Acordei no susto de madrugada com Carol chorando muito.
— Oiii bebê, que foi? Sente falta dela né? eu também. estou firme por você, você é a minha luz todas as manhãs.
Ela ficou me olhando com aqueles olhos castanhos clarinhos brilhando, e eu percebi que farei de tudo pra dar o melhor futuro pra ela.
Continuei conversando com ela até que ela dormiu, coloquei ela na minha cama e apaguei junto com ela.
Acordamos 7 hrs da manhã, fiz a mamadeira dela e percebi que o leite dela já estava acabando, dei banho, e coloquei ela no carrinho do meu lado pra tomar café, que era só pão e suco, únicas coisas que tinha pra comer de manhã.
— Tô vendo que vou ter que arrumar um emprego, não posso deixar minha irmã passar fome.
Fui tomar banho enquanto ela dormia, me arrumei normal, short, blusa e rasteirinha, peguei meu bebê e fui na minha tia, vê se ela poderia olhar a Carol algumas horinhas até eu ir na rua.
— Tiiiia? — chamei ela, que demorou um pouquinho pra abrir a porta.
— Oi minha flor, Oiii Carolzinha, entra.
—Tia Cris, a senhora pode olhar a Carol pra mim dar uma saída rápida?
— Claro minha filha, vai aonde?
— Tia, eu preciso arrumar um emprego, não tem nada pra dar pra Carol lá em casa, não tem fralda, leite, nada, nem pra ela nem pra mim e pro meu pai, quem sem contar, não vai em casa tem 3 dias, eu preciso fazer isso não por mim, mas pela Carol, ela não merece sofrer desde cedo.
— Filha, você é muito nova, não vai arrumar emprego nenhum agora, eu vou ajudar vocês com dinheiro, não é muito, mas dá pra alimentar vocês duas.
— Eu aceito enquanto não arrumo nada tia, mas eu preciso tentar pela Carol. Eu amo a senhora, obrigada de verdade. — dei um beijo nela e fui ver se conseguia alguma coisa.
Eu já tinha passado em quase todos os lugares pra tentar alguma coisa, e todas as respostas foram as mesmas. "Você é nova demais, não posso te contratar". Iria tentar na padaria, o último lugar para tentar. E cá estava eu, tentando conversar com o Sr. Jorge, dono da padaria.
— Você é muito nova menina, como vou te contratar? Por mais que eu precise também, é difícil.
— Sr. Jorge eu faço tudo, até mesmo lavar os pratos ou o chão, eu preciso desse emprego senhor.
— Você não se acha nova demais pra estar procurando emprego? — uma voz que eu já tinha ouvido antes disse isso, olhei e pude ver PH de braços cruzados em minha frente. Esse cara tá achando que só porque é dono do morro é dono dos moradores também?! Engoli seco e o respondi com a maior confiança que consegui expressar:
— Eu preciso desse emprego. — senti minha voz falhar ao fim da frase, e o olhei na esperança dele me ajudar.
— Pode deixar que eu resolvo, Sr. Jorge. — ele disse e o senhor acenou e saiu, me deixando sozinha com PH. — Por que uma menina tão nova precisa tanto desse emprego? Tem vícios?
Ele só podia estar de sacanagem com a porra da minha cara! Que saco, mano. Respirei, respirei e respirei pra enfim responder.
— Eu me mudei pra cá a alguns dias. Meu pai não para em casa, tenho ficado com minha irmã de 2 anos mas não temos nem o que comer direito mais, e eu tô tentando me manter firme com a minha irmã. — disse isso de uma forma mais baixa que o normal, não sei muito bem o porquê e muito menos o porquê de ter dito isso logo pra esse cara.
— Qual nome do teu pai? — o encarei e pude ver talvez raiva (?) em seus olhos.
— Pedro. — pude ouvir uma risada e ele me olhou de uma forma que não soube dizer o que ele estava sentindo.
— Esse cara já tá na minha visão, vai rodar logo. — puta que pariu! não pude evitar minha cara de espanto. Primeiro minha mãe, agora ouço isso a respeito do meu pai?!
— Por... Por quê? — gaguejei ao dizer, minhas mãos estavam trêmulas.
— Devendo. O que tu tá precisando? — ele perguntou e bom, era difícil dizer tudo né.
— O principal é comida, o leite da minha irmã já está acabando e eu já não sei mais o que fazer. — disse aquilo envergonhada de certa forma, eu mal conhecia o cara!
— Me explica onde é tua casa e relaxa, para de procurar emprego e não se preocupa que vai ficar tudo suave.
Não sabia se deveria confiar, mas, o que eu tenho a perder a final? Fui com ele até minha casa e mostrei. Ele apontou pra casa de minha tia e pude ver ela do lado de fora me olhando, com a Carol nos braços.
— Aquela é sua irmã?
— É sim, e segurando ela é minha tia Cristiane. — ele deu uma risada, e eu o olhei incentivando ele a explicar o motivo da risada.
— Eu conheço a Cris, ela mora aqui a anos e bom, eu tenho que saber quem entra e quem sai.
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Destinos Cruzados
Teen FictionMorava com os pais em um apartamento em Ipanema, depois da morte de sua mãe, foi morar numa favela do Rio de Janeiro - a Rocinha - com seu pai e sua irmã, após a morte de sua mãe, seu pai se afundou nas drogas e bebidas alcoólicas até acabar com tod...