Na maravilhosa cidade de Londres, existe perfeição, príncipes encantados, e contos de fada reais. As pessoas daqui são boas, não são egoístas, sempre ajudam o próximo, e colocam os outros sempre em primeiro lugar. Em Londres não existe preconceitos, tabus, e todos são aceitos igualmente, sem desigualdade de classes. Não existe maldade, nem pessoas de má fé. Enfim, por fim, toda via, de qualquer forma, é lógico que essa ''Londres'' não existe, não nesse livro.
Agora vamos falar da verdadeira Londres, por fim, toda via, e de qualquer forma.
Me chamo Amália, mas todos me conhecem por Amy. Tenho 18 anos, e por fim, acabei o colégio. Eu não era uma das garotas mais populares de lá, tudo por causa do meu peso um pouco acima do normal. Pois então, eu não me encaixava junto com as outras garotas ''normais'', ou mais bonitas. Ninguém nunca quis ficar comigo por conta da minha aparência. Mas tudo bem, eu sei que o mundo dá voltas, e um dia todos iriam pagar por isso. Mas enquanto isso ainda não acontece, eu estou aqui, pensando em como consegui passar dessa fase horrível da minha vida. Não é fácil ser odiada por todos, não ter muitos amigos, ou nenhum amigo, e muito menos, saber que todos riem de você pelas costas. Que quando vão fazer uma festa, não te chamam. Que você é xingada de todos os nomes possíveis, pela frente mesmo. Não entendo como ás vezes o ser humano pode ser tão terrível, quase que desumano. Mas enfim, não vou ficar de drama, porque isso foram águas passadas, e eu tenho que seguir em frente, como qualquer um deveria fazer.
Exatamente as 7 da manhã meu despertador começara a tocar. Lá estava eu, totalmente coberta com um edredom azul celeste, numa pequena cama de madeira escura, num apartamento minúsculo todo branco, com poucos móveis monótonos e de cores totalmente distintas, não combinando com o resto do apartamento, como um sofá pequeno e vermelho, estante de livros preta, e poltronas verde musgo, um horror. Não estava com vontade nenhuma de levantar, porque era segunda-feira, mas eu era obrigada a fazer isso, afinal, era o meu primeiro dia de trabalho numa agência de jornalismo, e eu tinha que dar uma boa primeira impressão. Então, estiquei meu pequeno braço para fora do edredom e desliguei meu despertador, que estava em cima da cômoda marrom escuro ao lado da cama, pelo menos uma combinação decente nesse apartamento vazio.
Rapidamente me levantei da cama num pulo só, joguei o meu edredom em cima do travesseiro e fui correndo para o banheiro. Escovei os dentes, e depois fui correndo para a cozinha preparar um café na minha xícara de ''Friends''. Enquanto isso, dei outro pulo até o quarto, abri o guarda-roupa marrom escuro com as portas caindo, e vesti uma blusa social branca, blazer marrom claro e saia lisa da mesma cor, e sapatos brancos, devidamente combinando. Disso eu podia me gabar, afinal, me vestia muito bem, e só precisava de dinheiro para redecorar meu apartamento. Após me vestir, peguei minha bolsa Chanel branca, que ganhara da minha tia rica que morava em Nova Iorque, e fui para a cozinha tomar meu café. Depois disso, saí do apartamento e peguei o metrô.
Estava muito nervosa, e cheguei a pensar: - Será que os jornalistas que trabalham lá irão gostar de mim? Ou as pessoas iriam me odiar de novo, que nem na época do colégio? Suspirei fundo, de uma forma que parecia tentar arrancar toda a angústia do meu coração. Chegando no destino, desci do metrô e fui andando ligeiramente, porque eu não queria me atrasar. Quase que tropeçando, cheguei em frente a agência. Era um prédio muito elegante e meio alto, todo decorado com vidro fumê e uns detalhes em prata. Me aproximei, puxei a grande porta de vidro e entrei. Fui falar com a secretária, que rapidamente me levou para outra porta de vidro, aonde haviam todos os jornalistas trabalhando em seus computadores, e é claro, a sala do chefe. Passando por todos, percebi que estavam muito ocupados para repararem na minha aparência, e me acalmei um pouco. Chegando em frente a sala do meu chefe, a secretária abriu a porta dele e disse: - Senhor Walter, acabou de chegar a nova jornalista. – Ótimo, pode mandá-la entrar, por favor. Disse Walter.
Então a secretária me deu licença e eu entrei. – Por favor, sente-se. Disse Walter. – Obrigada. Eu disse. – Então, seja muito bem-vinda a nossa agência de jornalismo. Tomara que você se adapte, e faça um bom trabalho. A secretária Dayse vai lhe acompanhar até a sua mesa de trabalho. Enfim, sinta-se a vontade para tomar um café em seu horário de intervalo também. Disse Walter. Eu agradeci, e fiquei muito feliz de ter um chefe tão simpático e atencioso, tomara que as coisas permaneçam assim. Saindo da sala do meu chefe, fui direto ao banheiro ver como eu aparentava estar. Cheguei na pia e me olhei no espelho. – Bem, nada mal, nada mal mesmo. Eu disse. Abri minha bolsa Chanel e peguei um pente, e comecei a pentear meus lindos cabelos loiros naturais. Depois peguei um rímel e destaquei meus olhos azuis piscina, e pensei: - Meu rosto é a única coisa de bonito em mim. Fiquei triste por uns segundos, mas depois me recompus. Então peguei minha bolsa e fui falar com a secretária para saber aonde era a minha mesa, e começar a trabalhar, finalmente. Depois de um dia de trabalho meio puxado e um pouco entediante, saí da agência e peguei o metrô. Não queria voltar pra casa, porque aquele apartamento até me deixava mal, então resolvi ir direto para um bar. Chegando lá, entrei por uma porta preta e me sentei em um banco e coloquei minha bolsa no balcão. Fiquei apreciando o lugar, que estava bem vazio por sinal, mas também, eram 18:30 da tarde ainda. Estava tocando uma música do Velvet Revolver, que era a minha banda preferida, mas eu não queria dançar sozinha, então continuei sentada. Virando meu rosto pra lá e pra cá, reparei nas únicas pessoas do bar, que mais pareciam aqueles motoqueiros estilosos, bebendo Duff, e cada um com uma mulher diferente sentada junto a mesa. Então me viro para o barman e peço uma água. Quando me desviro novamente, vejo que um homem estava entrando no bar. Na hora me imagino aos braços dele, porque eu era a garota mais carente daquele bar, ou da cidade inteira, e que sempre ficava tendo esperanças com qualquer um que aparecia na minha frente. Mas de repente, vejo ele mais na claridade, e percebo que ele não fazia o meu tipo. Ele tinha os cabelos negros e os olhos também, era alto, mas era magro, muito magro, que chegou até me dar pena. O rosto dele era normal, mas tinha um enorme nariz e orelhas que mais pareciam duas colheres. Ou seja, nada de atrativo. Então na hora disfarcei, peguei meu celular que estava na bolsa, e fingi estar trocando mensagens com alguém, só não sei com quem eu estaria fazendo isso, ninguém quer ter o meu número, muito menos bater papo comigo. E então me deu uma enorme tristeza, de que eu estava completamente sozinha no mundo, sem ninguém. Estava quase escorrendo uma lágrima dos meus olhos, quando de repente, me deparo com uma cena, algo inacreditável, aquele cara feio estava sentado numa mesa, rodeado de mulheres, que eu não sei da onde surgiram, pedindo bebida para todas, e elas se oferecendo sem disfarçar, para ele. Aquilo foi o cúmulo pra mim. O que será que ele tem que todas adoram? Não é possível, ele não é atraente. Então eu fiquei encarando aquela cena por mais alguns segundos, tentando descobrir, quando de repente o barman me dá um baita susto, dando um pequeno tapa nas minhas costas e dizendo: - O que foi, hein? Está vidrada no pegador lá? Você também quer ele? Então, assustada e meio atordoada daquele tapa, digo: - Ah... não, é que...eu... ah, sei lá. Falo gaguejando. – O que foi? Não consegue admitir que está afim dele? Diz o barman. – Não, não é isso. É que... como ele consegue atrair tantas mulheres, sendo que ele é fe... – Feio? O barman me interrompe. – É... Não queria dizer isso, mas já que você falou. Eu digo. – Bem, dinheiro, carros, mulheres, casas, viagens. Isso te responde? Ele é um cafajeste, um amante sem compromisso. Ele não é homem de uma só mulher. Ninguém nunca conseguiu laçar ele. Mas, agora ele... Laça todas, laça até a sua mãe, se você deixar. Barman disse. Fico eufórica de tantas informações e assustada. – Meu Deus! Mas como você sabe disso tudo? Eu digo. – Brant é nosso freguês aqui nesse bar. Eu o conheço muito bem. Há anos ele é assim, e sempre trás as ''mulheres dele'' aqui. Mas por favor, não se meta com esse cara, a não ser que você seja uma vadia em busca de prazer. E eu acho que você não é isso, certo? E também, você não faz o tipo dele. Ele fala me olhando de cima a baixo. Meus olhos quase transbordam de lágrimas, mas eu digo escondendo o rosto: – Ah, quer saber? Pega aqui o dinheiro da água, porque eu vou embora. Totalmente magoada, pego a minha bolsa do balcão e saio correndo do bar, não querendo ouvir nada do que o barman tinha a dizer. Passo pela porta do bar e chego na calçada, chorando muito, quase entrando em desespero. Quando então, avisto um táxi de longe. Rapidamente enxugo minhas lágrimas no meu blazer, e faço sinal para o táxi parar. Então entro no carro, e peço para o motorista me levar até em casa. No caminho fico olhando pela janela, e imaginando toda aquela cena humilhante de novo. Então eu penso: - Droga! Não vou conseguir tirar isso da cabeça tão cedo. Quando enfim chego em casa, pago o motorista e saio do carro. Vou andando até entrar no prédio e pegar o elevador. Já dentro do elevador, me olho no espelho dele, e vejo que o meu rosto estava todo manchado de rímel, o que me fez ficar com mais vontade ainda de chorar, tanto de tristeza, quanto de ódio. Chego no meu apartamento, tiro os sapatos, deixo-os jogados em frente a porta, e me jogo na cama, junto com a minha bolsa. Abraço o meu travesseiro e começo a chorar loucamente, chorar por tudo, lembrar de tudo. Quando de repente, adormeço em meio a uma poça de lágrimas que estavam salientes no meu travesseiro.
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Máscaras de Vidro
RomanceAmália é uma jovem garota de 18 anos que acaba de se mudar para a sua primeira casa em Londres, Inglaterra. Amy, como é conhecida, não possui os padrões de uma mulher considerada ''bonita'' na sociedade, ela está acima do peso. Com isso, vai encaran...