a porta atrás de si, fazendo o sino badalar novamente.

    Quando ficou sozinho, Louis respirou fundo e arregalou os olhos. Ele gostava de Daniel, era um cliente regular fazia tempo, um dos poucos e sempre conversa vem enquanto Louis fazia seu trabalho, diferente de alguns que ficavam calados e de caras fechadas enquanto ele trabalhava. Mas tinha alguma coisa em Daniel, alguma coisa no olhar, na aura envolta dele, Louis não conseguia explicar o que era, mas deixava-o assustado. E poucas coisas assustavam Louis, que fora um tenente dos fuzileiros, a muitos anos atrás, pegando dispensa por uma fratura no joelho direito, que o fazia manco. Mesmo o sorriso fácil que Daniel distribuía para todos, Louis achava algo forçado, como se fosse uma fechadura, protegendo qualquer coisa que Daniel escondesse lá dentro. Louis resolveu parar de pensar nisso e voltar aos ternos. Eles não se fariam sozinhos. 

    Daniel chegou a sua casa, uma cassa de paredes brancas, telhas pretas e uma cerca branca ao redor da are da casa. Era uma casa comum e era igual a todas as horas casas daquele bairro suburbano em estava. Ele chegou a porta, com um sorriso, virou pro lado esquerdo e acenou para sua vizinha, que chegava do trana lho. Olhou para o lado direito, enquanto fingia procurar as chaves, e visto que não tinha ninguém por perto, ele se transformou. Os olhos simpáticos viraram olhos ameaçadores e ao mesmo tempo calmos. O sorriso que todos adoravam desapareceu. Em uma fração de segundos um homem normal virou um homem completamente ameaçador. Ele colocou a mão dentro do, sobretudo e tirou uma pistola preta, mantendo ela perto do corpo. Enquanto segurava a sacola com o antebraço esquerdo, usou a mão esquerda para girar a maçaneta, entrou na casa, apontando a arma para nada e ninguém. Fechou a porta com um chute, e andou devagar, até a parte aberta da parede que levava pra sala, virou rapidamente e vasculhou o cômodo. Limpo. Virou para o outro lado, e apontou a arma para o topo da escada. Limpo. Desceu os dois degraus que tinha subido e foi em direção a cozinha, lentamente, com a arma em riste. Entrou nela e fez o mesmo que nos outros cômodos. Limpa. Deixou a sacola no balcão no centro da cozinha e subiu pro segundo andar. Estava limpo também. Ele ficou um pouco mais relatado. Só um pouco. 

     Bom... Eles ainda não me acharam. Pensou. 

    Ele desceu pra cozinha e guardou as compras do dia. Dirigiu-se para a escada que levava para o porão. Abriu a porta e ascendeu a luz. Apenas um porão como outro qualquer, com coisas velhas, o disjuntor da casa, o aquecedor, e alguns ratos. Ele foi até um armário enorme que tinha em uma parede e abriu as portas que eram do tamanho dele. O armário estava vazio. Ele tirou a parede de dentro do lado direito, revelando um painel com números. Ele digitou: 8. 2. 4. 6. 5. 5. E o fundo do armário se soltou. Ele colocou a parede do armário de volta e abriu o fundo, que dava pra uma escada de uns 30 degraus. Entrou na escada e fechou a porta do armário. Desceu até outra porta, essa de ferro, e com leitor de retina. Ele tirou os óculos, e aproximou o olho direito. Um raio verde passou por ele e a porta se destrancou. Ele entrou no recinto escuro e fechou a porta de ferro. Uma a uma, devagar, as luzes se ascenderam, iluminando um lugar espaçoso. A direita tinha uma mesa, com armas desmontadas jogadas por cima dela. Na parede em frente a mesa, inúmeras folhas de papel, pedaços de mapas, artigos recortados de jornais estavam colados na parede. Em cima deles a foto de cinco homens. Daniel olhou para eles e parte direita superior de seu lábio se retorceu, em uma cara de nojo. Do lado esquerdo tinha um mini- centro de treinamento, com pesos, banco para supino, barras, um saco de areia e um boneco de madeira. E no fundo, uma grade enorme, cheia de fuzis, metralhadoras, pistolas, granadas, Snipes, lança-foguetes, espadas, bastões, facas. Um verdadeiro arsenal. Do lado da entrada, tinha um cabide iro, onde ele pendurou seu, sobretudo, terno, camisa, gravata e o cinto, ficando só de calça, mostrando um tronco e braços cheios de buracos de tiros, cortes de facas, lugares onde um osso quebrado perfurou. Até marcas de chibatadas nas costas ele tinha. Ele foi até uma pia que estava atrás da mesa, tirou os óculos e lavou o rosto, pondo o cabelo pra trás com as mãos molhadas. Estava completamente diferente do homem comum que andou pela rua e trabalha de gerente do Walter´s Clube, uma rede de lojas enorme, que vendia desde um simples chiclete, até carros. Ele enxugou o rosto, e foi pra mini-academia, se exercitar. Duas horas depois, extremamente suado, ele e sentou-se à mesa, e começou a limpar uma Magnus 44 cano longo, totalmente preta. Sua arma favorita. Enquanto limpava ele olhou para uma coisa escrita em cima dos papeis e fotos na parede. Omnes. "Tudo" em latim. Ele olhou para cada foto, para cada homem, com uma cara de mais puro ódio.

    Eu mantenho minhas promessas. Eu vou matar todos vocês, seus filhos da puta. 

   Ele deu um tranco pra trás com o pulso, fazendo o tambor da Magnum se encaixar com o resto da arma e rodar, ele mirou na foto do topo e atirou, fazendo um buraco na parede e na foto. Na testa do homem também. 

                                                                       Fim da primeira parte. 

    

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⏰ Última atualização: May 23, 2014 ⏰

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